CAPÍTULO 46

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Vinnie

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Vinnie

Eu soube no exato momento em que seus olhos encheram de lágrimas. Muitos sentimentos lutavam nas profundezas verdes. Tristeza, raiva, traição. Ela sabia. Ela sabia de tudo.

"Relinquere omnes!" Eu grito, e imediatamente todos esvazeam a sala. Meus olhos não saem dos de Nailea, é um medo enorme me enche. Ela iria embora. Eu tinha certeza.

Ficamos um momento em silêncio, e quando eu jogo a jaqueta no balcão do bar, uma lágrima salta de seus olhos, e aquilo me mata. Posso literalmente sentir meu coração se partindo em dois.

"Riley me falou de uma gangue. Com o símbolo de um crânio com asas!" Ela diz, soltando um riso sem humor. Eu apenas a encarava. "Você faz parte, não faz?" Eu chego mais perto dela, e apesar de estar chorando de verdade agora, não se afasta. Eu não a toco, porém.

"Eu não sou apenas parte dela, Nailea. Eu sou ela. Eu sou o Alpha." Ela fecha os olhos com as minhas palavras, e as lágrimas descendo descontroladamente agora.

"Todo esse tempo... Era isso que você estava escondendo de mim." Ela murmura, abrindo os olhos castanhos.

"Baixinha..." Começo, aproximando minha mão de seu rosto, mas ela chega para trás, seu rosto cheio de traição e raiva.

"Não! Não me chame assim! Você mentiu para mim, por meses, Vinnie! Meses! Mas esse não é o pior. Nem perto!" Ela grita, e cada palavra é como se fosse um soco no estômago.

"Eu vim para cá, tentando procurar conforto em você! Eu fui expulsa de casa hoje, Vinnie!" Ela grita, e uma raiva por seus pais toma conta de mim.

"Nai..."

"Eu disse para me deixar falar!" Ela grita, e se aproxima para bater em meu peito. Eu não reajo, e deixo ela descarregar. "Merda, Vinnie!" Ela começa a bater repetidas vezes em meu peito, mas eu deixo. Ela precisa disso.

Os tapas vão ficando mais fracos, os soluços tomando conta de seu corpo, até que eu tenho que segurar seu corpo tremendo para não cair. Ela segura em minha camisa, e eu deixo que ela chore em meu ombro.

Não sei quanto tempo ficamos assim, mas eu deixo o mais tempo possível. Eu sei que ela não esqueceu de nada, e está apenas procurando conforto em mim enquanto pode. Porque ela vai embora. Eu sei que vai.

Sinto ela me empurrar levemente para trás, ficando em pé sozinha, ainda me encarando nos olhos.

"Eu poderia perdoar a mentira. Claro, eu não queria que mentisse para mim, mas isso eu poderia perdoar. Eu nem preciso perdoar o fato de que você faz parte de uma gangue, porque eu não vejo nada de errado nisso." Eu olho para ela em surpresa, e ela solta uma risada sem humor, uma risada feia. "Sim, Vinnie, eu entendo. Você cresceu assim. É tudo que você conhece, e está tudo bem."

"Eu matei pessoas, Nailea!" Eu me surpreendo ao ver que ela nem encolhe, apenas uma mínima torcida em seu nariz.

"E eu tenho certeza que você teve seus motivos. Cada pessoa cresce de um jeito, Vinnie. Você cresceu assim, e isso é o que você conhece. Eu não vejo problema nisso." Ela abaixa a cabeça por um minuto, antes de me encarar novamente.

"O que eu não posso perdoar, Vinnie, é o fato que você não confiou em mim. Você não acreditou em mim. Você imediatamente pensou que eu iria te julgar... Essa não é quem eu sou, e você deveria saber disso!" Cada palavra é uma estaca no coração. Ela está certa. Eu a julguei.

"Meus pais não me conhecem... Deus, as vezes eu penso que nem Alana me conhece de verdade. Mas você? Eu nunca fui nada menos do que eu com você, e Vinnie, você tinha que ser a pessoa que me conhece! Você tinha que saber que eu não te julgaria!" Ela chorava novamente, e essa era uma visão que eu nunca esqueceria."Eu sempre estive aqui por você! Sempre! E agora o que? Você simplesmente me julgou! E isso? Isso eu não posso perdoar." Ela murmura baixinho, mas eu sei que não acabou.

"Nailea..."

"Deixa eu terminar, tudo bem?" Ela me interrompe novamente, e o fato de parecer esgotada me assusta. Eu concordo com a cabeça. "É isso que Gina descobriu, não é? Com Kio?" Eu hesito por um momento antes de concordar com a cabeça. "Você achou que eu faria isso também. Que eu iria embora." Eu concordo com a cabeça novamente, olhando para baixo. Ouço ela fungar.

"Porra..." Ela murmura, e logo segura meu rosto entre as mãos, fazendo com que eu olhe para seus olhos agora vermelhos e cheios d'água. "Eu te amo, Vinnie. Mas, eu não confio mais em você. E... Eu não posso perdoar." Isso me quebrou. As três palavrinhas. Ela me amava, e eu estraguei tudo. Nunca tive tanta raiva de mim mesmo quanto nesse momento.

"Adeus, Vinnie." Ela sussurra, e da a volta pelo meu corpo em direção a saída. Em um movimento desesperado, não querendo deixá-la ir, pego seu pulso e a puxo de volta. Nossos rostos estavam grudados agora.

"Você me prometeu. Prometeu ficar comigo." Sussurro, e odeio a vulnerabilidade na minha voz. Ela fecha os olhos, parecendo estar com dor.

"Bem, eu realmente gostaria de cumprir com a minha promessa Vinnie... Mas foi você que mentiu para mim primeiro." Ela diz, e abre os olhos.

Ficamos assim por um segundo, testas grudadas, como sempre fazemos. Mas é diferente dessa vez. É diferente porque ela me olha não apenas com amor, mas com tristeza também. É diferente porque ela olha para cada canto do meu rosto, assim como eu faço com ela, querendo absorver cada detalhe, cada pequena falha que nós aprendemos a amar. É diferente porque é a última vez.

"Eu também te amo, baixinha." Uma lágrima cai de seu rosto, e ela preciona um último beijo em meus lábios.

É um beijo diferente, um beijo em que nós punimos um ao outro, tentamos recordar de cada detalhe... É um beijo triste. É o nosso último.

"Adeus..." Ela murmura, e dessa vez eu não a impeço. Eu apenas fico ali, enquanto meu coração quebra em vários pedaços, enquanto eu quebro em vários pedaços.

Ela foi embora.

Ela foi embora

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•ai :(

XOXO 𝙎𝙖𝙗𝙧𝙞𝙣𝙖

𝗔𝗹𝗽𝗵𝗮-𝗱𝗲𝗮𝘁𝗵 𝗼𝗳 𝗔𝗻𝗴𝗲𝗹𝘀 | vinnie adaptation  Onde histórias criam vida. Descubra agora