░A░r░d░e░n░t░e░

III

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Adrien olhou para o vasto teto acima dele, esfregando os olhos pelo que parecia ser a milionésima vez. O relógio em seu telefone mostrava que já passava da meia-noite, mas isso ele já sabia. Ele estava se revirando na cama há horas, mas não conseguia esquecer sua última conversa com Ladybug. Um registro tão preso era sua mente, que ele não conseguia se concentrar em nada além do jeito que ela falou com ele, o jeito que ela olhou para ele, o jeito que ela o beijou .

Com um longo suspiro de sofrimento, Adrien saiu de seus lençóis e caminhou descalço em direção à janela. Apoiando o braço contra o vidro frio e descansando a cabeça de sua mente privada de sono contra sua pele, ele fechou os olhos. Seus músculos gritavam para ele se deitar e descansar, mas seus pensamentos continuava a provocá-lo.

Um bocejo que não era seu tirou Adrien de seu tormento.

"O que você está fazendo acordado tão tarde?" Plagg flutuou até ele. O Kwami preto parecia ter acabado de acordar, pois seu padrão de vôo era irregular e seus olhos pareciam tão atordoados quanto os de Adrien provavelmente estavam. Plagg flutuou para a luz da lua que brilhava sobre eles, seus olhos brilhando daquele jeito felino por alguns segundos. Adrien se perguntou se seus olhos faziam isso quando ele era Chat Noir. Ele teria que perguntar a Ladybug...

...My lady.

Nunca antes sua lady o havia beijado na bochecha. Nos três anos em que foram parceiros, ela sempre foi a única a manter a distância entre eles. Ele era o único a bisbilhotar e testar as águas para qualquer chance de se aproximar dela, desde que não a deixasse desconfortável ou ultrapassasse a linha. Ah, claro que houve algumas vezes em que ela o abraçou, mas apenas depois de batalhas ferozes, quando eles apenas conseguiram escapar. Ela estava com medo, preocupada por tê-lo perdido. Por isso e tantas outras coisas não ditas, ele sabia que ela confiava nele, se importava com ele, e isso foi o suficiente. Agora, por causa de um simples gesto que provavelmente não significava nada para ela, sua cabeça estava girando. Seu coração torceu em seu peito. Pelo amor de Deus, ele estava praticamente definhando sob o céu iluminado pela lua como um gatinho apaixonado"Acho que provavelmente sou a pessoa mais patética de toda Paris" Adrien pensou com uma careta.

Ele amava Ladybug. Ele a amou por três anos, continuaria a amá-la além do dia de sua morte. E às vezes esse amor era tão doloroso quanto maravilhoso. Uma dor maravilhosa. Foi assim esta noite, quando ele finalmente vislumbrou algo novo nela. Sua vulnerabilidade, um lado gentil dela, alguém que ficou cativado por sua honestidade o suficiente para lhe mostrar mais afeto do que qualquer um em anos. Adrien queria conhecer mais esse lado dela, queria a garota por trás da máscara tanto quanto a garota nela. Ele ansiava por conhecer a pessoa que gostava de rosa, que queria ser estilista, que não queria que ele parasse de flertar com ela.

Tudo isso teria sido o suficiente para mantê-lo acordado, mas havia algo na maneira como Ladybug estava agindo que ainda não tinha clicado em sua mente, afastando-o dos reinos do sono. Uma familiaridade comovente que ele não conseguia entender. Ele não entendia por que de repente se sentiu atraído pela timidez em seu semblante. Ela o lembrou de alguém, e por alguma razão isso o fez amá-la ainda mais? Como isso foi possível? O que isso significava?

"Hum, Ol-aa? Terra para Adrien! O que está acontecendo com você garoto?" A pergunta mordaz de Plagg o tirou de seu devaneio e Adrien balançou a cabeça, fixando seu companheiro com um olhar de desculpas.

"Desculpe Plagg, eu simplesmente não consigo dormir. Pensando."

"Sobre o seu amor?" Plagg brincou com uma voz cantante, seu sorriso irônico. Adrien revirou os olhos virando-se para a janela mais uma vez.

"Eu quero encontrá-la Plagg. Eu vou encontrá-la. Eu vou provar a ela o quanto ela significa para mim." Ele sussurrou sua declaração, olhando para a lua sorridente. Adrien se perguntou se ela estava olhando para ele também. Ele sabia que ela estava lá fora em algum lugar, mas isso não era mais suficiente. Eles compartilhavam o mesmo céu, o mesmo destino. Ambos foram escolhidos para proteger a cidade de Paris. Mas, mais do que tudo, Adrien queria oferecer a ela seu coração e pedir que ela o protegesse em troca do dela, que ele guardaria com mais ferocidade do que qualquer milagre. Ele sabia que era um grande pedido, mas eles não podiam compartilhar suas almas também?