Para outra época

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Eu estava deitado no chão, acordando lentamente e abrindo os olhos. Via os pés de alguém se aproximando, depositando um prato de comida ao meu lado. Um sentimento de que algo havia ocorrido pairava no ar. Enquanto observava a pessoa se afastar após deixar o prato de comida, percebia seus lábios movendo-se, mas tudo estava envolto em um silêncio mortal, um silêncio que perturbava. Foi somente ao recordar de ter visto a grande boca de um palhaço gigante antes de desmaiar que minha visão e audição começaram a se restabelecer. A sensação de medo e pavor retornou quando percebi que não estava mais no mesmo lugar, nem na mesma época. Uma casa de pedras, com um leve cheiro de barro, e uma estrutura modesta em termos de altura indicavam que eu estava em um lugar diferente. O aroma da comida era tentador, e comecei a examinar o homem diante de mim. Ele vestia uma armadura de prata e malha.

— Que bom que acordou, está bem para responder algumas coisas? (??????)

Estava confuso e atordoado com o que estava acontecendo. Perguntava-me por que eu mesmo estaria atrás de mim e tentava remontar os eventos que me trouxeram até ali. As lembranças eram turvas, mas algo envolvendo palhaços e uma queda em algum lugar com neve parecia estar na origem do meu estado atual. Mesmo em meio à confusão, pelo menos conseguia lembrar quem eu era e alguns detalhes da minha vida. Ainda perplexo, voltei a mim para responder à pergunta da pessoa diante de mim. Apesar da confusão persistente, estava determinado a entender o que diabos estava acontecendo.

— Acho que sim... obrigado eu acho (Moises)

— Certo, não há o que agradecer, aqui está sua comida, eu te escondi por que você se veste de forma estranha, existem muitos por aqui que não gostariam de ver você, seu corpo não envolve magia, mas você é capaz... Por conta disso te perseguiriam, você já... Esperar você comer primeiro (??????)

Ele parecia ansioso com algo, queria me dizer algo, como estava realmente com fome. Eu não queria parecer desrespeitoso e ainda estava assustado, principalmente após ele mencionar que me perseguiram. Só então entendi bem o que aconteceu, e isso me deixou ainda mais assustado. Mesmo diante do nervosismo, a fome falava mais alto, e fui pegar a comida. Era algo como uma sopa, sem ser com caldo, parecia uma mistura, mas estava ótima para eu conseguir descrever. Enquanto comia, observava as roupas e armaduras ao meu redor, tentando situar-me no tempo e no espaço. Estaria no século XII? Ou talvez XV? A confusão era tanta que mal conseguia recordar em que época existiam os cavaleiros, só sei que é antiga, será que continuo em Folos. Recordava vagamente que fazia fronteira com três países: Bélgica, Holanda e Alemanha. Talvez, de alguma forma, também tangenciasse Luxemburgo. Lutava para lembrar os detalhes, mas agora não era o momento para isso. Precisava focar em minha situação atual. Os cristais existiam desde muito tempo. Lembro-me de uma conversa de bruxos na floresta quando voltei pela segunda vez. Então, eu precisava encontrar os daqui.

— Eu agradeço pela ajuda... Qual seria o nome? O meu fique sabendo que é Moises 

— O meu é Harold, Moises? Então meu palpite estava correto, não é daqui, o jeito que você fala é quase a de um estrangeiro

Espera, é verdade, eu estou entendendo ele perfeitamente, então devo estar em alguma época remota antiga da onde vivo, ou é alguma habilidade, não sei. Mas agora, parando para pensar, estou cada vez mais confuso. Caso não seja o país de onde estou, como ele sabe falar perfeitamente comigo?

— Sim, eu vim de muito longe, por isso procuro pela minha bussula... (Moises)

— Sim, ela está ali... serei breve e direto com você (Harold)

Ele aponta para mim onde ela estava e volta a olhar mais sério, parecia se tratar do que ele queria falar antes, ele quer alguma favor meu? Ou outra coisa, não sou nem prisioneiro de guerra não? E preciso voltar logo para o meu tempo, droga, estou pensando demais preciso me acalmar, e ter um tempo melhor para pensar nisso tudo, se um dia conseguir, preciso retornar de volta, se bem que aquela minha outra versão pode me encontrar aqui e estou totalmente a merce do fracasso, mas vamos lá

— Okay, pode continuar (Moises)

Me manteria concentrado nele, para não perder o foco ou demostrar que estava muito assustado, mas estava com a perna um pouco nervosa, mesmo sendo bem de leve

— É estranho demais você existir, eu sei que você faz parte dos Psychés, da parte Zoo, mas isso que é o mais estranho... (Harold)

— Espera que? (Moises)

Eu havia interrompido ele, por que não entendi direito do que eu fazia parte, e eu faço parte de algo? Grupo? Não entendi muito bem, foi inglês? Estava com um semblante no rosto que revelava que estava confuso 

— Entendi, seu rosto já revela tudo, bom, quando eu havia te salvado, você se defendeu sozinho dos soldados, eles começaram a pedir desculpas por saber que a pressão dos seus poderes é parecida com os Psychés e acharam melhor te deixar em paz, você seria o Lýkos, mas o problema existe ai, o que porta essa alma é no momento pertence à Catarina, não teria sentido você ter esse poder, existir sim, mas o poder não (Harold)

Agora estava despreocupado com o meu eu do mal por ai, mas era melhor pegar o máximo de informações possíveis, para assim ser melhor, estou cansado, mas é melhor do que lutar sem informações 

— Eu gostaria de você me explicasse um pouco mais, se puder (Moises)

— Sem problemas, existe no total 15 Zoospsy, sendo no até então presente momento, 11, visto que a tem alguns que foram banidos ao decorrer do tempo e só Deus dirá se haverá mais, entre os banidos estão Alepoú, Lagós, Drákon e Aetós, há alguns boatos que pode se retirada mais uma, Aráchni, prosseguindo, todos os 15 sempre vão nascer, na mesma época, vamos assim dizer, mesmo que um seja banido não impede da alma retornar... (Harold)

Estaria mostrando uma cara bem confusa, estava entendendo mais ou menos, mas eu acho que ainda não era o começo, e ele percebeu isso e resolveu mudar da forma como explicava

— Vamos lá, vou explicar brevemente o que são os Psychés, já que faz parte, mas não o todo, do que eles são. Preciso resumir, pois estou prestes a sair em missão. Deixe-me adiantar que você pode permanecer aqui; não é seguro sair sem controlar seus poderes. Os Zoo nascem de uma época indefinida, sem data específica. Não sabemos por que existem nem qual é seu papel na natureza. Dentro dessas 15 almas, cada uma escolhe um humano para conceder seus poderes. Qualquer uma delas pode ser a alma de Lagós, Lýkos, entre outros. No entanto, apenas uma delas representa, enquanto a outra, mesmo sendo um sucessor ou reserva, enfrenta um dilema. Essas almas podem escolher quantos quiserem, mas o problema é que, se Catarina está viva, você está restrito a usar esses poderes. Contudo, se você os utiliza com ela estando viva, significa que ou você não pertence a este tempo, ou é um erro. Peço desculpas por falar assim... (Harold)

Ele parecia está com um semblante mais triste no rosto e eu não sabia o que dizer, mas estava preocupado, no mínimo que eu poderia fazer, é tentar perguntar o que houve, ou não posso me intrometer demais? Na real, não sei mesmo o que fazer, nem sei se iria sair deste local com vida ou desta época, mas forças, você consegue, mas espera... o cristal volta em qualquer tempo que já passou ou no meu tempo? Ele viaja a frente? Uma coisa de cada vez Moises

— Você está bem Harold? 

— Meu filho era da alma de Kríket, por isso soube reconhecer a sua, estudei sobre isso, por mais que não seja minha obrigação, você tem sorte dos outros não terem conhecimento da sua alma pertencente, bom, meu filho acabou falecendo por depender do poder e do seu treinamento, ele treinou comigo durante 5 anos com os equipamentos e quis nos ajudar a enfrentar os monstros que assolam nosso reino... Bom, quando digo alma de animal, não quero dizer que literalmente a alma de um lobo, águia ou enfim saiu de algum animal escolhido, é algo abstrato, é uma fusão de magia e algo mais... como posso dizer, é algo vago, mas que ela tem a consciência o suficiente para decidir que humano escolher sim (Harold)

Estava começando a entender melhor, mas será que ele poderia me ensinar a usar esse poder, mas visto que treinou o filho para usar equipamentos, talvez seja algo limitado para ele ou vem da gente, a primeira vez que esse tal de Lýkos apareceu, foi contra a Vanda, ou melhor, antes dela, eu havia notado algo bem fraco nem sei por que havia aparecido... Eu ainda estou com esse canivete... Jkhol, creio que é isso, não conseguir roubar outros equipamentos

— Então deixa eu ver se eu entendi, não é a primeira vez que ouço esse número... sei de 15 bruxos do conselho não? Fazem parte desses Psychés? (Moises)

Ele parecia dar um sorriso de canto e rir um pouco, mas olha para mim agora mais diretamente

— Na verdade, sim e não, todos sabemos que o certo é dizer que sim, mas eles que gerenciam esse grupo então se consideram... melhores (Harold)

Ele havia dito em um tom baixo a parte dos melhores, mas eu rio e me lembro até da Vanda dizer que faz parte, será que é por família ou poder? Nem sei, será que eu tento?

— E tem uma tal de Vanda nisso tudo? (Moises)

— Estrangeiro de olho na Vanda? Se acalme garoto, ela é muito mais velha do que se imagina (Harold)

Meu olhar havia ficado num tom frio e ao mesmo tempo chocado, uma especie dos dois seguindo um do outro, estava bem confuso com isso, ele já desconfia que sou de outro tempo, mas por que está me explicando com muita clareza tudo?

— Nossa, realmente... já estamos até no ano... nossa até me esqueci desde que desmaei (Moises)

Estava falando de um jeito para tentar enganar a forma como fingia tentar lembrar de algo e ele apenas rir e se levanta

— 1307, dia 7 agosto, bom, agora já vou indo, e para você não dar problema, você precisa treinar e iria te ajudar nisso, você é bem fraquinho para ser direto, não quero o mesmo fim que meu filho teve, quero que você pelo menos saiba tecnicas de combate, não fuja

Apenas balanço a cabeça, ele havia ficado sério novamente e começou a subir as escadas. Após um tempo desde sua saída, decidi tentar invocar aquele poder cinzento nas mãos. Fiquei lá, persistindo, mas nada acontecia. Resolvi então pegar a bússola e começar a ajustá-la para localizar os cristais. Ao configurá-la, percebi que estavam muito distantes. Uma luz vermelha começou a apontar para oito direções diferentes, indicando que os cristais estavam separados. O vermelho significava uma distância entre 15 e 40 quilômetros. Uma longa caminhada me aguardava, mas decidi esperar pela chegada de Harold antes de agir.

Quando ele finalmente chegou, me repreendeu por não ter pegado algo para comer em sua casa. Ele preparou novamente uma refeição, e desta vez, compartilhamos a comida. Isso mexeu com meus pensamentos, preocupado com a ideia de que ele pudesse estar ajudando mais um estranho do que seu próprio filho, considerando o que ele havia mencionado anteriormente. No entanto, ele explicou que o treinamento começaria no dia seguinte, e eu senti que, apesar de ser necessário, não tinha muita escolha.

Mudei meu estilo de roupa e cabelo para me adequar, e o treinamento era focado em espadas de madeira, com Harold mesmo servindo como alvo. Ele pegava pesado, mas com o tempo, comecei a pegar o jeito. Os dias se transformaram em semanas, e sem perceber, já era dezembro. Harold se ausentava em diversas missões, às vezes demorando dias para retornar, mas o treinamento persistia.


Sei o que algumas poquissimas pessoas deveriam tá pensando, que eu havia desistido, mas não, não desistir, apenas faltava animo, forças, tempo e um ambiente digamos que, paz para eu escrever, mas é isso gente, depois de muito tempo sumido voltei e pretendo não demorar tanto nos capítulos, pretendo continuar até alguns que cancelei, espero que tenham gostado, e se vemos até em outro tempo

Até o próximo capítulo

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