Capítulo 4

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Passara dias pensando em como iria falar com Guilherme sobre Alice quando o encontrasse, precisava conversar com ele antes de contar a filha sobre o pai. Já fora perguntada mais de uma vez sobre o pai pela menina, sempre dava uma desculpa, tinha medo dele não aceitar a menina e a filha sofrer por conta disso.

Enquanto assistia a filha brincar no tapete da sala, Flávia pensava em quantas coisas pai e filha teriam em comum, em como seria sua relação. Perdida em seus pensamentos nem prestara atenção quando Alice largara os brinquedos e sentara em seu colo.

– Mamãe! – chamou a menina olhando para a mãe.

– O que foi meu amor? – perguntara Flávia sorrindo para a menina e acariciando seus cabelos.

– Pode assistir desenho? – Alice pedira com um biquinho fofo. Era impossível negar alguma coisa a menina.

– Claro que podemos. – sorrindo ela pegou o controle da TV que estava na mesinha de centro, deitou-se no sofá com a garotinha deitada sob ela.

Nem sentira o tempo passar. Fora acordada com o toque de seu celular, quando atendera Paula logo tratou de apressá-la a se arrumar para o evento. Nesse momento ela se dera conta de que o momento que mais temia havia chegado, em poucas horas estaria frente a frente com o pai de sua filha, o homem que naquela única noite a fizera sentir como nunca se sentira antes... Amada.

Flávia e Paula chegaram juntas ao evento na Mansão Monteiro Bragança. Quando pisara dentro do jardim da casa Flávia sentiu todo o corpo tremer, por um instante pensara em dar meia volta e desistir de tudo, mas encararia o homem de cabeça erguida, pela filha.

Acomodaram-se na mesa reservada à Cosméticos Terrare. Flávia olhava ao redor para ver se encontrava Guilherme, mas ainda não o vira pelo evento.

– Dá pra parar? – perguntou Paula incomodada, com a inquietação da jovem.

– Eu estou nervosa, Paula - respondeu a garota soltando um suspiro – Eu estou com medo da reação dele – a jovem virou-se em direção da mãe postiça – E se ele não acreditar em mim? – perguntara apreensiva.

– Você nunca vai saber se não tomar coragem e contar – responde Paula mexendo em seu drink – Você sabe o que tem que fazer.

Nada mais fora dito. Flávia levantou-se da mesa e adentrou a casa procurando pelo banheiro, com o pensamento a mil, só sentira quando um corpo esbarrou no seu.

– Não olha por onde anda não? – perguntou Flávia irritada sem olhar para a pessoa.

– Eu? – exclamou a pessoa – Você que esbarrou em mim.

Aquela voz. Não importa quanto tempo passasse, ela nunca esqueceria aquela voz, sentira um frio na barriga. Quando virou-se para encará-lo, vira o doutor arregalar os olhos espantado.

– Pink? – perguntou Guilherme ainda espantado.

– Na verdade é Flávia – respondera ela ao doutor. O homem parecia inquieto, medo de que alguém os visse juntos. – Doutor, eu preciso conversar com você, é um assunto sério. - a sentença saíra de sua boca sem que percebesse.

– Conversar? – respondeu ele ríspido.

– É... conversar – Flávia não deixaria que ele a intimidasse – Será que podemos ir para algum lugar, não quero que ninguém ouça. – ela o encarou esperando sua resposta.

O cirurgião então a levou para seu escritório. Flávia não queria que ninguém os interrompesse, precisava falar tudo de uma vez. Chegando na sala o homem apressou-se em falar.

– O que você veio fazer aqui? – perguntara Guilherme com as feições séria.

– Eu preciso te dizer uma coisa muito séria, que vai mudar a sua vida – aquelas palavras o fez olhar em sua direção – Três anos atrás, aquele dia que a gente se envolveu... – Flávia travou, ficara muda, nenhuma palavra saia de sua boca.

Guilherme fechara ainda mais a cara. Parecia que não queria tocar naquele assunto, mas precisava esclarecer as coisas.

– Eu não quero falar daquela noite, garota! – Guilherme fora curto e grosso. Quando já estava para sair da sala a voz da jovem saiu baixa, mas alta o suficiente para que ele ouvisse.

– Eu engravidei... nós temos uma filha.

DestinyWhere stories live. Discover now