Capítulo 32

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Maraisa rolou os olhos.

— Me dê isso — e pegou a folhinha. — 7º ­ Fazer um coração na areia da praia de novo.

— Dayane está ficando sem criatividade, não acha? — Comentou Marília.

— Melhor assim — opinou Maraisa.

A loira riu, se levantando.

— Vamos logo.

Maraisa a seguiu, ela percebeu que os cabelos loiros de Marília pareciam perfeitamente macios, se lembrou da sensação de enroscar os dedos ali e estremeceu. Lá fora, o Sol brilhava intensamente.

— Que horas são?

— Não sei. Talvez três ou quatro.

— Hum — fez Maraisa. — O tempo está passando rápido hoje.

Marília sorriu, semicerrando os olhos contra o Sol.

— Isso é uma forma indireta de mostrar que gosta da minha companhia?

— Ei. Você disse isso pra mim outro dia.

— E eu gosto da sua companhia — explicou a loira, com simplicidade.

Maraisa deu de ombros, desconfortável.

— E eu consigo sobreviver a sua.

— Você é péssima em inventar desculpas — riu.

— Não sou não — defendeu-se, sem pensar.

— Ah, é? — Perguntou Marília, rindo.

— Argh, Marília, poupe-me de você. Será que o coração que fizemos anteontem vai estar aqui ainda?

— Provavelmente não. Deve ter ventado, chovido... Não sei. Podem ter pisado em cima dele.

— Ai, que horror.

— Vem — chamou rindo. — Vamos fazer um aqui. Ou melhor... Você vai — pegou um pauzinho e estendeu para Maraisa que rolou os olhos.

— Você ainda não aprendeu a fazer um coração?

— Não – retrucou Marília. — Por favor, venerada mestra, mostre-me.

Maraisa ameaçou bater na loira com o pauzinho; a mesma riu. Num gesto lento e preciso, calculado, a morena desenhou um coração. Perfeito.

— Está vendo? minhas críticas são construtivas. Esse aqui não ficou com um lado maior que o outro.

— Cale a boca e escreva seu nome.

Marília o fez sorrindo.

— Essa é uma coisa tão idiota para se fazer — comentou Maraisa, escrevendo o próprio nome embaixo do de Marília.

— Por quê? — Perguntou a loira, se sentando na areia.

— Aah... Talvez porque a areia é algo muito fácil de se desfazer — disse se sentando à esquerda da mulher ali sentada e abraçando os próprios joelhos.

— Então, tudo bem escrever o nome em uma árvore, porque ela é sólida e firme, o que significa confiança e segurança — disse Marília, compreendendo o que Maraisa queria dizer.

— Exatamente. Já na areia, qualquer ventinho se desfaz.

— E é muito mais fácil escrever o nome na areia.

— Sim. Na árvore, é preciso escolher o lugar certo, onde a madeira se permite ser cortada. É preciso ter uma faca, ou um canivete.

— A não ser que se tenha unhas compridas demais — sugeriu Marília, fazendo a garota rir.

— É, a não ser que se tenha unhas compridas demais – suspirou Maraisa..

O Sol estava brilhando, não havia nenhuma nuvem no céu e soprava uma brisa marítima deliciosa. Maraisa mordeu o lábio.

— Não parece o cenário perfeito?

— Sim. O tipo de lugar que se vê nos filmes, quando os protagonistas estão se beijando.

— Isso foi uma indireta? — Perguntou Maraisa, rindo.

Marília riu também, passando o braço ao redor dos ombros dela, que enrijeceu.

— Só vou te abraçar — disse tranquilizando-a. — O próximo item é caminhar, podemos ficar alguns minutos aqui.

Maraisa suspirou.

— Só porque o cenário está perfeito.

— Continue dizendo isso para si mesma.

Maraisa rolou os olhos, rindo, mas repousou o rosto no ombro de Marília, com a mão livre, a loira pegou a mão direita da mulher e a passou ao redor da própria cintura, parecia hesitante, mas logo sentiu-­a relaxar.

Marília inspirou o perfume suave do cabelo de Maraisa, fechando os olhos. Era aquela sensação perfeita, de que havia só elas no mundo, de que a morena ficaria ali com ela para sempre... De que as duas se completavam perfeitamente.

A mulher quase cedeu ao impulso de dizer isso a morena, mas se lembrou de que havia prometido a si mesma ir mais devagar. Contentou-se, então, em sorrir para si mesma e abraçá-­la mais forte. Porque, naquele momento, Marília sentia que o tempo parara.

Eram só Marília e Maraisa. E nada poderia ser mais certo.



The Experiment | MalilaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora