This is Moment: Parte 2 / (REVISÃO)

Capítulo 30

A manhã estava límpida, com aquele ar fresco e cortante que indica a mudança de tempo. Algumas nuvens começavam a se formar no horizonte, ainda não ameaçadoras, mas um prenúncio de que algo estava por vir.

– Aqui, tome. – disse Jessica, entregando-me um casaco felpudo assim que comecei a destrancar a porta de sua casa. Sorri, agarrando-o e colocando aquele tecido impermeável, que me parecia muito familiar, senti-me grata por ter esquecido ele ali.

– Obrigada, querida. Parece que hoje fará frio... – murmuro, vendo-a procurar por algo em sua bolsa. – O que você tanto procura? Desde que acordamos você está desinquieta.

– Sim, fará. Não é nada querida... Mas onde está seu passaporte? – ela para por alguns instantes, dando-me um beijo morno na bochecha.

– Está na segunda gaveta do seu closet, á direita. Por quê? Achei que só veríamos isso amanhã. – pergunto curiosa, fechando a porta atrás de mim e seguindo ela até o carro.

– Eu só quero me certificar que tudo está certo. Amanhã é a nossa despedida de solteiro e acho que não será um bom dia para acertarmos as coisas finais. – ela sorri, colocando o sinto de segurança. – Além do que, o tempo será bem curto, pois a nossa chefe nos colocou para trabalhar.

– Não podemos faltar? – brinco.

– Eu mais do que nunca adoraria... Mas você sabe como Shonda é... – em uma arrancada certeira, ela nos tira dali. – Você leu o script que chegou por Sedex ontem?

– Eu tentei, mas você não deixou... – lembro-me de Jessica ficar me provocando, lendo detalhadamente o beijo de nossas personagens. Uma coisa que a minha noiva sabia muito bem, é me provocar.

– Estava apenas lendo para você... – responde ela com um sorriso malicioso no rosto, sabendo exatamente o que estava se passando em minha mente.

– Querida, sabemos que Shonda não as colocaria tão intensamente num beijo... Então, admita... Aquilo foi a Jessica e não a Arizona. – murmuro, passando a minha mão sobre a pele descoberta por aquele vestido de veludo.

– E se eu fizer a Arizona deixar intenso, ein? – ela responde, desviando o olhar para mim.

– Antes que você fizesse isso, Shonda mandaria cortar a cena... – arranho a coxa da mulher. – Olhos na estrada, baby.

– Não tem como manter os olhos na estrada com essa sua mão na minha coxa. – retruca ela, balançando a cabeça negativamente.

– Está... bem... – dou-me por vencida e retiro a minha mão dali, deixando-a livre para manter-se atenta nos carros que passavam por nós.

Enquanto o silencio harmonioso se estendia pelo carro, começo a analisar todas as coisas que já haviam acontecido naquela semana. Dando-me conta de que em apenas dois dias, estaria casada com aquela linda mulher ao meu lado.

A discussão em qual das casas ficaríamos ainda estava pairando entre nós. A vontade de Jessica é que eu fosse morar junto á ela, enquanto a minha é comprar uma casa só para nós. Eu gosto da onde ela mora, mas parece estranho, pois ela conviveu com Christopher á mais de dez anos ali. Sentia-me um pouco desconfortável em relação a me manter fixa naquele imóvel, então preferia que nós fossemos para um lugar só nosso, onde criaríamos nossas próprias raízes.

Carla, minha irmã, havia me ajudado mais do que o necessário. Ela se prontificou junto com os pais de Jessica a cuidar das crianças, enquanto estivéssemos viajando. Buffet, decoração, DJ, flores, vestidos, madrinhas, convidados, padre, capela e por fim... As alianças; tudo se encontrava nos eixos para o grande dia. Onde a ansiedade estava tomando conta de meu corpo e alma.