Drapetomania

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Drapetomania (n.): uma
sobrecarregada urgência de correr
para longe.

YIBO POV

O vento gelado entrava por uma frecha muito pequena de vidro entreaberto e tocava a pele exposta do meu braço esquerdo que estava encostado no batente da janela. Às cinco horas da manhã, haviam poucos sinais de sol, ou nenhum, exceto pelo clima especialmente mais gelado e pela noite em sua hora mais profundamente escura que prediziam que em breve o sol apareceria.

Não mais do que uma hora havia se passado desde que eu havia dormido e acordado outra vez, despertado por um pesadelo angustiante. Dormir de novo foi tão ou mais angustiante quanto, então, eu havia decidido sentar no largo beiral da janela principal do quarto e esperar pela hora em que eu deveria, tecnicamente, acordar

Inspirei o ar, com cheiro de plantas queimadas do outono, que vinha de fora e o deixei percorrer todo o meu pulmão até que me doesse o peito e o coloquei para fora, concentrando a minha mente no processo de respirar.

"Entra oxigênio", inspirei profundamente, mais uma vez. "Sai dióxido de carbono", deixei o ar sair devagar, prendendo-o em espaços curtos e depois, o liberei completamente do meu pulmão. "Mais uma vez, Yibo", pensei, preparando-me para inspirar. "Ar

"entrando, diafragma contraindo, caixa torácica expandindo", eu pensava, conseguindo, com sucesso manter a mente concentrada no processo de respirar. "Ar saindo, diafragma relaxando, caixa torácica diminuindo", pensei e repeti tudo mais uma vez. "Ar entrando... o cheiro de Xiao é tão inebriante; o cheiro das mãos, o cheiro do pescoço, o cheiro do cabelo...", sorri para o pensamento e imediatamente assustei-me comigo mesmo e pisquei com força, tentando empurrar o pensamento para longe da minha cabeça.

- Por que já está acordado? - A voz de Adam cortou o silêncio, vinda do lado mais escuro do quarto.

- Não consigo mais dormir... - minha voz saiu tão fraca quanto eu me sentia

"Fraco, Yibo. Você é fraco", o pensamento surgiu em minha cabeça e eu apertei os olhos e o lado da cabeça contra o batente da janela.

- Xiao? - Adan perguntou, provavelmente, apenas para confirmar algo a respeito do que ele tinha certeza.

"Xiao...O que não tem a ver com Xiao na minha vida atualmente?", pensei ironicamente.

- É... - Falei, deixando escapar em meu tom de voz a mesma ironia do meu pensamento.

Eu não precisava vê-lo para saber que estava de olhos fechados e lutando bravamente para não voltar a dormir.

- O que você tem, Cara?- Perguntou em um tom sonolento, mais sério

"O que eu tenho?", perguntei para mim mesmo, mas arrependi-me assim que a resposta surgiu involuntariamente em minha mente. "Paixão", pensei e apertei os dentes de tão forte que me veio a resposta, como uma martelada. "Medo", a outra resposta me veio como um tapa no meio do rosto.

- Eu não sei. Eu acho que... - pausei, sentindo-me incapaz de falar, como se o medo tivesse enfiado as unhas na minha língua e a estivesse puxando garganta abaixo.

- Acha que... - Adam perguntou, deixando no ar.

Nisso Adam levantou e veio para minha cama

- Acho que estou apaixonado por ele. - falei de uma vez.

- Você acha? - meu amigo destacou o verbo, dando um tom especialmente irônico a ele, se deitando.

- Tudo bem, eu estou apaixonado por ele. - admiti em voz alta pela primeira vez e de alguma forma externar aquilo tornou mais fácil pensar sobre aquilo.

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