ALÊ

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POF!

Em uma das salas de treinamento, Alê afastou um tijolo arremessado por Ariel na direção dela com o seu poder de telecinesia, empurrando o objeto com apenas um movimento do braço direito. Ariel jogou outro e com destreza Alê o desviou para o seu lado esquerdo.

– Vamos parar agora... Tô cansada. Minhas mãos... Ai. – Olhou para as mãos, que doíam e sangravam, mas de forma bem menos intensa do que há alguns meses atrás. Ainda assim, era complicado usar os poderes de forma intensa e contínua.

– Por que a gente não usa a Alia, porra? – reclamou a sempre desbocada Ariel. – Não seríamos limitados por dores como somos agora.

– Não mexemos com drogas, Ariel. Ponto final. – respondeu Alê, fazendo exercer o seu papel de líder no grupo.

Enquanto iam saindo da sala de treinamento, Alê não deixava de pensar que em parte Ariel estava certa. Está sendo duro enfrentar essas pessoas com Alia... Teremos de adaptar o treinamento para essas situações.

BUM!

Alê esbarrou em um obstáculo invisível quando estava andando pelo corredor que leva à sala comum da mansão que era a sede do Lar Rogério Leite. Depois de ser derrubada com o choque e o susto, levantou-se e elevou a voz: – Ah, para com isso! Quantas vezes já te falei pra parar com essas palhaçadas?!

Então um ser humano surgiu diante dela em um espaço que antes estava vazio. Romário, um homem de estatura média, negro, nem gordo e nem magro, com cabelo curto, lábios grossos e um sorriso cativante que havia conquistado a líder da Equipe Alfa havia meses, quando eles se conheceram no Hospital de Halipa. O rapaz gargalhava ao perceber a irritação da namorada.

– Hahaha... Já me falou umas quinhentas vezes, mas ainda assim me divirto – respondeu ele, e em seguida a beijou na boca.

Alê o agarrou e o beijou também. Quando se soltaram um do outro, Romário pegou a mão direita dela e olhou para os ferimentos.

– Ainda sangrando desse jeito?

– Eu vou melhorar, namorado – respondeu ela. – Estamos treinando pra isso. Quanto menos esforço fizermos em combate, menos vamos nos machucar.

Alê agarrou a mão direita dele e lhe deu um selinho.

– Mas obrigada pela preocupação.

Romário a abraçou e Alê amava aquilo. Aqueles abraços a faziam se sentir segura, tranquila, mesmo diante de todas as adversidades. Os últimos tempos não vinham sendo fáceis e ter um porto seguro emocional fazia toda a diferença. Ela foi para a cozinha e viu Lia olhando-a sorridente na cozinha. Alê foi correndo na direção da menina e a abraçou.

– Oi, filha! Tudo bem?

– Tudo, mãe. Tá machucada de novo? – perguntou a garota.

– Não é nada, meu amor. – Alê vivia se esquecendo de se limpar imediatamente depois dos treinamentos. Não queria que a vissem fragilizada, ferida. – Como foi a escola?

– Um saco! Ainda tive de tomar cuidado pra que ninguém encostasse em mim...

– Minha querida, não se preocupe. – Alê a abraçou, tentando tranquilizá-la. Acho que talvez seja melhor você ter aulas em casa mesmo.

– Tá tudo bem, mãe. Vou tentar continuar lá – respondeu Lia.

Ela pode reclamar da escola, mas não acho que goste de ficar aqui.

– Bom dia, porra!

Alê se virou para identificar de onde tinha vindo aquela voz e viu Soldado em pé, abrindo a geladeira e vestido com apenas uma cueca. Ele pegou uma cerveja, deu uma pancada na mesa para retirar a tampa e sorveu um grande gole rapidamente. Em seguida, soltou um arroto estrondoso e olhou para Alê, surpreso.

Incidente em Ponderosa, Volume 2: Deus Contra TodosWhere stories live. Discover now