Sobre Despedidas

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S/N sempre amou Paris e dizer que ela sabia muito sobre a metrópole era um eufemismo. Ela sabia praticamente tudo sobre a capital, desde a história até as melhores lojas de doces. E apesar de saber sobre tudo isso, ela não entendia uma coisa; como uma capital poderia ser considerada a "capital do amor", isto não era um pouco exagerado?
Ela nunca entendeu, pelo menos não até aquele momento, enquanto, estava sentada em um pequeno banco localizado em frente a Torre Eiffel.

A garota estava ali à alguns minutos, contudo, parecia horas desde que tinha chegado ali. Ela tinha presenciado algumas demonstrações de afeto - como um pedido de casamento e um casal de idosos que, aparentemente, tinham se conhecido ali - que fizeram-na entender o motivo da capital ser considerada a "capital do amor". Mas, um casal em específico chamou a atenção da garota.

Uma mulher loira sorria e tinha algumas sacolas em seus braços e ao seu lado um homem - S/N não diria que ele tinha mais de 20 anos - usava um moletom preto largo, seu cabelo, também, era preto e, mesmo de longe, a garota percebeu que a coloração dos olhos dele era um verde brilhante. Apesar de ele não estar sorrindo como a mulher, S/N percebeu que o mesmo estava feliz.

A jovem não tinha certeza, mas ele lembrava uma pessoa para ela, mas não seria possível, certo? Quer dizer, ele não poderia estar ali ou poderia?
Ela voltou a prestar atenção nos dois e teve a impressão de que o homem a olhava, mas por estar um pouco longe não tinha certeza.

- Vamos, Jake. Se quisermos chegar em Duskwood a tempo do aniversário de Dan não podemos perder o vôo. - A loira disse e franziu a sobrancelha ao perceber que o mesmo não prestava atenção nela. - Jake, você está bem?

- Sim, sim. - Olhou para ela e sorriu. - Eu só tive a impressão de ter visto uma pessoa.

A loira olhou ao redor, mas não viu ninguém que conhecesse, então deu de ombros.

- Ok, temos que ir agora, não podemos nós atrasar para pegar o vôo.

- Claro. - Murmurou ele.

↯↯↯

Alguns dias depois

S/N suspirou se jogando em sua cama, ela tinha chegado a algumas horas de sua viagem de Paris e, apesar de ter amado a viagem tinha uma coisa que não saía de sua cabeça. Ela respirou fundo, talvez, só talvez, fosse hora de, finalmente, dizer adeus de verdade ao passado.

Respirando profundamente a garota levantou e andou até o guarda-roupa e o abriu, afastou algumas roupas e no fundo ela achou o que precisava. No fundo do guarda-roupa encontrava-se uma caixa, dentro dela tinha alguns arquivos, fotos e um celular, ela não mexia na pequena caixa a dois anos e era difícil abri-lá depois de tanto tempo.

Ela ligou o celular vendo que tinha bateria e entrou em suas conversas, tinha algumas mensagens não vista por ela de dois anos atrás, mas ela não iria vê-las, ela só iria enviar uma mensagem.
O contato que ela procurava era o primeiro e tinha duas mensagens não lidas.

Você foi embora, sem nem mesmo se despedir. Por quê? Lilly acha que eu deveria deixá-la em paz por um tempo, mas eu só quero saber o motivo de ter ido embora

Tudo bem, me desculpe, não vou mais incomodar você.

A garota soltou um suspirou sofrido e começou a escrever.

> Querido Jake (não tenho certeza se essa é a melhor forma de começar está mensagem, mas para falar a verdade, nunca sei como me despedir de alguém, ainda mais quando essa pessoa é importante para mim.)

Sei que a dois anos atrás, quando fui embora, eu não me despedi, entretanto, estou fazendo isso agora.
Durante esses dois anos, me peguei muitas vezes pensando sobre como teria sido me despedir de você. De vocês. Mas no final, nunca me deixava ir tão longe com esses pensamentos, pelo menos até alguns dias atrás.
Vi você em Paris, com uma garota loira. E percebi que tinha que seguir em frente e te deixar ir.
Às vezes, é necessário partir, porquê nem sempre o amor é maior que tudo; e, no nosso caso, precisávamos ter confiança um no outro, mas não tínhamos isso.
Sei que você não é do tipo que acredita em destino, coisas sobrenaturais ou almas gêmeas, mas eu sim. E cheguei a conclusão que, algumas almas gêmeas estão destinada a se encontrar, mas não a ficarem juntas.
Estou te deixando ir, mas isso não quer dizer que eu te esquecerei.
Eu sinto muito, adeus, Jake.

S/N clicou em enviar a mensagem, apesar de estar triste e cansada, ela sentiu como se um peso fosse tirado de suas costas. Mas, ao mesmo tempo, se sentia triste, porquê ela realmente tinha o deixado partir e isso doía, ela o amava muito e ninguém iria substituir ele em sua vida.

Apesar disso, ela não podia fazer nada a não ser seguir em frente e viver a sua vida.
Ela guardou o celular dentro da caixa e fechou a mesma. Dessa vez, a garota não tinha planos de abrir a caixa nunca mais.

Je t'ai vu à ParisWhere stories live. Discover now