Capítulo IV

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Capítulo IV

Um vislumbre do futuro

Reino de Valoran, ano 102 Depois da Queda de Afhielr, 10º dia de outono, castelo da família real, sede do governo

YEONJUN

  Já não suportava mais assinar e avaliar tantos documentos e propostas e se perguntava como seu pai nunca sentiu vontade de colocar fogo naquelas pilhas de papéis. Ele tinha total consciência que a vida de um rei tinha suas partes chatas e burocráticas, mas não imaginava que fossem tão chatas e tão burocráticas. O que lhe alegrava era o fato de seus pais iriam chegar na noite daquele dia, então o seu "sofrimento" acabaria e ele teria que se preocupar e lembrar que existem essas questões somente daqui três meses, quando fosse coroado.

  Sentia que sua mão cairia se assinasse mais um documento e agradecia por aquele ser o último do dia, já tinha perdido as contas de quantas assinaturas ele havia feito ao longo daquela semana. Até mesmo a mudança da luminosidade, provocada por uma nuvem entrando na frente do Sol, o distraia, mesmo tentando manter sua mente focada no que estava lendo, e isso acabava por fazê-lo ler o mesmo parágrafo de duas a três vezes.

  Após terminar de ler e assinar o documento se levantou e começou a andar pelo escritório, se alongando e estralando suas costas e articulações, afim de aliviar um pouco a tensão muscular que sentia por ficar horas sentado na mesma posição. Girava seu ombro enquanto olhava para a janela que ficava atrás de sua mesa. A vista era o campo de treinamento do bosque, ainda pensava no que ocorreu na semana anterior. Naquele dia sentiu medo de que algo tivesse acontecido com seu pai e sentiu medo de que algo acontecesse com seus amigos, lógico que ficou com medo de que algo acontecesse com ele, mas temia pelo o que seus amigos poderiam fazer para salvá-lo ou defendê-lo, sabia que tanto Beomgyu, quanto Sunhee estariam dispostos a morrer para que nada acontecesse, assim como ele faria o mesmo por eles. Mas sabia que seus amigos eram muito impulsivos e por vezes agiram por extinto sem primeiro analisar a situação como um todo.

  Às vezes era engraçado pensar em como a relação dos três se desenvolveu, Beomgyu era muito enérgico quando pequeno e Sunhee muito certinha, ambos foram mudando e perdendo esses trejeitos conforme cresciam. Se fosse outras pessoas ele com certeza não teria se aproximado, mas com eles era diferente. Para Yeonjun, aqueles dois eram seus irmãos, sua família, independente de laços sanguíneos.

  Foi tirado de suas recordações pelo barulho da porta do escritório se abrindo, pensou que era Beomgyu ou Sunhee vindo lhe entregar mais uma pilha de documentos. Porém, ao olhar para trás preferiu que fosse mais documentos. Quem entrava era seu primo com sua típica postura prepotente.

  - Vejo que ainda não partiu, primo - Pontua Yeonjun de forma cansada.

  - Não, ainda não, queria ver se você faria algum desastre até seu último, mas você é excelente na função - Rebate o mais velho.

  - E por que a preocupação? - Pergunta começando a ficar desconfiado.

  - Como seu futuro súdito, me sinto no direito de verificar sua competência como futuro rei - responde de forma ácida.

  - Onde quer chegar com isso? - Ele estava começando a ficar irritado.

  - Sabe primo, creio que você está bastante acostumado com a ideia de que está assegurado sua coroação e seu futuro. Existem pessoas que não aprovam essa ideia e pensam que existe uma pessoa mais qualificada e que está na concorrência a mais tempo.

  - E quem seria essa pessoa? Você?

  Antes que a discussão pudesse se tornar uma briga a irmã mais nova de Beomgyu, Choi Dayeon, entra correndo no escritório e abraça a cintura de Yeonjun.

  - Sunhee disse para eu vir te salvar.

Após isso Yeonjun consegue se acalmar e pedi que a menina o espere fora da sala.

- Faça uma boa viagem primo. Agora preciso dar as boas vindas aos meus pais. Te acompanho até a saída.

...

  No salão de entrada, estava seus pais e as famílias de seus amigos. Dayeon estava ao lado, andava saltitando, aparentemente estava muito feliz, ele só não sabia se estava feliz por ter chegado de Fenir ou por ver o irmão, os dois eram muito apegados, principalmente após o quase sequestro que os dois passaram. Talvez um pouco dos dois.

  Ao se aproximado do grupo, notou a falta de Sunhee. O que era muito estranho, ela nunca se atrasava para nada e sempre dava broncas nele e em Beomgyu por conta disso.

  - Dayeon, onde está a Sunhee? Você estava com ela antes de ir me chamar, não estava?

  - Sim, ela está no laboratório. Disse que ia terminar de fazer alguma que eu não entendi em umas bolinhas coloridas que ela estava segurando.

  Após a menina dizer isto a desaprovação foi nítida no rosto de Jia, mãe de Sunhee. Mas antes que ela pudesse reclamar de algo um estrondo foi ouvido no andar de cima, onde ficava o laboratório. Yeonjun saiu em disparada para o laboratório, pensou que algo poderia ter acontecido após a afronta do primo.

  Ao chegar no corredor do laboratório viu Sunhee saindo do laboratório tossindo e coberta de pó colorido.

  - O que foi isso? - perguntou afobado.

  - Uma reação muito mal calculada. Elas não estouraram com a luz de vela, então achei que não iriam estourar com a luz solar. Ledo engano, porquê estouraram todas de uma vez. - explica enquanto tira o pó do rosto - Que cara é essa? Parece que você vou uma assombração... - diz após finalmente olhando para o rosto do amigo, que estava completamente sem cor.

  - Como assim "que cara é essa?", isso são modos de falar com seu príncipe? - dispara Jia ao entrar no corredor.

  - Sem problemas senhora Jia, eu e o Beomgyu vamos ajudá-la a limpar o laboratório - diz enquanto agarrava Beomgyu e Sunhee pelos braços e começando a empurra-los para dentro do laboratório.

  - O que está acontecendo? O que vocês fizeram? Por que a repentina vontade de me ajudar a limpar o laboratório? E por que você parece tão assustado? - dispara Sunhee confusa.

  - Primeiro, eu não fiz nada. Segundo, por que você está tão estranho? E terceiro, por que eu tenho que ajudar a limpar? - pergunta Beomgyu indignado.

  - Eu precisava de uma desculpa para conversar só com vocês dois sem deixar meus pais e seus pais preocupados... - Yeonjun começa a tentar explicar.

  - Você fez isso muito mal, meu pai deve estar tentando escutar nossa conversa agora. - interrompe Beomgyu.

  - Enfim, depois eu dou um jeito nisso. - continua Yeonjun - Antes deles chegarem Sungjoon foi até meu escritório me afrontar. Disse que existem pessoas que acrediram que alguém seria melhor do que eu para governar.

  Até então os outros dois estavam de braços cruzados e rosto bravos esperando a explicação. Após ela, descruzaram os braços e seus rostos assumiram uma expressão preocupada.

  - Ele só pode estar blefando. Ele não seria capaz de planejar um golpe de estado, seria? - indaga Sunhee.

  - Seria sim. É bem a cara desse desgraçado planegar algo do tipo. - responde Beomgyu - Nós deveríamos avisar nossos pais, para tomaren uma providência ou estarem preparados para isto.

  - Eu quero que vocês deixem uma bolsa de fuga embaixo das suas camas. É melhor nós nos prepararmos para esse tipo de situação. - diz Sunhee de maneira firme.

  - Certo, vou falar com nossos pais. - diz Yeonjun.

  - Vou com você. - Acrescenta Beomgyu.

  Após a conversa dos três, o rei e seus escudeiros foram alertados sobre a afronta e disseram que iriam ficar atentos aos movimentos da família Park e seus apoiadores. Os três esparavam que tivesse sido somente um blefe ou mais uma ameaça vazia da parte da Sungjoon. Mas, mal eles sabiam que aquele final de mês e o próximo mês seriam, por um bom tempo, seus últimos momentos de paz.

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