Capítulo 13

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– Hel, acorde. Já chegamos em casa – Aos poucos ela desperta, abrindo os olhos e me encarando de um jeito diferente.

– Sam – Sussurra com sono. Se ela soubesse como mexe comigo quando me chama assim eu estaria perdido. – Precisamos conversar sobre... o que aconteceu.

Ela parece seria, decidida e isso me deixa receoso. Esperava que com o tempo ela pudesse vir a sentir algo a mais por mim além de desejo.

O problema não é esperar, tenho paciência e todo tempo do mundo quando se trata dela. Eu só não quero imaginar coisas que não aconteceram, isso pode acabar machucando a nós dois.

– Vamos entrar – Estendo a mão para ajudá-la a descer. – Sinto que precisarei de uma dose para essa conversa.

– Sirva duas – Ela diz após entrarmos e seguirmos em direção à sala.

Lhe entrego o copo e me sento na poltrona, esperando que ela comece a falar. Helena vira seu copo em um só gole repetindo isso mais duas vezes.

Foram necessários 5 copos antes que ela começasse a falar.

– Eu tinha sete anos, minha família resolveu fazer uma viagem de dois dias e meus primos, Lorenzo, Oliver, Ethan e Alicia ficamos aos cuidados de uma babá que era de muita confiança – Hel não esconde o desprezo em sua voz e meu corpo se enrijece com todas as possibilidades do que poderia acontecer.

– E o que aconteceu? – Incentivo-a a dizer.

– Na mesma noite em que eles saíram minha casa foi invadida por bandidos.  Eles prenderam cada um de nós em um quarto diferente. E durante horas e outras eu ouvi os outros gritarem e chorarem. O barulho era tão insuportável que me lembro de desmaiar pelo menos duas vezes – Me levanto e caminho até ela para abraça-lá quando vejo as lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

– A cada meia hora um desses caras entrava no quarto em que eu estava e me diziam que iriam matar todos eles, que eles iriam cortar suas gargantas, os afogar na piscina, eles... eu fiquei com tanto medo, Sam. Isso é uma coisa que eu não consigo esquecer. Não consigo ficar muito tempo presa a uma casa. Preciso sair e me sentir no controle, livre. Tinha pesadelos com aquele dia quase todas as noites, eles pararam depois que eu te conheci.

Ela serve-se com mais um pouco de bebida e respira fundo.

– Ficamos presos por 16 horas, com nada além de um pouco de água e biscoitos. Por longas 16 horas eu ouvi as pessoas que eu amo gritarem e chorarem, e eu não podia fazer nada, só pedir a Deus que não deixasse nada acontecer a nenhum deles – Hel deita a testa em meu ombro e soluça. – Alicia era um ano mais nova que eu, ela tinha catalepsia projetiva, mais conhecida como paralisia do sono. Depois de algumas horas presos parei de ouvir os gritos dela. Simplesmente pararam e uma briga começou no andar de baixo. Eram as vozes dos homens e da babá.

– Não sei como Lorenzo conseguiu, mas ele chamou a polícia. Quando eles chegaram invadiram a casa e nós soltaram. Eu procurei por Ali em toda parte, só que nada. Ela tinha sumido. A polícia descobriu que a babá quem havia arquitetado o assalto. Um dos ladrões encontrou minha prima deitada no chão sem se mexer, tentou acordá-la, mas não conseguiu – As palavras mal são possíveis de compreender. Helena chora e soluça em meus ombros.

– Ele pensou que ela estava morta e a enterrou no quintal. Só que não Samuel, minha prima não estava morta quando foi enterrada. Quando a polícia finalmente a desenterrou, ela havia morrido! Alicia morreu asfixiada no plástico que o ladrão idiota a enrolou. Ela só tinha seis anos, não merecia nada daquilo.

Deixo que ela desabafe, que exponha sua dor e a acolho recebendo tudo o que ela me der.

– Eu sinto muito – Sussurro contra sua pele. – Sinto de verdade que vocês tenham passado por isso.

– Oliver e Ethan nunca tocaram no assunto desde aquele dia. Minha mãe dizia que as pessoas têm formas diferentes de lidar com a dor. Lorenzo se afastou de todos, menos de mim, bom isso até crescermos e... Bom e eu? Bem, como pode ver meu escape está em comprar o máximo de coisas que eu puder e ficar o maior tempo possível fora de casa – Ela aponta para as sacolas no canto da sala e da um sorriso triste.

– Você e seu primo, Lorenzo conversam sobre ela? Ajudava ter alguém com quem desabafar? – Pergunto supondo que eles devem ter ficado muito próximos ao longo do tempo.

– Nós nos ajudavámos ou pelo menos pensávamos assim na época, mas não,  nunca falei com ninguém da minha família sobre ela. É quase como um assunto proibido. – Sorri amarga me lembrando de coisas que preferia esquecer – Assim como todos eles fingem não saberem que Lo e eu trepavámos em todos os cantos possíveis daquela casa quando eu tinha 16 anos até os meus 19.

Meu corpo endurece de ciúme, em um nível tão grande que de maneira protetora dou um passo para trás. Para longe dela.

Hel sem dúvidas percebe minha mudança, pois balança a cabeça sorrindo fraco e vem até mim abraçando minha cintura e se aninhando em meu peito.

– Ei, ei calma aí – Diz em um tom divertido. Eu disse quando eu tinha 16, não durou tanto tempo assim, baby e a única coisa que sinto por Lorenzo é um respeito bem secreto e simpatia de primos. Praticamente nós odiamos agora. Nada mais. Nada comparado ao que sinto por você, Sam.

Eu não disse? Ela sabe bem como me manipular.

– E o que você sente por mim, Hel?

– Não ficou óbvio? – Pergunta corando.

– Não, acho que não. Vai ter que me dizer o que você sente. Eu já te disse o que sinto.

– Eu... gosto de você. Muito. Bastante sendo honesta. Se eu tivesse que matar alguém você não seria minha primeira opção – Diz em um murmúrio fofo.

– Ah, é mesmo? Em qual colocação eu estaria?

– Você seria do top 15, a posição não é importante por agora – Desconversa sem me encarar.

– Está querendo dizer que está apaixonada por minha senhorita Helena Roberts Walker? – Vacchiano.

– Não foi isso que eu disse?

– Na verdade, não sei dizer se sua declaração foi de amor ou uma ameaça de morte – A puxo selando nossos lábios em um beijo casto.

– Foi os dois. Uma declaração se você prometer não me machucar e uma ameaça se você quebrar meu coração.

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Postando mais cedo que o normal para desejar à vocês um bom fim de semana e um ótimo feriado, beijos ♡

La Mia Dea HelenaDove le storie prendono vita. Scoprilo ora