Capítulo 4

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Anos atrás ....

Karol

Vejo novamente meus pais arrumando as malas para irem viajar e sem se preocuparem em me deixar mais uma vez sozinha e aos cuidados dos empregados.

Não sei com que eles trabalham e pouco me importa também, mas me sinto uma completa intrusa na vida deles. Talvez se eu não existisse eles seriam mais felizes.

_ O que foi dessa vez, Karoline?

Dona Eleonora me pergunta parada com as mãos sobre a cintura com as suas roupas super caríssimas.

_ Nada, dona Eleonora.

Digo dando um sorriso amarelo e ela vem até mim e passa a mão sobre os meus cabelos, suspiro ao sentir pelo um mísero segundo um afago dela.
Ela da um breve sorriso e volta a arrumar as coisas dela.

_ Os Medeiros irão ficar de olho em você enquanto estamos fora!

Senhor James, vulgo meu pai, avisa e eu apenas assinto.

Meu pai nasceu nos Estados Unidos e minha mãe nasceu em Cuba, eles se conheceram em uma viagem em que meu pai fez para Havana. Depois de dois anos eles se casaram e me tiveram. Eu nasci nos Estados Unidos. Mas meus pais sempre viveram viajando, mas na minha adolescência eles fizeram questão de fincar raízes no Brasil, mas isso não mudou nada, eles só fizeram isso para que eu não perdesse meus estudos. Fui criada por diversas babás, mas nunca pelos meus pais.
E agora eles me empurram para os Medeiros, mas eu agradeço a Deus por ter conhecido Elena e ela ser a minha amiga e os pais delas amigos dos meus pais.

Senhor Roberto é como um pai para mim dona Marina me trata como filha, eles são as únicas pessoas que me tratam como filha. Se eu tenho amor de pais, com toda a certeza foi por causa dos pais de Elena.

_ Irei trazer um presente bem bonito pra você, minha vagalume!

Minha mãe diz se sentando na cama e me encarando, meu pai se senta ao lado dela e alisa suas costas.

_ Você que apesar de tudo amamos você, não é?! E jamais deixaríamos você com alguém que nunca confiamos.

Meu pai diz e eu assinto.

_ Você sabe que precisamos trabalhar para dar uma vida melhor a você, não sabe?! Nosso pequeno vagalume.

Meu pai diz e eu assinto. Ele e mamãe dão um beijo na minha cabeça e saem do quarto carregando as suas malas me deixando sozinha.

Mal sabia eu que aquela noite seria a última vez que eu os veria. Depois daquele dia eu nunca mais os vi, não recebi nenhum telefonema, carta ou e-mail. Eles simplesmente sumiram no mapa.

Tempos atuais….

Acordo com o meu celular tocando e bufo irritada.

Mas uma vez eu sonhei com eles! Meus pais!

Sonhei com eles me deixando para sempre, uma lágrima solitária escorre e eu faço questão de limpar. Eles sumiram a cinco anos, não deixaram uma pista se quer sobre onde iriam ou o que fariam. Eles nunca me contaram com o que trabalhavam, só sei que eles me deixaram com uma casa enorme e uma conta cheia de dinheiro.

_ Como se isso comprasse a ausência deles!

Digo com ironia me levantando e indo direto para o banheiro tomar banho.
Depois de totalmente limpa saio do banheiro enrolada num roupão, pego o meu celular para saber quem me incomoda reviro os olhos pro saber quem é, solto o ar com força e redireciono a ligação.

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