Juliana franziu o cenho.
— Eu não vou a lugar nenhum. — Decidiu sem hesitar.
Valentina ofegou; surpresa e com o coração acelerado. Nunca ouvira a morena falar de maneira tão firme.
— E você também não.
— Juls.
— Não. — A morena interrompeu a garota, tentando não parecer ou soar grosseira. — Isso não é justo. Quem deveria racionalizar essa situação sou eu. Você esquece? Eu quem penso que não vai durar e não vamos ficar juntas. Você é a responsável pela esperança e a merda de luz no fim do túnel. Não desista de nós agora.
Valentina não conseguia ver, mas obviamente sentia toda a força do olhar da morena, do toque dela e de como ela segurava suas mãos com carinho. E especialmente de como ela respirava profundamente.
— Não é justo.
— Injusto é você deixar de acreditar em nós por que sua mãe é uma escrota. — Juliana pontuou. Em toda a sua vida, jamais imaginou que estaria vivendo um momento como aquele — tentando convencer alguém a ficar com ela. Mas lá estava ela fazendo papel de idiota. — E de mãe escrota eu entendo, você lembra da minha? Pois bem. Você me convenceu a não deixar isso estragar a gente. Por que a sua mãe vai estragar?
— Sua mãe não pegou meu dinheiro.
— Mas apontou uma arma pra mim. — Juliana voltou a pontuar. — Você lembra do que me disse? — Valentina mantinha o queixo erguido, mas a verdade é que sentia o corpo inteiro pesado e dolorido. Que maldito pesadelo. — Que nossos passados não podem nos impedir de viver um futuro legal que podemos criar?
— Não foi exatamente isso que eu disse.
Juliana revirou os olhos, quase carrancuda por um momento.
— Bom, foi algo assim. Eu não tô acreditando que você fez tudo o que fez, que me convenceu de que a gente vale a pena pra simplesmente desistir por que sua mãe queria dinheiro pra se drogar.
— E se ela voltar?
— Eu posso matar ela.
Valentina fez uma careta. E censurou a morena.
— Juls...
— Você não desistiu de mim pelo meu passado, vai desistir por causa da sua mãe? Isso nem faz sentido. Eu sei que você tá com medo, eu fiquei apavorada quando a minha mãe apareceu... Com medo do que ela pudesse fazer com você.
— E eu fiquei com medo do que ela pudesse fazer com você.
Juliana puxou Valentina para sentar no sofá com ela.
— Não seria nada pior do que ela poderia fazer com você.
De frente uma para a outra, Juliana voltou a segurar as mãos de Valentina. Com carinho. Com medo. Com um misto de emoções extremamente perigoso — com o qual ela não estava acostumada. Mas que estava tentando lidar com toda a calma que podia. Seu coração, não concordava muito com seus métodos, é claro, insistindo para fugir de seu peito, corroendo sua garganta.
— Então você me entende. Não quero que minha mãe faça...
— Eu sou grandinha e sei me cuidar. — Juliana defendeu—se. — Sua mãe não teria a menor chance comigo. Eu só dei o dinheiro pra ela por você. Mas poderia muito bem fazer ela nunca mais querer aparecer aqui.
— Você realmente bateria na minha mãe?
— Eu faria qualquer coisa pra não te ver sofrer.
Valentina suspirou melancolicamente.
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Refúgio | Juliantina | SHORTFIC
RomanceRefúgio é geralmente aquilo que serve de amparo, proteção e certa segurança. Juliana Valdés nunca tinha conhecido segurança nenhuma, mas acabou descobrindo que existia amparo, proteção e afeto em um refúgio muito mais doce do que ela sequer poderia...