Impure • Larry

one

It's worthy...

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A luz azulada da lua iluminava fracamente o quarto através da fresta na cortina pesada de veludo, com cor vinho com flores desenhadas a fios de ouro. O cômodo, que de costume era iluminado e cheio de vida, no momento transbordava nada além de melancolia. As paredes bege com detalhes vermelhos estavam escuras, quase não sendo possível enxergar as pequenas voltas que as linhas avermelhadas davam ― uma iguaria como nenhuma outra, Louis deveria admitir, ele amava a cor por mais difícil que seja achá-la, é um dos poucos luxos que o príncipe aproveitava com prazer: ter em sua posse roupas, tecidos ou detalhes feitos de linhas tingidas de carmesim ―, a cama e a escrivaninha ao lado mal pareciam ter forma, apenas poucos pedaços destas eram possíveis ser enxergados, como o cobertor acastanhado bagunçado em cima de seu colchão, denunciando a qualquer um o que acabara de acontecer.

O peito de Louis apertava ao passo que este se aproximava discretamente na pequena fresta para observar a carruagem de seu amado partir, enquanto terminava de abotoar o restante de sua blusa escondendo os resquícios do momento com George, que, como todos os outros, passou rápido demais, tão rápido que a saudade nem havia sido saciada, e como resposta seu pulmão faltava ar e seu coração parecia ser espremido. Era a última vez que veria o príncipe George antes de sua coroação, antes de casar com qualquer princesa, ou até mesmo uma burguesa qualquer que se oferecesse ao seu pai ― este se encontrava um pouco desesperado, afinal, seu filho seria rei em dois meses e não havia nem uma pretendente.

O clima era melancólico, mas não teria forma mais perfeita de descrever a tal cena, de descrever os sentimentos de Louis. Tudo exalava tristeza e solidão, e era exatamente assim que o príncipe se sentia.

Por outro lado, Zayn achava um pouco dramático por parte do melhor amigo enquanto o observava encostado na porta aberta.

― Louis, vocês irão encontrar-se novamente, vossa Alteza sabe disso, para que dramatizar a partida dele, então?

― Não será a mesma coisa, Zayn ― Louis negou com a cabeça observando a carruagem correr até o horizonte e se tornar apenas um pequeno ponto invisível ― Serei um homem casado quando o ver novamente.

― Vocês ainda podem ter um caso. É muito comum homens da realeza manterem casos fora do casamento, às escuras, você sabe disso.

― Eu não sou um homem de ter casos, Malik ― Louis finalmente se vira para encarar o melhor amigo que tinha uma sobrancelha arqueada.

― Você tem certeza? Porque, se não me é engano, isso que você e George têm é um caso, um amor às escondidas ― ele sorria de lado, em um tom sugestivo, encarando o mais velho.

Louis caminhava com a postura intacta, apesar da tristeza fazendo certa pressão em seus músculos e quase o forçando a deitar-se na cama até sentir a dor da partida do amado passar. Precisar ser alguém obediente, alguém que segue e cumpre as regras era algo exaustivo e ele odiava isso, odiava submeter-se às normas de seu pai.

― Não enquanto eu estiver compromissado com outra mulher. Não sou infiel.

Os olhos castanhos passam a observar o quarto evitando encarar o melhor amigo, apenas analisando cada mínimo detalhe extremamente luxuoso do quarto do príncipe. Tudo parecia até mais caro apenas com o luar iluminando-os — sem o amarelo fraco das velas nos pequenos pratos —, não tinha certeza do porquê. Talvez fosse a melancolia no ambiente que gerava este efeito.

― Não é como se o que faz já não fosse adultério, Lou ― Zayn caminha até a cama fofa retirando os cobertores sujos com uma careta.

― Isso é ridículo ― o príncipe suspira pesado ao se aproximar para ajudar o amigo ― Sabes como me sinto com essa expansão repentina do cristianismo e essas regras, com meu pai se utilizando destes hábitos, expulsando pessoas do reino, garantindo que isso nos levará a um paraíso.