Sou Expulsa Mas A Investigação Prossegue

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— Aqui está. – a Sra. Reyes me entregou um copo com suco — Ellie deve estar pra chegar.

— Obrigado. – dei um gole no suco – Isso está muito bom.

Ela cruzou os braços e me encarou:

— Então, qual é o tema desse trabalho que estão fazendo?

Ok, eu tinha mentido, mas eu precisava de uma ótima desculpa para ir à casa da mãe dele e falar com a Ellie. Na verdade, havia sido bem fácil descobrir onde ficava, era só perguntar do meu pai. E por que eu estava ali? Curiosidade extrema, diga-se de passagem...e coragem, porque eu só consegui três dias depois daquela apresentação maluca.

— Um ao outro. – respondi, tentando parecer normal – Temos de mostrar a classe como o outro é, esse tipo de coisa.

Ela parou para pensar e no minuto seguinte estava me mostrando as fotos nas paredes e mais algumas outras. Tinha que admitir, Kurt era uma criança fofa e muito bonitinha. Tinham várias fotos em família ali e todas elas quase sempre contavam com três crianças, duas que eu sabia que eram Kurt e Ellie, mas quem era a terceira bem mais velha? E coragem de perguntar, cadê?

E ela resolveu me mostrar um vídeo. Pessoas gostam de fazer vídeos caseiros, eu nunca entendi porque, mas gostam. Sentamos no sofá da sala e ela deu play. E no vídeo aparecia um Kurt versão quinze anos no dia de Natal, sentado no sofá e com cara de quem comeu e não gostou. Ellie também estava no vídeo, abrindo seus próprios presentes. Então um cara mais velhos( e devo dizer muito bonito) apareceu nas escadas com uma caixa enorme, enorme mesmo, dizendo “ Para com essa cara de cu, Kurt, tá aqui seu presente. Tava escondido embaixo da minha cama. ” fazendo com que ele levantasse, agarrasse a caixa e começasse a abrir.

Depois de uns bons minutos rasgando papel de presente, ele finalmente deu de cara com uma coisa que parecia um enorme case de guitarra. E dentro tinha o que? Uma Fender Stratocaster vermelha novinha. Kurt primeiro teve uma reação igual do menino daquele vídeo viral do Nintendo 64 e depois olhou para o cara dizendo “ Onde você conseguiu isso, John? É muito cara!” e o cara(presumivelmente John) respondeu “ Eu tinha algum dinheiro guardado e um tempo livre para ir a Nova York. Tudo para o meu irmãozinho”.

Sabe que aquilo era bonitinho ao extremo? E eu nem ia adivinhar que Kurt e Ellie tinham um irmão mais velho. O resto do vídeo era ele tentando tocar aquela coisa enquanto Ellie brincava no chão com seus brinquedos.

— Ele ainda tem essa guitarra, aposto. – Sra. Reyes disse — Significou muito, ele ficou pedindo essa coisa por uns dois anos.

— Que bom que ele tinha um irmão legal.

— É, John era um ótimo irmão e um ótimo filho...se você considerar o meu lado.

Foi então que ouvimos a porta da frente abrindo e a voz de Ellie:

— Mãe cheguei! Kurt também, eu disse pra ele que o pai...

Eu só me ferro nessas horas. Eles dois apareceram na sala e se eu não conhecesse aquela desgraça, tinha tido tela azul. Mas na verdade ele ficou primeiro surpreso e depois puto quando viu o que estávamos assistindo.

— O que estão fazendo?

— Ih, já vai começar. – a Sra. Reyes levantou, pegou meu copo e foi em direção a cozinha.

— Que foi? – resolvi me meter e levantei na hora que ele chegou perto pra pegar o controle – Isso é legal.

— Não acredito que mostrou isso pra ela! – ele desligou a TV. Por que ele estava tão puto? — Eu já disse, mãe, que não gosto que ninguém se meta na minha vida!

Enquanto isso, Ellie estava fazendo umas mimicas no canto como se dissesse que era pra eu falar com ela mais tarde.

— Por que não, cara? – perguntei — Qual o problema?

Ele se virou para mim.

— E por que você está aqui, Beckett? Não tem mais o que fazer não?

— Eu só tav-

— Vai embora.

●●●

As conclusões que eu tirei daquilo é que Kurt Reyes tinha mais problemas familiares do que eu pensava. Sério e isso requeria mais investigação, bem mais e eu estava realmente ficando curiosa com essas história toda.

— Acho que ele vai te desculpar. – Mary jogou um Doritos na minha cabeça — Tem alguma coisa ali...

— Que faz todo mundo achar que ele é afim de você, o que é um milagre. – Zack fez questão de completar. Ele agarrou Mary por trás e deu um beijo no rosto dela — Falando nisso, desculpa pela história do banheiro. A gente não achava que alguém ia entrar.

Antes que perguntem, sim, eles estavam juntos. Não sei como aconteceu e ainda nem perguntei, até porque a Mary sempre sem jeito quando ia falar com o Zack antes de eles se pegarem...sei lá, acho que é destino ou alguém deu um empurrão nessa história toda. Por isso agora estávamos nós três na casa dela esperando o Adam voltar com pizza, yakisoba e bebidas. Tudo bem, eu encarava aturar ele por mais um tempo se isso me levasse aos meus objetivos.

E eu tinha certeza que ele só estava vindo porque eu disse que vinha.

— Relaxa, isso me deu motivação para o trabalho da Estudos Sociais. – dei de ombros – Mas o que faz vocês acharem que ele é afim de mim?

— Olha, - Zack fez uma pausa pra comer – eu conheço ele há anos e eu nunca vi aquele olhar pra uma garota como ele olha pra você. Não que ele fale, porque ele não fala, mas se prestar um pouquinho de atenção dá pra ver.

— Então é isso. – rolei os olhos – Mas vou levar apenas como suposição.

— Mas não esqueça que você tem um problema. – Mary levantou e jogou uma almofada no Zack – O irmão do bonitinho aqui também parece que é afim de você também.

— Ainda é um triangulo amoroso melhor que Crepúsculo! – Zack jogou a almofada para o lado e se jogou no chão — Só que, né, se eu fosse você ou fosse gay, eu escolhia o Reyes.

— Você tá mesmo baixando a bola do seu irmão ou o que?

— O Adam é um cara legal e tudo mais, mas eu não acho que vocês combinam muito. E não é porque eu sou irmão gêmeo dele e sei todos os podres dele desde o dia que ele nasceu. – ele deu sorrisinho malvado — É porque eu acho que o Kurt precisa de alguém. O motivo? Eu não sei, mas eu digo que tem alguma coisa errada com ele.

— Uhh, mistérios. – rolei os olhos – O que isso significa?

— Ele não era tão chato quando tinha quinze anos. Eu não sei o que aconteceu e nem sei se quero saber, mas ele meio que parou de ser um cara divertido que ele era. Sabia que ele não foi pra aula por uns três meses? Sério, e quando ele voltou...sei lá, ele tava mais fechado, mas nunca me contou o motivo.

— E agora ele nunca ouve ninguém e sempre se fode no final. – Mary completou, se jogando na cama — Ouvi o Adam dizer isso um dia.

— Por isso que eu digo que se eu fosse você escolhia ele. Só pela aventura de descobrir o que tem de errado com o meu amigo e quando você descobrir ,me conta. – ele deu de ombros – Pelo menos ele quase parece o cara de antes desde que você chegou. O Adam pode arrumar outra, acho que ele só tá nessa pra competir.

E falando no diabo, o gêmeo loiro bateu na porta e abriu cheio de comida na mão. Nós três nos olhamos e demos o assunto por encerrado. Era melhor comer e assistir o nosso filme do que ficar falando essas coisas perto daquele cara.

Bem, eu tinha muito trabalho pela frente.

Butterflies and HurricanesOnde histórias criam vida. Descubra agora