c a p í t u l o 5 | a o s 2 5

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"[...] Eu vi a juventude passar, passar, passar
Jogando bola gude sem parar, sem parar
Essas meninas acabavam comigo
Eu fui ficando sem amigo, sem saber o que amar
Um belo dia na esquina lá de casa eu conheci uma menina tatuada
Ela me deu o folhetinho de uma onda
E disse que nessa onda eu podia dropar
Que essa onda podia me livrar da branca e de joana que queriam me matar
E me mostrou no folhetinho o horário e o lugar que eu tinha que chegar
Chegando lá parecia tudo menos uma igreja evangélica
Mas aquele povo foi falando comigo
Que eram os amigos que eu podia contar
Se eu quisesse amor de verdade, junto da felicidade eu levantava a minha mão
Eu levantei e dropei aquela onda que tinha no folhetinho da menina tatuada [...]"
(Menina tatuada, Salomão do Reggae)

]" (Menina tatuada, Salomão do Reggae)

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Caxias do Sul - RS, outubro de 2017.

Saimon descobriu que abaixo do fundo do poço existia o subsolo.

O subsolo era um lugar frio e solitário, onde o rapaz jamais imaginou pôr os pés algum dia. Nem mesmo o profundo amor dos seus avós podia alcança-lo e resgata-lo de lá. Ele estava preso. Preso em seus vícios e estes o destruíam cada vez mais.

E sentado em uma calçada na esquina da rua onde ficava a casa cuja ainda dividia com a mãe, a memória do Rangel era invadida por todas as pessoas e coisas que perdera nos últimos sete anos.

O relacionamento que passou a nutrir com Joana e Branca perdurou por três curtos anos, pois a última veio a falecer por overdose aos vinte e um. Naquele tempo, a moça estava indo de mal a pior em seus estudos, tal como Saimon perdeu o seu emprego, de forma que dedicavam grande parte do seu tempo afundando nas drogas juntos.

Drogas estas que eram financiadas pelos pais da Albuquerque sem que eles sequer tivessem consciência disso, e quando o resultado da autópsia caiu nas mãos do médico e da advogada, eles não puderam - ou simplesmente recusaram-se - a dar créditos aquilo quanto os seus olhos viam. Branca era tão jovem, focada em seus objetivos e cheia de vida, mas infelizmente optou por um caminho que apesar de parecer claro e florido, era na realidade, escuro e repleto de pedregulhos.

E ela caiu em meio a tais pedregulhos sem mais poder levantar-se.

Saimon chorou pela morte da moça, porém logo fora consolado por Joana e os entorpecentes que costumava usar com uma frequência quase absurda. E um ano após a morte de Branca, Joana também se foi.

A Silveira retornou para o Rio de Janeiro aos vinte anos de idade, sem uma promessa de voltar, pois segundo ela, o sul já havia lhe oferecido tudo o que tinha para lhe oferecer. Não importou quantas vezes o Rangel a tenha implorado para que ficasse, a menina permaneceu irredutível quanto a sua decisão.

Sozinho e ignorando totalmente os conselhos da sua família, Saimon afogou-se ainda mais em seu oceano de vícios, passando a até mesmo roubar a própria mãe a fim de conseguir dinheiro para sustentar as vontades da sua carne.

Sob a Luz da LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora