Kim Jungeun está no mercado. Não, ela não está fazendo as compras do mês, pois esta já fez duas semanas atrás com Hyejoo e Haseul — Hye gosta de ser levada dentro do carrinho de compras e Haseul é a única da casa que realmente cozinha, então a sua presença é bastante importante. Ela está lá porque foi liberada uma hora mais cedo do trabalho e, quando mandou mensagem para a jornalista comunicando-a sobre isso, foi recebida com uma pequena lista de compras com os ingredientes específicos para o jantar de noite: ratatouille, um pedido especial da filha após assistir o filme de mesmo título.
Ela nunca comeu ratatouille e nem nunca apresentou o prato à Hye, então não sabe o que que está por vir, mas espera do fundo do coração que Haseul faça algo gostoso com isso porque ela está faminta e a possibilidade de ter que esperar ainda mais tempo do que o planejado para comer a deixa em desespero.
Por precaução, sua mão arrasta-se para as embalagens de pizza congelada ao passar pela área dos frios, jogando uma rapidamente para dentro de seu carrinho e olhando para ambos os lados, como se alguém a estivesse julgando por isso. Ninguém o está.
— Mas o que vocês resolveram depois disso? — A voz de Sooyoung soa pelos fones de ouvido. Elas estão em ligação desde que a morena saiu do carro para entrar no supermercado, há bons quinze minutos, e o assunto é o mesmo desde então.
— Nada, Sooyoung, você não está me ouvindo?! Nós não conversamos sobre isso ainda.
— Caramba, Jungeun! Você beija a garota e finge que não aconteceu? Quem é você e o que fez com a minha parceira de laboratório louca para viver um grande romance lésbico?
— Ha Sooyoung! — ela grita, esquecendo-se que está em um lugar público. A velhinha no fim do corredor a olha como se a achasse maluca, e se afasta para aumentar ainda mais o seu constrangimento. — Sinceramente, eu não sei porque ainda tento! Passa a porcaria do telefone para a Jiwoo, ela é mil vezes melhor do que você com essas coisas.
— Ela está ouvindo, estamos no viva-voz. Diz oi, amor.
A fala faz a Kim revirar os olhos e se perguntar porquê não preveu isso antes, apanhando o último item da lista — trata-se de um saco de batatas — e rumando ao caixa.
Depois de um tempo, e ela pode apostar que houve alguma discussão na residência Ha, a voz de Jiwoo soa vibrante, tão alta que ela diminui o volume de seu celular enquanto paga pelos produtos.
— Eun! Já sei de tudo, a Soo me contou tudinho!
— Eu imaginei, Jiwooming.
— Então... O que você vai fazer sobre isso? Porque você não pode deixá-la no escuro por muito mais tempo, certo? Vocês têm que sentar e conversar como as adultas que são, principalmente por conta da pequena Hye, né.
Ao ouvir o que não queria, a cientista sente o incômodo atingir seu estômago e é levada para fora da sua zona de conforto, que a diz que ela não está nada preparada para ter essa tal conversa de adulto com a mãe de sua filha — que ela beijou.
— Hm, Jiwoo, tenho que me virar com as compras agora, podemos nos falar depois?
— Sua fujona! Mas tudo bem, Kim Jungeun, nós iremos sim conversar depois, porque você vai levar Haseul à festa de Halloween neste fim de semana! Adeus!
Kim Jiwoo: 1. Kim Jungeun: 0. E para sempre seria assim porque a ruiva é teimosa demais para desistir de qualquer coisa... Entretanto, talvez ela não esteja tão errada em invadir a vida da amiga porque, no fim das contas, Jungeun não tem uma acompanhante para a festa de sua empresa e levar a Jo não seria ruim; Kim Hyunjin está mesmo devendo-lhe um favor e ela vai fazê-la ser babá de Hye como pagamento.
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Linhas do Destino
FanfictionAos três anos, Kim Jungeun ganhou um irmão; aos dezessete, ganhou uma vaga na M.I.T, e aos vinte, ganhou uma sobrinha. Aos vinte e três, ela viu seu caçula ser forçado a criar uma criança sozinho quando a mãe da garotinha, uma órfã desesperada por u...