Tentando me encontrar.

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   Depois de alguns dias a Ane veio em casa para tentar me animar.

_ Vai, Re.

   Vamos sair um pouco.

_ Desculpe, mas eu não estou no clima.

_ E o Dri, nada?

_ Nada.

   Já se passou uma semana e ele não me ligou, não mandou nenhuma mensagem e nem me procurou.

   Ele precisava de um tempo, então dei a ele.

_ E você sabe alguma coisa sobre a saúde dele.

_ Sim.

   Como estou na última semana de estágio no hospital, aproveite para saber dele todos os dias.

_ E aí?

_ Ele teve alta a três dias.

_ Nossa, Re.

   Que notícia maravilhosa.

_ Sim.

   Também fiquei muito feliz por ele.

_ Re, mesmo se vocês nunca mais voltarem, o tempo irá curar essa dor em seu coração.

   Mas tenha fé.

   Tudo irá se resolver e você finalmente terá a felicidade que merece.

   Acredite.

_ Já me cansei de ouvir isso, Ane.

   Todos me dizem a mesma coisa.

   Que com o tempo tudo irá se resolver, mas não vai.

_ Irá sim, Re.

   Você só precisa acreditar.

   Eu não queria, mas acabei gritando com ela.

_ Parem com isso, porque não vai.

   Sei que não estou errada.

   Será que ninguém percebe o quanto estou sofrendo.

   Ela me olhou com medo e mágoa nos olhos.

_ Me desculpe.

   Eu senti um remorso na hora.

_ Não, eu é que peço desculpas.

   É tantas coisas passando em minha cabeça esses dias.

_ Eu sei, eu entendo.

   Quero que saiba que a única coisa que quero é que você seja feliz.

_ Eu sei.

   Obrigada.

_ Bom, eu já vou indo.

   Vou deixar você descansar.

_ Ok.

   Muito obrigado por ter vindo me ver.

_ Sou sua amiga.

   Virei sempre.

   Ela me abraçou se despedindo e saiu.

   Passei o resto do sábado em meu quarto pensando, até que a noite tomei uma decisão que mudaria minha vida radicalmente.

   Eu me levantei e fui até a sala onde meus pais estavam.

_ Mãe, pai, posso falar com vocês?

_ Claro, filha.

_ Sempre que quiser conversar, estaremos aqui para você.

_ Eu tomei uma decisão e queria que vocês me apoiassem.

_ Com certeza, filha.

_ Que decisão?

   Meu pai me olhou sereno.

_ Vou para Santa Catarina.

   Eles ficaram surpresos.

_ Você vai passar uns dias com os seus avós?

_ Não.

   Eu vou pra morar.

   Vi o olhar triste de minha mãe para mim.

_ Mas porque minha filha?

_ Eu preciso de um tempo longe de tudo.

   Eu preciso me encontrar novamente.

   Eu preciso procurar minha paz e aqui não conseguirei.

   Meus pais se olharam um para o outro e pegaram cada um em minha mão.

_ Se vai te ajudar, minha filha, nós te apoiamos.

_ Obrigada.

   Eu preciso mesmo fazer isso.

_ E você já falou com seus avós sobre morar com eles?

_ Na verdade quero alugar um apartamento.

   Sei lá.

   Quero ter o meu espaço.

_ Tudo bem, vamos ajudá- la no que você precisar.

_ Obrigada de novo.

   Eu amo vocês.

_ Também te amamos muito.

   Nos abraçamos carinhosamente.

   No domingo meus pais passaram o dia todo no telefone conversando e acertando tudo com meus avós enquanto eu levei alguns quadros meus para o meu chefe na galeria.

   E aproveite também para dizer que não iria mais trabalhar lá.

   Não foi uma decisão fácil que tomei, mas sei que era o melhor para mim.

   Meus pais e meus avós conseguiram fazer tudo tão rápido que na quinta feira eu e a Ane já estávamos arrumando minhas coisas para eu partir no sábado de manhã.

_ Vou sentir sua falta, sabia?

_ Eu também.

   Mas você pode ir me visitar quando quiser.

_ E irei, pode ter certeza.

   Agora vem aqui.

   Quero abraçá-la o máximo que eu puder.

   Afinal não sei quanto tempo vai levar para nós vermos novamente.

   Eu sorri carinhosamente para ela e a abracei forte.

.. Será difícil no começo, mas me fará bem.

   Eu sei que sim.

Acredita em destino?Where stories live. Discover now