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A polícia não nos liberou até meus pais chegarem, eles vieram de jatinho pois não tinha nenhum voo para Outer Banks hoje, quando eles chegaram eu não consegui olhar em seus olhos, mas sabia a cara de decepção que minha mãe deveria estar pois logo ela me puxou pelo braço e me arrastou até um canto.

  - Você não consegue melhorar né? Vai continuar dando uma de criança, você veio para cá com o intuito de me dar paz, seus problemas estão atrapalhando o meu trabalho, eu vou perder uma reunião importantíssima porque tenho que vir buscar minha filha na delegacia já que ela matou uma pessoa.- Disse apertando meu braço com força e cuspindo as palavras na minha cara, eu já estava tão exausta que não consegui chorar.- Sua fantasia de adolescência acaba por aqui, Elizabeth Luna Parker, você vai para um internato, um reformatório ou até mesmo um hospício, e quando você completar 18 anos eu vou te pagar para sumir da minha vida, eu não quero ligações, visitas  e nem cartas. Você vai embora de Nova York.- Continuou com ódio nos olhos, minha tia chegou e começou a jogar verdades na cara de minha mãe.
  - Chega, Regina.- Disse minha tia.- Assine a porra dos papéis e vá embora, Lizzie vai ficar por aqui até completar 18 anos e decidir o que quer fazer, você devia agradecer por ela ter salvado a vida de Rafe, tenho certeza que Ward deve estar muito agradecido agora pela coragem dela.- Disse me levando para a sala de espera novamente, Regina foi com meu pai que não fez questão de falar comigo para o escritório do xerife e em alguns minutos eles saíram pela porta de entrada sem ao menos se despedir.
  - Vocês podem ir agora.- Disse a policial que estava de plantão.

Nós nos levantamos e deixamos o estabelecimento para trás, eu entrei no carro sem falar com ninguém e minha tia respeitou isso, pois ela dirigiu em silêncio durante todo o percurso. Chegando em casa eu enchi a banheira e fiquei horas lá dentro tentando apagar a noite de ontem do meu corpo, esfreguei minha pele todinha 5 vezes, com uma escovinha eu limpei minhas unhas, 7 cotonetes com álcool conseguiram limpar a minha orelha, o sangue seco no cabelo saiu depois de horas na água quente e 3 trocas de água na banheira, mesmo depois de tudo isso eu estava me sentindo suja então tomei um banho de chuveiro para garantir. Não fui para minha cama nessa madrugada, ela parecia suja também, fui para o quarto de hóspedes, com suas paredes coloridas e a cama branquinha, roupa de cama limpa e cheirosa, intocada, me deitei ali, apenas com uma calcinha e um sutiã pois minhas roupas parecem sujas. Demorei muito tempo para pegar no sono e quando consegui tive um pesadelo terrível, eu acordava e o corpo de Barry estava ao meu lado, sem vida nenhuma, e o pesadelo se repetia inúmeras vezes, até o momento que ao invés de estar ao meu lado o corpo estava em cima de mim tapando minha boca enquanto eu tentava gritar, tentei tanto que finalmente consegui acordar, acordei gritando e minha tia apareceu no quarto assustada, meu travesseiro estava encharcado e o lençol também. Ótimo, agora a cama também estava suja, eu me sentei com a respiração ofegante e minha tia me abraçou, seu corpo gelado no meu corpo quente indica que eu estou fervendo, minha tia pega um termômetro para verificar e eu realmente estou com febre então ela me levou para o banheiro e encheu a banheira, me ajudou a tomar um banho gelado para melhorar a febre e depois trocou os lençóis enquanto eu apenas observava ainda de toalha. O quarto de hóspedes trás uma sensação de conforto, as cores me lembram a infância, o único lugar seguro que eu tenho, onde tudo se resumia a bonecas e pôneis, antes da minha vida dar errado.

  - Quer que eu durma aqui?- Perguntou a mais velha me entregando um conjunto de pijama leve que pegou em seu armário, amarelo e limpinho, eu assenti pois não quero ficar sozinha. Minha tia apenas se deitou ao meu lado e fez carinho em meu cabelo a noite toda, algo me diz que ela não conseguiu dormir.
  - Bom dia.- Disse Sarah assim que eu abri os olhos, ela estava sentada na beirada da cama com um bandeja de café da manhã.
  - Obrigada.- Foi a única coisa que eu consegui dizer quando ela me entregou a bandeja, eu comi em silêncio, torcendo para que ela não falasse sobre ontem, e ela não fez, aproveitou o silêncio para pensar.

𝘕𝘦𝘷𝘦𝘳 𝘨𝘰𝘪𝘯𝘨 𝘣𝘢𝘤𝘬- 𝘖𝘶𝘵𝘦𝘳 𝘉𝘢𝘯𝘬𝘴 Onde histórias criam vida. Descubra agora