Thiago nunca se sentiu tão estranho.
Aos 18 anos (e com os pés praticamente fora do ensino médio), o astro do time de futebol do Colégio Mandela se vê lançado em meio a uma teia de sentimentos e desejos nunca antes vistos.
Mas, de onde vêm esses ta...
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Na hora do nosso treino de futebol (que de uns tempos para cá se tornou meu momento preferido), temos que dividir parte da quadra com as líderes de torcida.
Em outros tempos - onde tudo o que importava para mim era ter todo o campo livre para os passes (e chutes) - isso talvez incomodasse, mas agora, com a oportunidade de ver o Leonel ensaiando e rebolando o corpo com as outras meninas, os outros detalhes sequer importam.
Fiquem à vontade, bebês!
É por esse motivo que não faço parte do bando de jogadores que reclama insatisfeitos no começo, mas que logo se rendem a visão delas em calça lycra e não se importam com mais nada além de babar e perder os passes por falta de atenção.
Como um bando de zumbis que ao invés de cérebro anseiam pra mandar ver numa daquelas vaginas.
O Zeca nunca antes deixou tantas bolas passarem.
Durante toda a partida, tenho de monitorar meus atos e calcular o momento certo de dirigir meus olhares para o Leo.
Isso porque sou o destaque em campo, o capitão do time. Consequentemente, acabo sendo o foco principal. Como não quero ser pego no ato dando uma olhada marota pra ele, tento fazer isso o mais discretamente possível, entre um passe e outro.
Eu gostaria de dizer que não sou correspondido, talvez fosse até mais fácil deixar isso tudo de lado e seguir em frente. Mas, mesmo agora, olhando atentamente, não é o que posso observar.
A verdade é que há tempos venho percebendo os olhares de desejo que ele dirige a mim pelos cantos; seja nas vezes em que nos reunimos para jogar com o Odilon na sua casa, quando estou em campo ou simplesmente quando nossos caminhos se cruzam no corredor (onde eu dou sempre um jeitinho de disfarçar com os outros caras e agir como se ele não tivesse ali).
Tipo, só por garantia...
Quando estamos ali, jogados no quarto do Od e falando um monte de baboseira dispensável, me pego olhando para a porta do Leonel (sempre fechada) e imaginando uma cena em que levanto, vou até lá e mando ver nele. Ele está com uma camisa longa – dessas que costuma usar quando resolve sair do quarto para pegar algo na cozinha – mas sem nada embaixo dela.
