Modo Silencioso

Silêncio Primórdio

Lia

Já havia me acordado a um tempo mas não queria me levantar, meu corpo estava dolorido, dormi mal e me sentia mal, como se eu literalmente estivesse doente, mas infelizmente era rotina para mim ser desse jeito, se a ansiedade ataca fico assim.
Pego meu celular e vejo mensagens da Mari.

Marii

Marii: Bom dia amada, o Isaac já tá em casa
Marii: espero você

Não respondi e também não sei se iria, me sentia mal para caramba.
Tento dormir de novo, mas sou despertada pelo meu pai.

- filha, tô indo na casa dos Seixas, você não vai?
- eu tô doente, não vou- cubro minha cabeça
- doente de que? - ele se aproxima de minha cama e descobre minha cabeça
- Tô mal, só quero dormir mais
Ele me olhou estranho
- Mas depois você vai né?
- Sim, eu juro que só não vou por não estar me sentindo bem- estava implorando para ele sair logo
- Então qualquer coisa liga para mim- ele passou a mão em meus cabelos e saiu

Narradora

Já haviam se passado mais de um mês desde a operação de Isaac, e Lia continuou seu trabalho como intérprete, mas não o visitou decentemente, o viu após alguns dias da cirurgia mas o mesmo estava dormindo no momento então logo voltou para casa e só tornou a ver o rapaz em seus próximos dias de trabalho, o acompanhou em suas reabilitações apenas, pois não foi chamada para nenhuma outra atividade, e nem mesmo para mais aulas, ela se preocupava com Isaac, mas após tantas semanas sem conversas ela não tinha mais coragem de chamá-lo para nenhum tipo de conversa que não envolvesse o necessário, ela também tinha a sensação que ele estava com raiva dela.

Isaac por sua vez andava cadê vez mais isolado e triste, se privava de toda Interação social possível e chegou a passar a noite de natal trancafiado em seu quarto, tudo que ele amava não era mais possível fazer, havia perdido até o que não tinha e ainda estava sozinho, e não era totalmente por escolha sua, ele também sentia medo e não sabia como se manter sociável naquela situação, além também de estar extremamente abalado em relação a sua auto estima, estava grato por ter feito o implante coclear, mas ainda sim tinha vergonha do aparelho e da cicatriz que havia ficado, mesmo no calor permanecia de casaco e capuz. Desanimou totalmente e pediu para suspender as aulas de libras, sabia somente o básico e algumas coisas a parte que havia aprendido com lia, sua única esperança era voltar a ouvir, mesmo que não soubesse o que fazer após isso. Sua vida adulta estava prestes a começar afinal.

Lia, estava estudando por livre e espontânea vontade e as vezes saia com suas amigas Bel e agora também Mari. Havia descoberto a pouco tempo o que ela tinha a impressão que Bel escondia dela, a sua sexualidade. Bel era Lésbica, e não se sentia confortável em falar para lia que era, com isso, muitas conversas não existiram, pois Bel não podia dizer o que ela sentia, fazia ou queria por medo. Mas graças a Mari tudo isso foi esclarecido.

- Bel, essa aqui é a Mari. Mari essa é a Bel- Lia as apresentou animada
- Ah, então você que é a Bel que a Lia tanto fala- Mari estampou um sorrisão na cara
- Prazer,Mari- Bel parecia gélida
- Você nunca falou de mim para ela, Bel?- Mari fala deixando lia confusa
- Como assim?- lia pergunta
- Nós já nos conhecemos- Bel fala visivelmente nervosa
- Já ficamos algumas vezes- Mari fala espontânea como sempre
- É, isso aí- Bel temia pela reação de lia, mas a mesma sorriu equilibrando os olhinhos curiosos para as duas
- que coincidência- foi apenas o que ela falou

Aquele dia foi tranquilo para as 3, mas Bel depois conversou com lia esclarecendo o porquê dela nunca ter falado nada sobre, entretanto, lia levou com leveza e entendeu sua amiga. Lá no fundo lia ficou imaginando que lindo seria se suas duas amigas virassem um casal de fato.