Prólogo - Reinício

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Querido leitor, estamos de volta!

Desculpem o atraso de um mês na publicação desse segundo livro, mas tive algumas reviravoltas na minha vida e precisava dedicar um pouco mais de tempo. Reviravoltas boas, fiquem tranquilos!

Tenho um carinho imenso por esse livro e garanto que o ritmo será frenético, não se distraiam e se preparem que o bicho vai pegar!

Para esse livro faremos uma dinâmica diferente. Ao final de cada capítulo, lançarei um capítulo novo só com a avaliação dele através de um vídeo meu com convidados. O legal disso é que anunciarei a gravação dessa conversa com antecipação e todos poderão participar ao vivo! A ideia é ter uma integração minha com vocês cada vez maior.

E quanto às músicas, essas não podem faltar:

Para esse prólogo já vamos nos levantar e se preparar que vem emoção à vista!


Ansiedade.

Era o que Ramirez sentia na presença do Anjo Deus Cronos. O Anjo mais enigmático do Vale dos Anjos apresentava-se à sua frente com sua pele lisa e sem vestígios da idade que possuía, além de cabelos brancos compridos e finos como fios de uma harpa. Já Ramirez não se orgulhava de sua forma franzina, altura próxima a de um adolescente e bigodes compridos como os de um rato, mas sabia que isso ajudava a espantar os curiosos a respeito de seu real poder.

Os dois trocavam olhares sem se manifestar. Os acontecimentos do último dia tinham levado a situação do Vale dos Anjos a um patamar inédito e Ramirez sabia que Cronos exigiria agilidade a partir daquele momento, pois caso não o fizesse tudo ruiria em pouco tempo. O ambiente com chão e paredes de mármore branco só aumentavam a angústia daquela situação, mais ainda pelo fato de Cronos estar alguns degraus acima de Ramirez, atrás de sua gigantesca miragem, um muro que refletia os acontecimentos futuros, de acordo com a pessoa a qual Cronos buscava saber no momento. Era uma imagem tão real, quando projetada, que era difícil acreditar se tratar de uma miragem.

Recuperado dos devaneios e não aguentando o silêncio constante, Ramirez se pronunciou.

— Acho que não preciso mais te estudar para saber o porquê da minha convocação, estou certo?

Cronos fez o movimento de afirmativo com a cabeça. A túnica branca que usava só fazia os olhos de Ramirez se irritarem, mas, para seu alívio, uma faixa dourada na cintura ajudava na visualização do ser.

— Saudações, mestre Ramirez! Também fico feliz em vê-lo, sabia? — Cronos parecia mais animado que o normal, o que era de se esperar naquela situação. — Quero que saiba que fez um exímio trabalho com ele até o momento. Você realmente é um dos melhores naquilo que faz. Acho que deve ter acompanhado os noticiários...

— Sim, eu acompanhei — Ramirez não gostava das embolações de Cronos. Ele sempre fazia suposições de fatos que tinha certeza e isso o irritava — também vi que o Torneio foi suspenso pelos outros Anjos Deuses. Com essa situação eu não tenho muito que fazer — Cronos virou as costas, porém parecia ouvir atentamente a cada palavra de Ramirez, pois seus passos não faziam barulho, lembrando um bailarino executando seu passo de dança.

— Fique tranquilo, Ramirez que isso já foi resolvido. Vamos tratar do que realmente interessa — Cronos interrompeu sua caminhada, porém ainda permanecia de costas para ele. — Você está preparado para cumprir a sua parte na missão? Acho que deve ter noção da sua importância nisso tudo, não deve?

— Sim.

— Muito bem, e é por isso que preciso garantir que nada sairá dos eixos.

— Eu sei da minha importância, Cronos, mas sei que pra deixar tudo pronto levará um bom tempo. Você deve saber que pra efetuar a manipulação completa pela primeira vez o tempo de reclusão até o retorno é muito grande. Serão muitos dias até tudo normalizar. — Cronos demorou a responder, parecendo impaciente com aquela conversa. O fato de permanecer de costas era provavelmente para não demonstrar isso a Ramirez.

— E mais uma vez eu tenho que lhe dizer para se preocupar apenas com o que for necessário. Eu cuido da questão do tempo. Na verdade o Torneio só foi suspenso por causa disso — pela primeira vez Ramirez ficava surpreso na conversa e isso o assustou.

— Como assim só foi suspenso por causa disso?

— Se o Torneio não fosse suspenso e seguisse o cronograma preparado, sei que não conseguiria ter tempo para cumprir as etapas necessárias e por isso essa paralisação foi importante.

Ramirez arregalou os olhos. Cronos sempre estava um passo à frente dos outros.

— Você sabe que se a situação se desenrolar do jeito que esperamos vamos precisar de mais tempo para a preparação final, não sabe? — Cronos girou o corpo voltando a encarar Ramirez e naquele momento ele entendeu. Cronos já estava preparado para aquilo também. Ramirez sorriu, afinal, não tinha como encontrar falhas em prazos quando se discutia com o Deus do Tempo.

— Muito bem, se é assim pode ficar tranquilo que garanto sucesso naquilo que estiver sob a minha responsabilidade. Tudo sairá como o planejado.

— Não se iluda, Ramirez. Ao mesmo tempo em que conversamos aqui, o outro lado conversa lá e prepara as suas ofensivas. Por isso temos que trabalhar com afinco se quisermos ganhar essa guerra.

— Saiba que pode contar comigo.

— Assim espero. Confio em você e o chamei aqui apenas para ter certeza de que tudo está conforme o planejado. Agora não podemos falhar em nenhuma etapa. Daqui pra frente cada passo precisa ser estudado e espero que essa situação acabe logo. Fomos felizes até agora, a profecia foi precisa em relação a ele e não é agora que ela iria falhar, mas não é por isso que devemos nos acomodar. — Cronos desceu os degraus se aproximando de Ramirez — Afinal, como você muito bem deve saber, já enfrentei problemas por interpretá-la errado. A verdadeira batalha está prestes a começar.

— Se depender de mim esse conflito se encerrará em breve.

— Veremos — Cronos parecia não acreditar nas palavras de Ramirez, porém não demonstrava quaisquer reações sobre o que ouvia — bom, agora preciso me retirar. Estou me preparando para a próxima etapa do plano e não posso perder mais tempo aqui. Obrigado pelo trabalho que tem feito Ramirez. E não se esqueça de mandar meus cumprimentos ao ser do capuz.

Ramirez riu e saiu daquele local com a cabeça baixa e braços para trás, sua posição quando precisava refletir sobre algo que lhe incomodava. Naquele momento, o que lhe perturbava era o sentimento de que o período de paz duradouro no Paraíso estava para acabar. Também sentia que seria o responsável direto pelo desfecho desse longínquo conflito no qual Cronos estava envolvido. Mas era de desafios que ele gostava, já que sempre odiou a monotonia. Naquele momento quis voltar e confessar o medo que sentia e o receio de falhar na missão, mas se fizesse isso poderia perder o local privilegiado que ocupava naquele tabuleiro e jamais se daria ao luxo de perdê-lo.

A presença daquele rapaz havia desequilibrado a rotina do Paraíso e o rapaz nem fazia ideia disso. Isso sim é o que Ramirez chamava de desafio!  

O Vale dos Anjos - O Poder da Luz (Livro 2) -  FINALIZADO!!!Where stories live. Discover now