Fio vermelho

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        Estava tudo acabado.

Os peões de seu inimigo haviam sido capturados.

O bispo, o cavalo, a torre, todos haviam sido trucidados.

Vincenzo e sua alma dramática tendo sido fortemente influenciado pela ópera desde tenra idade jamais perderia a oportunidade de dar a esse show um desfecho impecável.

Por isso, rei e rainha foram propositalmente deixados por último, as peças mais importantes do tabuleiro de xadrez mereciam uma queda criativa e apaixonada.

E foi isso que o moreno deu à eles.

Jang Han seok e Choi Myung hee estavam finalmente mortos.

Todos os cretinos que ousaram se tornar uma pedra em seu sapato nos últimos meses estavam queimando no inferno.

Quando chegasse sua hora esperava que a Sra. Choi lhe recebesse de maneira cortês já que havia se preocupado em acostumá-la ao calor das chamas previamente.

O moreno riu sem ânimo do próprio senso de humor duvidoso, sempre foi assim quando se tratava de assuntos ligados a religião, vivia uma tortura mental eterna entre a fé e a descrença, não era algo que qualquer um entenderia, a maioria dos seres humanos tinha uma visão que do ponto de vista de Vincenzo era bastante distorcida sobre Deus.

Alguns acreditavam com veemência nas palavras escritas na Bíblia, outros não acreditavam na existência de uma divindade e consideravam a religião uma forma de manipulação em massa, e havia também aqueles que criavam seu próprio conceito de Deus, um Deus que não parecia muito interessado em ditar regras, mas apenas observar-nos por entretenimento.

Para o Cassano era um pouco mais complicado que isso.

Bastava entender que ele era um mafioso.

Um assassino, corrupto, torturador e ganancioso.

Não havia porquê maquiar os fatos, nem era seu desejo.

Houve uma época na qual preferia ignorar a existência de um ser celestial, parecia mais cômodo para alguém com seu histórico pois se não existisse um céu também não existiria um inferno para pagar seus pecados.

Como o homem sensato de mente curiosa e perspicaz que era, seus motivos é claro não se limitavam ao egoísmo e covardia de seu lado mais humano.

Durante sua vida conheceu diversos lugares, pessoas, culturas e ideologias. O mundo, apesar das selvas de pedra cinza chumbo construídas pela humanidade ao longo do tempo e da escuridão sobrepujante que por milênios se estendeu sobre nossas cabeças sendo imposta pela sociedade e seus maneirismos narcisitas e mesquinhos, era muito além disso peculiarmente colorido, bastava gastar 2 minutos de contemplação ao seu redor para perceber o verde fresco da grama e do topo das árvores, o rosa delicado das pétalas de uma flor, o azul vibrante no céu.

O mundo era como um arco íris, isso é claro do ponto de vista de almas mais sensíveis ou mentes mais perspicazes, alguns, seja por sentimentos negativos ou por traumas de vida podiam enxergar o mundo em preto e branco, mas para Vincenzo desde que havia buscado compreender e resolver seus conflitos internos o mundo havia se tornado uma obra de arte psicodélica, como se enxergasse cada detalhe através das lentes de um caleidoscópio.

Não que isso houvesse o tornado um ser humano melhor. Ele era autoconsciente e não inclinado a autoindulgência, sabia de seus pecados e não os mitigava.

Mas também havia cansado de se torturar com pensamentos de miséria e punição pós morte. Ouviu por tanto tempo da boca de líderes religiosos maldições sendo cuspidas sobre pessoas que eram apenas diferentes do padrão aceitável que já não acreditava que aqueles eram mensageiros de Deus, mesmo que acreditasse em um Deus.

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⏰ Última atualização: Feb 12, 2022 ⏰

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