Meu Mundo

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Encontrava-me triste, então, comecei a pensar em algo irrelevante para multidão, entretando essencial para mim: a minha vida.
Permita-me desabafar.
Durante a minha infância, da qual não posso reclamar
Eu pensava e refletia ao olhar para o quintal dos meus avós.
Certamente, acreditava que ali era o meu mundo
Não era grandioso ou belo
Mas tinha a simplicidade,
que tanto me encantava.
E aquele mundo, aquele pequenino lugar, tornava-se suficiente para aquela inocente criança.
Eu era tão pequena que o local se tornava enorme e explorável
E eu corria ao redor da pequena árvore centralizada no meu mundo,
e pensava...
Um dia, aquela árvore seria de grande porte e seria tão bela e invejável, principalmente porque se encontrava no meu pedacinho de mundo.
Os dias se passavam, e tudo ao meu redor começou a se modificar
Entretanto, eu não me imporatava com essa realidade.
O meu lugar favorito poderia mudar, mas continuaria sendo meu.
À medida que eu aproveitava a minha infância, os dias passavam rapidamente
E aproximava-se a minha puberdade
E aquela árvore central, semelhante a mim, já não era tão pequena.
Então, percebi que a partir do seu simples ato de crescimento,
Esta me acompanhava em meu desenvolvimento
E o tempo continuou a passar mais depressa.
Diante desse cenário reflexivo,
Aquele mundo inexplicável,
Aquele enorme lugar, em minha concepção,
Tornava-se cada vez menor
E aquela árvore encontrava-se cada vez mais bela e útil.
Me emocionei ao perceber que eu também a acompanhava,
que eu já havia sofrido mudanças,
e desse modo, eu não era mais a mesma.
Eu também crescia em altura e responsabilidade
Dessa vez, olhei para o meu interior, e eu também, não me sentia a mesma pessoa desde a minha infância.
Eu não possuia mais os mesmos sonhos e sentimentos de criança
E já prevalecia em mim,
a inegável maturidade.
Por outro lado, eu não possuia mais a mesma alegria e conforto de antes, e consequentemente, já não conseguia ser verdadeira comigo mesma.
A tristeza me consumia
A aquela famosa frase se repetia
No meu interior, "Ah, que saudade daqueles tempos que não voltam..."
Saudade da espontaneidade
Saudade da sincera familiaridade
Saudade de toda simplicidade.
Ah, como eu sentia falta da paz interior, da qual somente
o meu mundo
me proporcionava.
Retornei para a minha realidade
E relembrei das minha responsabilidades
Do tempo corrido
Dos dias monótonos.
E eu já não me permitia sentir aquelas emoções,
Encontrava-me confusa com os meus próprios sentimentos.
Mas o meu coração ainda expressava com clareza, que
apesar do desespero em reviver a minha infância,
Eu tinha a convicção de que
embora todas as mudanças do meu mundo fossem muito visíveis,
Ele ainda era o mesmo
Da mesma forma, eu sentir que, no fundo, eu também
ainda era a mesma.
Dessa vez, eu fiquei feliz e aliviada com essa conclusão
Finalmente, eu descobrir que a essência daquele mundo - que eu me considerava dona - e a minha essência não haviam mudado.
Afinal, as mudanças são sempre necessárias
e nada é por acaso.

Isa Maria.

 

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