Capítulo 6

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Juliana franziu o cenho.

— Eu não vou a lugar nenhum. — Decidiu sem hesitar.

Valentina ofegou; surpresa e com o coração acelerado. Nunca ouvira a morena falar de maneira tão firme.

— E você também não.

— Juls.

— Não. — A morena interrompeu a garota, tentando não parecer ou soar grosseira. — Isso não é justo. Quem deveria racionalizar essa situação sou eu. Você esquece? Eu quem penso que não vai durar e não vamos ficar juntas. Você é a responsável pela esperança e a merda de luz no fim do túnel. Não desista de nós agora.

Valentina não conseguia ver, mas obviamente sentia toda a força do olhar da morena, do toque dela e de como ela segurava suas mãos com carinho. E especialmente de como ela respirava profundamente.

— Não é justo.

— Injusto é você deixar de acreditar em nós por que sua mãe é uma escrota. — Juliana pontuou. Em toda a sua vida, jamais imaginou que estaria vivendo um momento como aquele — tentando convencer alguém a ficar com ela. Mas lá estava ela fazendo papel de idiota. — E de mãe escrota eu entendo, você lembra da minha? Pois bem. Você me convenceu a não deixar isso estragar a gente. Por que a sua mãe vai estragar?

— Sua mãe não pegou meu dinheiro.

— Mas apontou uma arma pra mim. — Juliana voltou a pontuar. — Você lembra do que me disse? — Valentina mantinha o queixo erguido, mas a verdade é que sentia o corpo inteiro pesado e dolorido. Que maldito pesadelo. — Que nossos passados não podem nos impedir de viver um futuro legal que podemos criar?

— Não foi exatamente isso que eu disse.

Juliana revirou os olhos, quase carrancuda por um momento.

— Bom, foi algo assim. Eu não tô acreditando que você fez tudo o que fez, que me convenceu de que a gente vale a pena pra simplesmente desistir por que sua mãe queria dinheiro pra se drogar.

— E se ela voltar?

— Eu posso matar ela.

Valentina fez uma careta. E censurou a morena.

— Juls...

— Você não desistiu de mim pelo meu passado, vai desistir por causa da sua mãe? Isso nem faz sentido. Eu sei que você tá com medo, eu fiquei apavorada quando a minha mãe apareceu... Com medo do que ela pudesse fazer com você.

— E eu fiquei com medo do que ela pudesse fazer com você.

Juliana puxou Valentina para sentar no sofá com ela.

— Não seria nada pior do que ela poderia fazer com você.

De frente uma para a outra, Juliana voltou a segurar as mãos de Valentina. Com carinho. Com medo. Com um misto de emoções extremamente perigoso — com o qual ela não estava acostumada. Mas que estava tentando lidar com toda a calma que podia. Seu coração, não concordava muito com seus métodos, é claro, insistindo para fugir de seu peito, corroendo sua garganta.

— Então você me entende. Não quero que minha mãe faça...

— Eu sou grandinha e sei me cuidar. — Juliana defendeu—se. — Sua mãe não teria a menor chance comigo. Eu só dei o dinheiro pra ela por você. Mas poderia muito bem fazer ela nunca mais querer aparecer aqui.

— Você realmente bateria na minha mãe?

— Eu faria qualquer coisa pra não te ver sofrer.

Valentina suspirou melancolicamente.

Refúgio | Juliantina | SHORTFICDonde viven las historias. Descúbrelo ahora