18ª ALVORADA [Em Andamento]

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Electi, 03 de Outubro de 2023.

- Qual é a merda do seu problema? Você acha que eu tenho cara de vagabunda? -Disparei, vendo a menina recuar.

- Não, não é isso!- Ela ofegou. - Você precisa me ouvir!

- Eu preciso é sair daqui, todo dia uma invenção diferente.

- Você acha que essa condição, só recai sobre você? - Ela falou tão rápido, que parecia uma pálida sombra da mulher forjada anteriormente. - Estamos todos na mesma situação. Todos!

Foi nessa hora, que eu percebi, que ficar calada seria a melhor das hipóteses. Deixei que a garota falasse, para depois avaliar e tirar minhas próprias conclusões.

- Cada aluno faz parte de uma associação, que mais se assemelham a organizações criminosas. - Ela fez uma pausa para respirar. - Existe a Associação Safira, que são os alunos que adquirem a inteligência avançada, esses detém o conhecimento negado a maioria. Tem a Associação Quartzo, aquela responsável pelo teletransporte, esses alunos conseguem desintegrar a matéria de seus próprios corpos, viajar com elas e reintegra-las em outro local. - A essa altura minha boca já estava aberta.- A Associação Citrino, tem o papel de ler mentes, os estudantes conseguem acessar qualquer parte da memória de outra pessoa, intencionalmente.

A garota fez outra pausa, dessa vez, para recuperar o fôlego. Quando notei uma melhora, indaguei ela sobre a última associação. Ela disse que eram quatro, mas, só havia descrito três.

- E por fim, a Associação Rubi, essa é definitivamente a pior de todas. Seus alunos são institivamente destrutivos. Eles podem controlar o ar, a água, o fogo, ou até a terra que está abaixo dos seus pés. Usam desses elementos, para acabar com tudo que aparece pela frente.

- Qual organização eu farei parte? - Questionei, sentindo um gosto amargo salpicar a língua.

- Não sei. - A resposta de Mia veio crua - Mas, espero que não seja na Associação Rubi.

- De qual você faz parte?

- Eu estou na Safira, tenho certeza que você seria recebida por nós de braços abertos.

Eu me encostei na parede mais próxima e olhei para o teto. Eram muitas informações jogadas ao mesmo tempo. Porém, Amelia não se contentou, continuou falando.

- Antes que me pergunte, todas as Associações servem para as missões. - Ela me encarou fixamente, mas depois desviou. - Normalmente vai um de cada, mas pode variar dependendo o local. No mínimo terá um de cada associação, dentro ou fora de campo.

- O que são essas miss... - Não consegui terminar de falar, pois fui interrompida com batidas agressivas na porta.

Mia estava assustada, era visível. Ela precisava se recompor e inventar uma desculpa plausível. Descolei o corpo da parede e fiquei de costas para a porta, mexendo nos instrumentos, controlando a respiração, o máximo que eu consegui.

- Por que trancou a porta? - A voz de um homem ecoou pela sala - Não sabe dos preparativos para sábado?

- Estava apresentando a instituição - Mia engoliu em seco - A porta não estava fechando direito e tinha muita conversa paralela...

- Você toca alguma coisa? - Eu sabia que a perguntava estava direcionada à mim, mas tive que fazer um esforço para virar.

- Tenho interesse em aprender piano - Respondi francamente - Já tenho um conhecimento básico de teclado, acho que pode ajudar.

Enquanto falava, reparei bem em suas feições desagradáveis. Ele não era feio, de maneira alguma. Alto, cabelos acobreados bem cortados, olhos verdes, sardas sutis na face e levemente corado. O problema é que ele forçava uma carranca. O garoto não era amigável e queria transmitir isso a qualquer custo.

- Se as duas senhoritas não se importarem, gostaria de ensaiar sem telespectadores.

Saímos da sala imediatamente e assim que me certifiquei de que não tinha ninguém por perto, indaguei Mia a respeito das missões. Porém, ela repentinamente, desistiu de falar.

- Quem era aquele ruivo, hein? - Questinoei, enquanto andavamos em direção ao refeitório.

Antes que ela pudesse me responder, escutamos um estrondo.

- Não olhe para trás.