7- Olá Boston! Destruição iminente

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Não consegui achar nenhuma desculpa boa o suficiente para evitar a missão que não envolvesse contar do meu passado, então lá estava eu andando pelas ruas de Boston com meus amigos em uma tarde de quarta-feira.

Eu estava muito tensa e em alerta total, como se a qualquer segundo alguém fosse aparecer de uma esquina gritando meu nome e um monte de coisas da minha infância para todo mundo ouvir.

Já os meninos pareciam turistas, e tinham praticamente esquecido da missão.

Depois de vinte minutos andando por aí, finalmente comecei a relaxar. Mesmo se tivesse alguém que ainda lembrasse de mim por ali, Boston era uma cidade grande, e estávamos longe do bairro onde eu cresci.

Lucas decidiu parar por alguns minutos para fazer um feitiço localizador e nos ajudar a achar onde precisávamos ir ao em vez de perambular sem rumo a tarde toda. Tínhamos usado um portal para chegar aqui ao meio-dia, e tínhamos que ter resolvido tudo antes do pôr do sol para conseguir que Nut nos levasse pra casa. Ele fez um círculo de hieróglifos no chão e começou a meditar.

- Ei!- Chamei Marco e Luís que ficavam tentando pular e acertar placas de trânsito.- Venham aqui.

Depois de eles terem chegado perto, uma aura brilhante começou a se tornar cada vez mais visível ao redor de Lucas, e ele murmurou palavras estranhas. Quando acabou, o ajudei a se levantar e os meninos apagaram os desenhos de giz no chão.

Depois que o mais velho se recuperou ele começou a nos guiar concentrado pelas ruas, como se estivesse em uma espécie de transe. Ele devia estar olhando parcialmente dentro do Duat, ouvindo sussurros de magia para conseguir chegar onde precisávamos.

Percebi um pouco tarde demais onde era.

Assim que me dei conta, vi que Lucas observava o movimento da Ponte Longfellow. Ele fechou os olhos, respirou fundo, e olhou para nós pela primeira vez em pelo menos quinze minutos.

- É aqui.

Minha pulsação acelerou e tentei parecer calma. Os três se espalharam para vasculhar o lugar e me vi indo na direção da cerca que impedia as pessoas de caírem lá embaixo. Observei a água azul brilhando pacificamente debaixo de nós, se estendendo infinitamente mais a frente.

Minha respiração começou a ficar superficial e fraca enquanto minha visão se alternava entre duas imagens da paisagem à frente. Uma era a inofensiva baía tranquila à tarde que eu via agora, a outra era coberta por nuvens de tempestade à noite, com um barquinho solitário no meio das ondas selvagens, prestes a virar.

Não sei quanto tempo fiquei daquele jeito, lutando contra lembranças e tentando não entrar em crise. Agora era um péssimo momento, e tinha muita gente em volta. Por que raios eu aceitei vir pra Boston?

- Aubrey.- O jeito que meu nome foi dito sugeria que já tinham me chamado várias vezes. Me virei e vi os meninos me olhando preocupados na calçada. Foi Lucas que tinha falado. - Tá tudo bem? Sentiu alguma coisa?

Demorei um tempo para responder. Respirei fundo acalmando meus nervos e finalmente senti tudo que estava acontecendo ao nosso redor. Com isso veio a familiar sensação de magia próxima.

- Sim. Tem magia por aqui. E parece estranhamente com a minha.- Andei até a beira da calçada e virada para a rua fechei os olhos.- Um segundo.

Peguei poder de Néftis e ergui as mãos. As posicionei verticalmente e movi os braços em um círculo antes de cruzar as mãos sobre o corpo. Assim que abri os olhos foi como se a realidade a nossa frente se quebrasse como resultado do fim do feitiço de ilusão.

Problemas da Família ChaseWhere stories live. Discover now