Capítulo 2

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 Papai gritava com minha mãe no quarto, dizendo que precisávamos fazer uma viagem de última hora. A cada grito que meu pai dá, eu cubro os ouvidos com as mão, fecho meus olhos com força e tento distrair minha mente para não escutar. Minha mãe tem cabelos cor sol e olhos cor céu, e eu como filha não poderia ser diferente, somos a cópia uma da outra. De repente tudo fica em silêncio, a gritaria para e a porta do quarto dos meus pais se abrem. Meus pais saem pé por pé como se não quisessem fazer barulho, mas moramos em uma casa de madeira, então tentar não fazer barulho é um trabalho difícil. Minha mãe chega até mim e coloca o dedo na boca, em sinal para eu ficar quieta, pega na minha mãe e me leva para a parte de trás de nossa casa que dá para uma floresta.

— mamãe, o que está acontecendo? — pergunto assustada, ela me olha com lágrimas nos olhos, mas logo vira para frente e continua a andar. Na parte de fora tem uma casinha, onde costumamos colocar as coisas que não usamos, ela abre a porta com a chave e me coloca para dentro. — porque está me trazendo pra cá?

— Meu amor, preciso que fique aqui quietinha e não sai por nada, não grite e nem cora. Fique aqui — ela fala rápido olhando para os lados, como se estivesse procurando alguém. Ouço vozes vindo de dentro de casa, são vozes desconhecidas. — Não sai por nada — ela fala chorando, imediatamente, mamãe me abraça contra o seu peito com um olhar de assustadas. — nunca esqueça que a mamãe e o papai te amam, nunca se esqueça disso.

Depois disso mamãe me soltou e fechou a porta, me deixando sozinha naquele lugar apertado. Fico em silêncio esperando mamãe voltar, mas me assusto com barulhos alto que me lembram fogos, aqueles que brilham no céu. Ouço gritos da minha mãe, não entendo o que ela fala, penso em me levantar e ir até ela. Mas a voz dela recoua em meus ouvidos.

— Não saia por nada

Depois de vários tiros e gritos, veio o silêncio. Fico com medo de sair, a mamãe vai brigar. Não sei ao certo quanto tempo fiquei lá, lembro-me de pegar no sono e acordar com a porta sendo aberta.

— mamãe? — a luz é muito forte não vejo quem é.

—Senhor, achamos uma criança — um homem com uniforme cinza fala, logo vira pra mim e se abaixa — Olá, mocinha. Me chamo policial Maicon, como você se chama?

Olho assustada.

— Helena, cadê minha mamãe? — seu olhar é como se sentisse pena, porque ele está me olhando assim?

— Seu nome é muito bonito — fala se levantando e me pegando no colo, olho para os lados e vejo muitas pessoas vestidas igual ao policial Maicon. — quer andar no carro da polícia, Helena?

Concordo com a cabeça. Vamos para frente da casa, e vejo dois sacos pretos entrando em um carro grande branco, as pessoas me olham com uma cara estranha.

— Moço, eu quero minha mamãe, me leva até ela — falo com os olhos cheios de lágrima. Ele me olha como se quisesse me falar algo, mas não sabe como, a dor de estar longe da minha mãe aumenta — onde ela está?

— Helena, a mamãe e o papai foram para um lugar bonito, cheio de flores e o sol nunca para de brilhar. Eles estão na paz agora — na paz? Eles foram para o campo e me deixaram? Quando eles voltam?

— Eles vão demorar? — por fim chegamos no carro e ele me pós sentada no banco de trás do carro, ele fecha a porta. E entra na parte da frente e liga o carro, começamos a nos movimentar e olho para a janela e vejo minha casa ficando para trás.

— Eles não iram voltar, Helena — começo a chora.

começo a ouvir um barulho no fundo da minha cabeça, ele começa a ficar mais alto e uma luz começa a brilhar. Acordo com o despertador tocando, sento na casa e aperto no botão para desligá-lo, passo a mão em meus olhos e seco as lágrimas do meu rosto.

— De novo sonhando com aquele dia, Helena!? — falo pra mim mesma, quase todas as noites sonho com o dia da morte de meus pais, já faz oito anos que eles se foram, mas a dor em meu peito nunca cicatriza, mas como pode cicatrizar? Como falar para uma criança de dez anos que seus pais morreram por conta de dívidas? Como falar para uma criança que ela vai morar em um abrir temporário? Como falar para uma criança que agora ela está sozinha?

Mexo meus ombros um pouco, acordei com dor nos braços, mas isso não é novidade, a cama dura do abrigo não é muito confortável. Olho para as paredes sujas, onde eu chamo de quarto. Ele é pequeno, só tem uma cama e um armário pequeno para por minhas roupas, que alias não são muitas, no lado da minha cama de solteiro tem uma mezinha onde só cabe o despertador e uma luminária.

Me levando, me espreguiço e começo a arrumar a cama. Hoje levante mais cedo, fui escalada para ajudar com o café da manhã, olho para o relógio novamente, são cinco e meia da manhã. Saio do quarto vestida com um vestido simples florido de cor amarela e vou em sentido ao banheiro para fazer minha higiene. Ao termina, vou o mais rápido possível à cozinha para ajudar as irmãs Luiza e Fátima com o café. Onde moro, é comandado por freiras.

— Bom dia, minha menina, dormiu bem? — a madre Fátima fala ao me ver entrar na cozinha. Ando até o a mesa de madeira que tem ao centro da cozinha e me sento na cadeira.

— Não dormi muito bem, madre! — a madre e luiza me olham preocupadas

— Andou sonhando de novo? — irmã Luiza vem para perto de mim e pega minha mão para tentar me confortar.

— Sonho sempre, já deveria estar acostumada, mas parece que toda vez vem algum sentimento novo e parece sempre que é pior a dor.

— Oro todas as noites por você, minha menina, e acredito que Deus ouvirá minhas preces e te livra desses pesadelos!

Espero do fundo do meu coração que Deus ouça as orações da irmã Luiza. Preciso que essa dor acabe.

— Agora chega de falar, vamos começar a fazer o café que logo nossas crianças acordam — Madre Fátima fala.

DARK - Romance nas sombras.Onde histórias criam vida. Descubra agora