As luzes e um acontecimento (Prólogo Noah)

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Ah as noites de sábado... Não existe nada melhor do que elas e tudo o que elas oferecem: o fim de uma longa semana abarrotada de pocket shows, trabalhos em novas composições e o começo de bebedeiras, bilhões e bilhões de bocas dando sopa e vários pocket shows pela cidade maravilhosa; Definitivamente minha vida não poderia estar melhor, faço o que amo e ganho com isso ainda que seja pouco. Sei que estou no começo dessa caminhada, mas as vezes cansa esse começo ser tão longo assim e raramente dá vontade de desistir de tudo e fazer algo meia boca, mas que vai me dar mais embora falte aquela paixão e aquele brilho no olhar que sinto... E pra mim, Noah Jacob Urrea, isso é o mais importante em qualquer coisa que eu me proponha a fazer, se eu sentir paixão no que faço, eu me jogo com prazer, mas se não sinto, não há dinheiro que pague minha transparência.

— Noah?!
— Sim Hayley, aconteceu alguma coisa?
— É que só vim te liberar pra você ir pra casa, agora lembrei que o metrô fecha mais cedo e que onde você mora é terrível de ônibus, eu já pedi um uber e ele já tá vindo, tudo bem?
— Tudo sim amiga, obrigado por tudo, tá?
— Ah, que isso, além de sua patroa também sou sua amiga acima de tudo, é o mínimo que posso fazer por um cantor tão talentoso e um grande amigo. – Hayley tem o dom de me deixar vermelho com uma facilidade que acho incrível. – E lembra sempre do que eu e os meninos te falamos...
— Você vai ter o reconhecimento que você merece e que é todo seu. – Respondo e falamos em uníssono, até mesmo com a voz de Bailey também falando.
— Tem espaço pra mais um? Pode pedir pra ele esticar uma perninha para Campo Grande? – O deboche dele é uma coisa que amo e odeio ao mesmo tempo.
— Não se exalta não viu Baymax? Você tem dois frescões que circulam a noite toda. – A Hay retrucou de um jeito que até eu senti e nem foi comigo. – Ele chegou amigo, vai lá, tá? E avisa a gente quando chegar, tudo bem?
— Tudo, tchau amores, amo vocês dois demais. – Me despeço deles com um abração e sigo em direção ao carro que me leva até o metrô da General Osório; mesmo não estando no meu estado mais são, ainda conseguia estar muito atento apesar de estar andando mais devagar que o normal.
São tantos anos sem pegar o metrô aqui que nem lembrava de como essa estação era extensa e funda, mas pelo menos as escadas rolantes e a esteira estão funcionando bem, mas estava muito sem pressa para alguém que mora onde os ônibus são como a Cinderela: somem antes de meia-noite. Mas a fome e a sede que eu tinha não iria conseguir segurar por todo o caminho e ainda com uma baldeação no Estácio, a sorte é que do lado do caixinha eletrônico de bilhetes tem uma máquina de comida, ô sorte...
Depois de comprar dois Oreos, uma coquinha e uma água fui comprar meu bilhete e, depois da máquina ter me dado-o, tentei descer para a plataforma pois havia um trem ali parado, mas era estranho o elevador estar desligado e todas as escadas fechadas até que ouço uma voz feminina por trás de mim.

— Senhor, está perdido?
— Nour? É você?
— Noah? Menino do céu!!! – Ela começou a me abraçar como se não existisse amanhã, fazia muito tempo que não nos víamos. – Me conta, como anda a vida, como está tudo, quero saber de tudinho!!! – Definitivamente ela não mudou em nada, e eu sentia falta disso.
— Nossa, minha vida tá ótima, tô cantando e lucrando até bem com isso, faço vários mini shows pelo Rio e tô amando muito o carinho do público todos os dias. – Relato à ela completamente feliz com minha vida.
— Nossa eu lembro como você sonhava em ser um super cantor, e tô tão feliz de ver que você tá conseguindo isso, sério amigo; mas enfim, tá procurando o embarque? – Questionou ela voltando ao modo agente de atendimento do Metrô Rio.
— Sim, eu lembro que ficava aqui e tá tudo fechado agora.
— Então, aqui só abre agora eventualmente; como réveillon, carnaval e o Rock in Rio; eu vou pro embarque junto com meu amigo; Alex, vem!!! Podemos ir todos juntos, ele se mudou pra perto de nós.
— Claro, e como eu nunca percebi???
— Partiu casa mana? Quem é o gato aí? – E chega Alex, bem galanteador o moço.
— Sou Noah, e partiu casa com prazer pois vocês vão me levar até o embarque. – E nisso nós três seguimos até a outra plataforma, e se eu achava que não havia como essa estação ser mais funda, eu me enganei feio. Quando descemos a escada rolante para a plataforma do meio, puxamos conversa.
— E então Alex, quando se mudou pra lá?
— A pouco tempo, até que estou gostando de lá, é bem calmo e tenho agora não só um, mas dois amigos coladinhos comigo.
— Ele ainda tá bem iludido com tudo, nem esquenta.
— O que faz da vida Noah?
— Eu canto, componho e faço shows por aí, meu violão não me deixa mentir.
— Deve ser incrível, eu amo dançar, mas fico mal pela dança ser tão pouco valorizada.
— Ele dança super bem amigo, tem que ver, nossas folgas são no mesmo dia, o que acha de passar o dia conosco?
— Vou amar.

Eis que os trilhos começam a fazer barulho, e com uma luz forte se aproximando eis que chega ele, o último metrô para Uruguai; como o último vagão geralmente é o mais vazio, nos posicionamos atrás da faixa amarela até ele parar e quando a porta se abre, dou de cara com uma cena inacreditável.

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