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Meredith Grey:
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Fremont, Seattle, Washington
Friday morning.

Uma semana se passou, mas eu ainda me lembrava com nitidez daquela noite, a qual daria qualquer coisa para esquecer.

Desde sábado à noite, não saí de casa sequer um dia e, consequentemente, não estava indo trabalhar. Izzie e Amélia estiveram aqui diversas vezes, bateram na porta e fizeram o maior escarcéu do lado de fora, mas não deixei com que entrassem. Não sei bem o motivo, mas só não me sentia pronta o suficiente para responder as milhares de perguntas que com certeza as duas me fariam, e muito menos ter que lidar com o fato de que elas estavam certas o tempo todo quanto à Addison.

Eu ainda estava me dando um tempo. Precisava digerir tudo.

Eu passava o dia todo em minha cama, deitada na escuridão plena, com as janelas e cortinas fechadas para que iluminação nenhuma se infiltrasse. Para piorar minha situação, eu havia contraído um resfriado, pela chuva que tomei naquela noite, mas depois de poucos dias me vi melhor.

Eu sabia bem que precisava de uma distração, ficar remoendo o fato de ter sido deixada, durante horas infindáveis, não me estava trazendo nenhum benefício. E, por mais que eu tentasse entender tudo o que havia me sucedido, não adiantava de nada. No fim das contas as horas iam se passando, a noite imiscuia enegrecendo o céu, e nada havia mudado.

Tudo o que antes parecia tão bonito e afável, agora eram apenas memórias inúteis e doloridas que se estagnaram em minha mente, e, até espontaneamente, me surpreendiam. Nunca fui como Isobel, que consegue esconder no mais profundo de si, a sua dor, e fingir que nada está acontecendo. Sou o extremo oposto. Deixo toda a dor à minha vista, e vou sentindo desatinar a minha pele, gradativamente. E não finjo, assumo e aquiesço àquilo que me machuca, deixando os fragmentos se esvair aos poucos de meu corpo, cortando o tecido de minha pele — é que às vezes eram grandes demais.

Não sei como pude deixar com que isso acontecesse, não entendo como pude ser tão ingênua em acreditar que finalmente havia achado a pessoa que quisesse para a minha vida. Mas ela nos surpreende a cada suspiro que damos.

Aqui, entre todos esses lençóis, imersa ao escuro solitário que me abriga, sinto que Addison, e todas as características de si, vagam impulsivamente dentro de mim. Lembro-me de estritamente tudo que lhe diz respeito, a visão de seu sorriso perfeito dispõe-se aos meus olhos, e novamente quero chorar.

Juro que se eu pudesse, arrancaria com toda a força do meu corpo, todas as lembranças dessa mulher. Mas o problema é que, para me livrar dela, terei de vasculhar em minhas entranhas, pois foi exatamente lá, no mais profundo e íntimo de meu ser, que eu a cravei. Criei um lugar de paz para que Addison existisse em mim, um cantinho particular e quente para seu coração, mas ela o recusou. E agora não há mais o que eu faça.

Agarrei um travesseiro com força e novamente chorei, expressando as emoções negativas que me sensibilizaram.

Entretanto eu sabia que conseguiria superar isto, eu sempre consigo.

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Não sei exatamente em que momento me assustei com o vibrado de meu celular sob meu corpo, mas agora estava a buscar pelo aparelho perdido em meio à bagunça completa daqueles lençóis e, quando o achei, vi que era Andy quem me ligava.

Atendi, expressando uma voz tremendamente rouca. Ela disse coisas que passaram despercebidas pela concepção de meu cérebro pré-despertado, até que seu último contestar me causou certo alarme.

Confidences And Flowers ° • . ❀ - 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑙𝑢𝑖́𝑑𝑎.Where stories live. Discover now