Peachy • Hailee Steinfeld

give yourself some time

S/n decidiu receber Diana, a psicóloga, na área externa da casa que ela estava alugando junto de Charles; esse que estava fora de casa, em uma academia não muito longe de lá. Ele gostava de aproveitar as manhãs e se dedicar aos exercícios mas ele também queria dar mais espaço para S/n e Diana.

A psicóloga chegou alguns minutos antes do início da sessão, e S/n a recebeu educadamente. Logo as duas estavam na área perto da piscina, com a inglesa falando daquele que seria o tópico do dia; o relacionamento dela e de Hailee.

— Relacionamentos muito apressados ou que pulam fases podem ser prejudiciais à saúde mental, não é exatamente correto tomar decisões sérias no início do relacionamento, tipo a de vocês de morarem juntas — Diana disse assim que S/n terminou de falar sobre achar estar levando tudo rápido demais e explicar o que tinha acontecido.

— Não foi uma decisão realmente falada e conversada — ela explicou — Só aconteceu e nós não estávamos achando ruim no momento.

—  Ok, mas o início de um relacionamento costuma envolver emoções intensas e muita gente confunde intensidade com intimidade. Vocês levaram tudo muito apressadamente porque o sentimento ali era muito forte mas é importante estabelecer limites. É importante cada uma ter seu espaço e é importante aproveitar esse estágio inicial do relacionamento pra criar confiança e só então depois desenvolver a verdadeira intimidade — Diana disse.

— Eu entendi que algo não estava certo e então tinha ainda todas as questões dos meus relacionamentos anteriores, e... Eu reparei que  nas três brigas que tivemos tudo pra mim no momento ficou enorme, sabe!? Hm, como se tudo estivesse mais aflorado, se eu estava irritada eu estava realmente irritada — S/n falou, relembrando as situações mais tensas passadas com Hailee.

— Isso é normal. Com sentimentos positivos e intensos aparecendo tão rapidamente, é provável que você também vá experimentar a intensidade de sentimentos negativos em situações mais tensas. Agora, falando de como seus relacionamentos antigos estão afetando o atual, você tem medo de que a Hailee em algum momento "perceba" que a sua vida é demais pra ela?

— Sim...? — S/n deu de ombros e encarou as próprias mãos — Eu entendo que a minha situação e a dela é totalmente diferente...

— Porque ela tem uma vida muito parecida com a sua, certo? — Diana perguntou e S/n acenou positivamente — E as outras não tinham.

— Sim, mas não é algo que eu controle. Eu só- Eu penso demais e isso é quase um medo irracional, ele está lá e eu exagero tudo porque quando situações parecidas com as que vivi nos meus relacionamentos passados acontecem eu não consigo pensar direito e aí vem isso, essa coisa d-de "ok ela vai me deixar a qualquer momento."

— Você tem medo de ser deixada por ela, você tem medo da sensação do abandono? — Diana falou em um tom questionador e S/n assentiu mas aquilo não era um questionamento, aquilo era uma afirmação — Qualquer pessoa pode desenvolver isso, então não é algo de outro mundo. Esse sentimento pode estar profundamente enraizado em uma experiência traumática que você teve, no seu caso foram as situações nos seus relacionamentos passados e especialmente a situação com a Mac- Como é o nome dela?

— Mackenzie — S/n respondeu em um tom baixo, mal acostumada a já não falar aquele nome.

— Certo, Mackenzie. O fato de que ela largou tudo em um dia tão importante pra você e de um jeito tão cruel é o que te dá esse medo, você só não quer passar por isso de novo.

— Sim, mas isso é péssimo e eu fico... Eu vou ficar me impedindo de ser feliz por causa de algo que alguém fez? Uma pessoa que provavelmente nem se lembra mais o que fez.

— S/n, você buscou ajuda pra voltar uma pessoa melhor pra Hailee, pra ter um relacionamento saudável com ela. Você não tá se impedindo de ser feliz, você tá buscando essa felicidade sabendo que tem coisas que precisa trabalhar, e isso leva tempo, a gente só não sabe quanto ainda. O primeiro passo para superar seu medo é reconhecer por que você se sente assim, e isso a gente já sabe, agora é continuar trabalhando em cima disso.

(...)

— Como foi? — Charles perguntou assim que saiu do banheiro. Ele usava uma bermuda amarela e uma camisa azul e branca. 

Charles caminhou até o sofá e se sentou de frente para S/n, que ainda estava de pijama.

— Bom — ela sorriu de leve — Eu te falei já que a Diana faz tudo ficar mais fácil, ela sabe como conduzir nossa conversa e... — ela suspirou — Sei lá, é bom falar sobre tudo isso que me incomoda.

— E a Hailee? — o inglês perguntou.

— O que tem ela? 

— Já tem alguns dias daquilo tudo, vocês se falaram?

— Não, eu quero mais um pouco de tempo até a gente se falar de novo. É tudo muito recente, tem só alguns dias e não é porque eu estou começando a entender meus problemas que eu já estou ótima pra voltar a falar com ela.

— O que a Diana falou sobre isso?

— Sobre o quê? Sobre a Hailee? — Charles acenou que "sim" — Ela falou que é bom esse tempo entre a gente, que nós apressamos demais alguns pontos nesse início de relacionamento e que a distância vai nos fazer bem. Mas no final da sessão ela também falou que eu deveria falar com ela nessas próximas semanas, por mensagem ou por chamada mesmo, só pra atualizar sobre tudo.

— Ótimo — Charles sorriu de leve — E você vai fazer isso quando?

— Não sei, quando eu tiver coragem...? — ela deu de ombros — Mas eu vou fazer isso sim.

Charles se levantou do sofá e praticamente se jogou ao lado de S/n, envolvendo ela em um abraço apertado.

— Eu te amo — ele falou — E é ótimo ver que as coisas estão começando a caminhar.

— Eu também te amo, Charlie — ela falou com a voz uma pouco abafada já que o rosto dela estava apoiado no ombro do maior — E obrigada por vir pra cá pra Malibu comigo, eu realmente precisava me distanciar mas também precisava de companhia.

— Você sabe que pode contar comigo sempre, amiga — ele disse — Você me ajudou nos meus piores momentos, eu não tô fazendo nada que você não faria.

S/n sorriu e deixou um beijo carinhoso no rosto do inglês e então eles quebraram o abraço.

— O que você acha de ir até a praia um pouco? — ela perguntou, sentindo uma vontade de entrar no mar e ficar um pouco no sol — Eu queria andar um pouco com o Dexter na areia, desde que meu pai trouxe ele pra cá o coitado não saiu de casa. 

— Oh, eu acho ótimo — Charles falou — Eu só preciso colocar uma roupa de baixo e pegar uma bolsa pra colocar duas toalhas mas eu volto logo — ele se levantou e logo estava indo na direção do quarto em que estava ficando.

— Ok, eu preciso trocar de roupa também — S/n falou se levantando — Eu te espero ali na frente.