A GAROTA DELES

Capítulo 28

Boa tarde, amores! Como vão?

Hoje estou trazendo do capítulo 28 ao 32, ok? Boa leitura e muita diversão!

Meu curso de maquiagem tinha sido lançado há poucas horas e eu já estava surpreendida com a quantidade de vendas que surgiram. Passei a tarde inteira respondendo dúvidas de seguidoras a respeito da forma de comprar, sobre o acesso ao site e até mesmo sobre o conteúdo. Como o curso já estava pronto e montado, as vagas eram ilimitadas, mas eu o deixaria disponível para ser comprado somente por duas semanas.

Pelos cálculos rápidos que eu fiz, com as vendas daquelas primeiras horas eu já tinha batido metade da meta que imaginei como lucro total. Resumindo, eu estava radiante!

Como passei a tarde sozinha em casa, aproveitei para fazer uma faxina no local e limpei os banheiros, a cozinha e a sala. No quarto de Noah eu tomei todo o cuidado possível para não tirar nada do lugar porque ele era bem metódico com suas coisas. Foi tudo bem rápido porque não éramos pessoas que faziam muita sujeira e bagunça pela casa. Com exceção do meu quarto, que era uma verdadeira zona de guerra. Se eu abrisse todas as portas do meu guarda-roupas ao mesmo tempo, correria o risco de ser soterrada e Noah precisaria chamar os bombeiros para me resgatar.

À noite, como Marco não tinha vindo para cá, nós fizemos uma sessão de cinema, só Noah e eu, como nos velhos tempos. Não teve amassos, nem beijos, nem segundas intenções. Apenas amigos assistindo filmes de terror e comendo pipoca. Confesso que foi uma delícia não ter aquela tensão sexual entre nós que vinha rolando nos últimos dias, porque focamos apenas na amizade naquela noite.

Eu estava deitada com a cabeça no colo dele quando o segundo filme chegava ao fim e precisei fazer um esforço sobrenatural para manter meus olhos abertos, pois ganhar cafuné tirava qualquer concentração.

— Vai passar o Natal em Clacton? — perguntei. — Tem meses que você não volta lá.

— Acho que sim, talvez leve Marco e o apresente de uma vez.

— Meus pais vão adorar conhecê-lo.

— Antes ou depois de descobrirem que ele desvirtuou sua princesinha?

Prendi o riso, porque não tinha pensado por esse lado. Eu nunca me envolvi com ninguém, nunca namorei, nunca apresentei nenhum casinho para meus pais. Ou seja, eu não fazia a menor ideia de qual seria a reação deles no dia que eu contasse que estava namorando. Eu sabia que entre nós três não existia um relacionamento sério, pelo menos, não na parte que me envolvia. Mas sem dúvida, se meus pais suspeitassem que eu agora frequentava a cama não de um, mas de dois homens, eles me levariam a uma clínica psiquiátrica. Ou pior ainda, passariam a frequentar a igreja só para me exorcizar.

— Talvez essa parte a gente possa deixar de fora das conversas — murmurei, sentindo um frio na barriga bem desagradável.

— Mas não são apenas os seus pais, sabe? A maioria das pessoas reage mal ao saber sobre uma relação não-monogâmica.

— Colin e Steven comentaram alguma coisa?

— Eu acho que não diriam nada se não tivessem visto o nosso beijo, mas aí não tem como inventar nenhuma desculpa. — Noah sorriu e pousou a mão na minha barriga. — Eu disse que não podia explicar por enquanto.

— Se Colin contar para Elizabeth, a cidade inteira vai saber — murmurei, pressentindo a fofoca. — Eu a adoro, mas ela tem a língua solta.

O filme chegou aos créditos finais sem que a gente tenha realmente prestado atenção nos últimos minutos, mas de qualquer forma, já tínhamos o assistido outras duas vezes, então eu sabia que todos, menos o protagonista, morriam.

Ajudei Noah a levar nossos copos e a tigela de pipoca para a cozinha, e quando ele desligou as luzes, me aproximei para beijar sua bochecha. Um braço envolveu minha cintura e me deu um selinho que eu não estava esperando.

— Dorme lá no meu quarto — pediu.

— Sem o Marco?

— É só pra dormir, não precisa rolar nada. — Ele me puxou na direção de seu quarto, movendo as sobrancelhas de um jeito engraçado. — Se não posso dormir todos os dias com ele, você não tem como escapar de mim.

Eu já estava mesmo vestindo meu pijama de veludo rosa e com Noah praticamente implorando, não senti a menor vontade de recusar o convite. Eu me deitei de conchinha com ele, mas não consegui pegar no sono, porque ultimamente, sempre que eu colocava a cabeça no travesseiro, meu cérebro resolvia me trazer um monte de pensamentos.

— Noah? — Ele murmurou para indicar que estava me ouvindo. — Você sabe que há uma grande chance de eu me apaixonar por vocês, né?

Alguns segundos incômodos de silêncio, até que ele respondeu:

— Sim. Esse era um dos motivos para eu querer evitar que você se envolvesse.

Bem, não era essa a resposta perfeita. Na minha ilusão eu o imaginei dizendo que corria o mesmo risco que eu, que também poderia se apaixonar a qualquer momento.

— Você acha que é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo? Não me refiro a fazer sexo, atração física, nada disso. Estou falando sobre sentimentos.

— Acredito que sim, Cam — respondeu. — Se relacionamentos poliamorosos existem, então sua pergunta está respondida. Mas acho que é uma questão muito individual. Não posso responder, porque nunca vivi isso.

Eu me virei de barriga para cima para poder encará-lo e Noah sorriu, enquanto nossos olhos mantinham-se fixos uns nos outros.

— Eu sei o que deseja saber — disse ele, piscando todo charmoso e alisando meu rosto. — E eu não vejo problema em me apaixonar por você. Não posso garantir que esteja sentindo isso, porque ainda nem consigo entender o que está acontecendo comigo, mas, é possível.

— Você ama o Marco?

— Sim, mas não nos declaramos ainda.

— Por que não?

Noah soltou um suspiro e esfregou a mão no rosto.

— Acho que sempre dá medo dizer essas palavras tão fortes, sem ter certeza do que a outra pessoa sente.

A vida adulta era mesmo muito complexa. Eu me lembro que quando era novinha e apaixonada por Noah, fantasiava com ele me pedindo em namoro e eu declarando todo o meu amor por ele na mesma hora. Não havia esse medo de ser julgada pelo que sentia. Eu achava que se duas pessoas estavam juntas, era porque elas deixavam bem claros os seus sentimentos.

Chegou aqui? Pula pro próximo!