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Faz exatamente meia hora que o Harry foi embora e ainda não consigo raciocinar direito. Meus pensamentos estão tão atrapalhados e confusos que sinto uma sensação estranha no estômago.

Eu e James estamos nos estranhando um pouco. Talvez, só estejamos tentando evitar a conversa inevitável que terá que acontecer entre nós para esclarecer o que aconteceu essa noite. Quando Harry foi embora, disse a ele que precisava resolver algumas questões do trabalho, e estou há meia hora sentado olhando para as linhas de código no meu computador, sem saber o rumo certo a seguir.

Estou me sentindo estranho, de várias maneiras.

Apesar de ter tomado banho, nós três juntos no mesmo box, James rejeitou a opção de mais sexo, dizendo que estava cansado por hoje, apesar de ter ficado excitado na maioria do banho. Eu também fiquei, afinal, eu tinha um homem extremamente atraente com o corpo todo ensaboado se esfregando em mim.

Harry fazia questão de encostar em meu corpo, algumas vezes com toques mais sutis, outras, bem explícitas, como nas vezes que ele esfregou a bunda lisinha em minha ereção, com a desculpa de pouco espaço. Outras vezes, nem eu resisti e passei o dedo disfarçadamente por sua fenda, escorregando-o em sua entrada.

Merda. Só de pensar, sinto meu pau fisgar dentro da cueca. Isso não era para estar acontecendo.

Assim que acabamos o banho, Harry se vestiu e foi embora, se despedindo de nós como se fosse um amigo de longa data que não nos via há muito tempo. Foi estranho. Essa noite foi estranha, apesar de ter sido ironicamente boa.

Depois disso, nem eu e nem James ousamos tocar no assunto ainda, mesmo sabendo que a qualquer hora esse assunto virá à tona. Eu estou apenas prolongando o inevitável. Sinto que talvez essa possa ter sido a nossa ruína, aquela da qual não saberemos nos reconstruir.

Eu sabia que isso nos abalaria, mas não imaginei que seria tanto. Eu achei que no final da experiência, eu seria o machucado que ficaria reprimido em um canto, mas por mais maluco que seja, não sou eu que pareço estar me sentindo assim.

Eu me sinto bem, apesar de me sentir estranho. Sinto como se algo dentro de mim tivesse se acendido do nada, como se algo tivesse mudado. E não digo nem a respeito do sexo, ou de Harry e sua covinha charmosa, mas da experiencia em si. Pela primeira vez em muito tempo eu me senti livre, mesmo estando preso a James. Eu me deixei ser eu, sem medo de ser reprimido por ele, ou por suas convicções. Eu me permiti ser e sentir o que quer que seja que eu tive vontade.

Com os pensamentos turbulentos, me ajeito desconfortável na minha cadeira e me levanto. Ainda vejo as duas camisinhas que usei jogadas ao chão próximo ao tapete. As recolho, junto com o tubo de lubrificante e os pacotes de camisinha. Jogo as camisinhas usadas no lixo, e coloco as outras coisas dentro da gaveta da cômoda da sala.

Acendo um cigarro. Eu preciso fumar.

Caminho com o cigarro aceso nos lábios até a cozinha e me sirvo um copo de leite. Meus pensamentos estão distantes, e sinto um gelo na boca do estômago, como quem espera algo ruim acontecer. Ou talvez, já tenha acontecido.

Termino o cigarro olhando pela janela da cozinha, e bebo o leite, deixando o copo na pia antes de ir caminhando lentamente até o nosso quarto.

As luzes estão acesas.

Entro e percebo James sentado na cama, com o abajur de luz amarela ao seu lado ligado. Seus óculos de leitura estão no rosto e percebo que ele lê algo que eu não tenho vontade de perguntar e olhar o que é. Tiro a minha camisa para me deitar e James me olha por cima dos óculos.

ㅡ Você, pelo visto, aproveitou bastante. ㅡ Ele diz com a voz ríspida e me olha por um instante antes de voltar a atenção para o livro em seu colo.

Backfire [L.S]Where stories live. Discover now