Draco in Wonderland

It can't stop me now

Último capítulo!

Boa leitura!

6 — It can't stop me now

Draco POV

— Você está atrasado! — O grito me despertou de devaneios, e eu pisquei atordoado, muito confuso ao erguer o olhar e sentir que estavam falando comigo.

— Desculpe, me perdi em pensamentos!

— Você está sempre no mundo da lua! — A reclamação ecoou, enquanto eu suspirava e me encarava no espelho, vendo o traje perfeitamente alinhado ao corpo, exalando charme e classe, como um bom Malfoy.

— Desculpe — Resmunguei automaticamente, sem saber a razão para sentir tamanho desanimo.

— E logo no dia do próprio casamento — A voz continha censura, e eu tornei a suspirar.

— Agora, escolha a gravata, Draco — A mulher que eu mal conseguia lembrar o nome questionou, erguendo uma gravata em cada mão.

— Hm... esquerda — Resmunguei, atraído pelo tom de azul como sempre, sorrindo sozinho.

Sempre esquerda.

Eu sabia, agora. Sempre escolhia a esquerda, quase como se fosse meu norte, minha direção para casa.

Era a melhor direção.

Antigamente, acreditava que quando você não sabe para onde quer ir, qualquer caminho serve.

Hoje em dia, não conseguia escolher coisas que me levavam para a direita.

Parecia ser tão... para lá.

Eu achava que para cá era muito mais emocionante, em 100% das vezes.

— ... Mundo da lua, de novo!

— País das maravilhas — Corrigi, quase automático, vendo a pessoa me encarar sem entender, negando com a cabeça.

— Digo o tempo todo que esse garoto é pirado — Resmungou para a mulher que passou a gravata ao redor de meu pescoço.

E provavelmente estava certo.

Uma vez, eu era tão insano que havia me convencido que havia uma realidade diferente de onde eu vivia.

Havia me convencido de que existia um mundo fantástico, onde coisas estranhas aconteciam. Onde tudo era diferente de como eu sabia, e eu frequentemente acabava indo para aquele lugar. Conhecia pessoas, interagia com elas. Com as paisagens, histórias.

Apenas ia até aquela realidade diferente, e vivia por lá de tempos em tempos, para então voltar para meu mundo e esquecer tudo.

E fazer de novo.

E de novo.

E de novo.

Alisei meus cabelos, encarando meu reflexo e me forcei a sorrir, vendo o quando estava bonito, e deveria soar feliz no dia de meu casamento.

Respirei fundo, erguendo os olhos.

— Acho que falta um chapéu — Murmurei, vendo a mulher rir.

— Um chapéu? Garoto, não precisa de um chapéu! Francamente... — Os dois saíram resmungando, e eu sorri ao me deixar caminhar até a janela daquele salão bonito onde estava me aprontando.

Apalpei o bolso da calça, puxando dali aquele velho relógio quebrado que sempre estava comigo, e sorri ao apertar ele entre os dedos, e pensar em Harry.

Nas tantas primeiras vezes que o vi e me apaixonei.

Nas tantas vezes que o beijei pela primeira vez, e quis que mundo ruísse ao nosso redor, porque nada importava além dele.