O CHALÉ | CAPITULO 3: A Busca

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03- A Busca

Desejar muito esquecer alguma coisa não implica necessariamente o esquecimento de tal coisa. A mente humana funciona de forma extremamente complexa, e dentre suas artimanhas está o fato de quanto mais se deseja apagar um episodio da mente, mas ele ficará claro em sua memória. Os garotos tentaram manter a programação buscando não verbalizar o crescente desejo de se afastar da mente os dois eventos bizarros que tinham vividos naquele lugar.

- Pessoas o dia está lindo! Vamos fazer o churrasco nas margens do lago? - Matheus sugeriu - Quem sabe até uma partidinha de futebol.

- Talvez fosse melhor a gente preparar o almoço aqui dentro do chalé mesmo. Quem sabe amanhã se tudo continuar calmo nós podemos fazer o churrasco - Alice respondeu na esperança de todos concordarem com ela.

- Eu acho que o Matheus está certo, não podemos deixar de aproveitar, apesar desta coisa maluca, este é um lugar lindo e só nosso até a próxima semana.

- Por isso que digo que podemos esperar Ricardo.

Os outros jovens pareciam estar muito mais decididos que Alice a trazer a normalidade aquele dia e endossaram a proposta de Matheus. E logo todos estavam envolvidos nos preparativos do churrasco. Caio que apesar de não ter ido contra a ideia dos amigos continuava pouco a vontade em simplesmente ignorar o fato de coisas estranhas estavam acontecendo por ali, decidiu ser o churrasqueiro oficial daquele dia, e assim ele e Alice que também não estava no clima de mergulhos e algazarras ficaram assando as carnes e conversando sobre a vida. Ricardo e Henry começaram uma disputa de barrigada, que consistia em correr até o lago e se jogarem de barriga nele espirrando água para todos os lados. Logo a brincadeira tinha conquistado mais adeptos e a tensão foi baixando aos poucos, dando lugar a risos e brincadeiras.

A tarde foi passando e a noite chegando convidativa com sua enorme lua cheia reinando no céu. Diferentemente de cidade em que moravam ali eles podiam admirar o céu e as estrelas sem qualquer esforço, e foi isso que decidiram fazer após tomarem banho, os garotos fizeram uma pequena fogueira a alguns metros da casa e Maria Eduarda empunhou seu violão e ficaram ali admirando o céu e cantando musicas de acampamento despreocupadamente.

Perto das vinte e três horas Emily desejou boa noite aos amigos e pediu ao namorado para acompanha-la até a casa, pois começava a sentir uma pequena e chata dor de cabeça. Ricardo foi prontamente com ela até o quarto e eles ficaram conversando um pouco ouvindo o som do violão e das vozes dos amigos cantando lá fora. Quase vinte minutos depois a garota disse ao namorado que se ele desejasse poderia ir ficar com os amigos, pois ela começava a ficar com sono e iria descansar um pouco. Trocaram alguns beijos de boa noite e Ricardo deixou a namorada embarcar no mundo dos sonhos, na saída apagou a lâmpada principal do quarto deixando aceso o pequeno abajur de madeira. E logo se juntou aos amigos a volta da fogueira. Eles cantavam musicas de um grupo de rock dos anos 80, um dos favoritos deles.

Quando decidiram que era hora de dormir já passavam das duas da madrugada, apagaram o fogo e rumaram para dentro do chalé. Tudo estava silencioso, nenhum barulho além do som da respiração deles. Alguns decidiram fazer um lanche antes de se deitarem, e Ricardo foi ver se a namorada estava bem. Eles ainda decidiam o que comer quando ouviram o grito do amigo:

- EMILY! EMILY! EMILY!

Todos correram para o quarto, e encontraram Ricardo jogando o cobertor no chão, tentando encontrar algum indicio. Ele correu para o armário, olhou embaixo da cama.

- A Emily não esta aqui... Eu... Eu a deixei aqui deitada... Tipo dormindo... Como não esta aqui agora.

Imediatamente todos correram pela casa a procura da amiga, vasculharam os quartos, a sala, ao redor da casa. E nenhum sinal que a garota tinha saído do quarto foi achado. Ricardo estava completamente desesperado com o sumiço da namorada. Quando todos novamente se reuniram na sala sem saber o que fazer ou pensar, era impossível a garota ter saído da casa sem passar por eles. Ela nem mesmo era sonambula para vagar sem motivo durante o sono. Foi quando em meio às muitas vozes indagadoras que a de Caio se sobressaiu:

O Chalé  [ Concluida]Onde histórias criam vida. Descubra agora