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A aproximação dela fez meu corpo estremecer.

- Você é bonita.

O que? Não fazia a mínima ideia do porquê disse aquilo. Millie se afastou e seu rosto foi tomado pela confusão, talvez ela não recebesse muitos elogios ou só não sabia como reagir.

Seus olhos passearam pelo meu corpo todo e depois meu rosto, fiquei envergonhada por estar sendo observada atentamente.

- Então Millie, você trabalha em que? - perguntei tentando puxar assunto -

Ela piscou e então seu rosto ficou sério.

- Qual seu interesse no que eu faço? - questionou rude -

Bufei indignada, aquela mulher era muito mal humorada! Além das vestes sombrias, a alma parecia ser igual.

Me afastei dela e levantei as mãos em rendimento.

- Apenas quero conversar mas se você não quiser, tudo bem, vou entrar!

Comecei a caminhar em direção a porta mas parei abruptamente quando ouvi sua voz;

- Sou jornalista e as vezes, eu canto também.

Me virei para ela com um sorriso, começando a ficar animada e cheguei perto dela.

- Você canta?

- Tenho uma banda.

- Imagino que seja de rock - brinquei

Millie cruzou os braços e sorriu de lado.

- Você julga muito pela capa - ela disse se referindo as suas roupas -

- Mas sei que estou certa.

Ela revirou os olhos confirmando a minha fala. De repente, Millie se sentou no chão e cruzou as pernas, fiquei sem entender até ela fazer um gesto para que eu me sentasse também.

- E você Sadie, o que faz da vida?

Fiquei alguns segundos pensando como era satisfatório ouvir meu nome sair de seus lábios, os mesmos que estavam pintados de preto e rapidamente me perguntei se eles eram macios.

Afastei aquele pensamento e me lembrei da sua pergunta.

- Sou escritora - respondi -

- E qual o seu tipo de livro?

- Romance, gosto de clichê.

Millie fez uma careta.

- Tão meloso! - ela disse -

- Mas não aqueles genéricos, o último que escrevi se passava em uma delegacia! - me defendi -

Ela mexeu no bolso da sua jaqueta de couro e pegou uma caixa de cigarro, colocou um na boca e procurou o isqueiro.

Observei todos os seus movimentos, enquanto ela acendia o cigarro. O jeito que ela inclinou a cabeça para trás e soltou a fumaça, me fez sentir algo que eu não fazia a menor ideia do que era.

- Pare de me olhar assim - ela sussurrou -

- Isso pode matar você - falei, ignorando o que ela tinha dito -

Millie me olhou e vi que seus olhos estavam mais escuros.

- Não me importo.

Dei de ombros e olhei para a estrada, estava cheio de carros estacionados mas não tinha ninguém por ali, exceto nós.

- Quantos anos você tem, Millie?

Não olhei para ela, mas ouvi que sussurrou um palavrão.

- Vinte e três.

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