Something Bad • HP

O que acontece quando se cansa?

Como posso dizer isso sem desmoronar?
Como posso dizer isso sem assumir as consequências?
Como posso transformar isso em palavras
Quando isto é quase demais para a minha alma sozinha?
(Hurts Like Hell - Fleurie)

― Mas o quê?!

Hannah aceitou quando sua irmã disse que elas teriam que ir para outro lugar, embora tivesse estranhado muito, assim como estranhou a presença de seu antigo professor, Remus Lupin. Mas não havia chamado muita atenção para esses fatos, porque simplesmente estava exausta. Só queria deitar logo em algum lugar confortável, chorar e dormir. Não necessariamente nessa ordem.

Também não reclamou quando Rebecca mandou que ela lesse um papel quando chegaram no local, e não falou muito quando viu uma casa surgir entre outras duas no tal Largo Grimmauld.

Mas quando chegou na cozinha, depois de encontrar o quadro mais mal educado da Grã-Bretanha, Hannah Nighy encontrou o fugitivo mais procurado de Azkaban, Sirius Black, sentado, bebendo uma dose de Whisky de Fogo e o saboreando como se fosse a bebida mais saborosa do mundo todo.

Tudo tem limite.

― Que porra é essa?! ― perguntou, olhando para a irmã. ― Tira a gente daqui! ― sibilou, temendo pela própria vida.

― Então ela é a famosa Hannah... ― ouviu a voz do homem pela primeira vez e estremeceu de medo. ― Ela lembra a mãe... Assim como você, Becky.

Becky?!

― Eu... ― parou de falar, sem saber o que dizer.

Era tudo um pesadelo, só poderia ser. Quando acordasse, talvez nem a AD tivesse sido descoberta, e talvez ela ainda tivesse... Alguém.

― Vocês não explicaram nada pra ela? ― perguntou, olhando para os dois mais velhos.

― Sirius, ela não estava bem...

Black voltou a prestar atenção nela, ignorando o estremecimento da garota, que agora olhava para a irmã como se pedisse socorro. Por fim, olhou para o copo de Whisky que bebia.

― Se os dois responsáveis aí não estivessem aqui, eu até te oferecia... Você parece péssima.

― Você parece fugitivo... ― Hannah retrucou, por dentro temendo que isso fosse o suficiente para perder a vida. ― E minha irmã parece cúmplice... ― completou em tom acusatório.

― Por que não senta aí? ― Sirius perguntou, aparentemente inabalado. ― Você precisa saber algumas coisas antes, e... Bom, a história é péssima, pra ser sincero, mas distrai o suficiente.

Hannah não queria sentar em canto algum, mas não teve outra escolha. Ficou com um dos lugares mais distantes de Sirius, se sentando à frente de Remus e ao lado da irmã.

Quando falaram que ela precisava ouvir uma história, não pensou que ela começaria em 1981, mas fazia sentido que iniciasse dali. Peter Pettigrew, vivo. Sirius Black, inocente. Potters, mortos. Claro, com uma exceção cabeça dura, e rachada. Sirius estendeu as mangas e utilizou o feitiço de revelação para mostrar que não havia A Marca em seu braço, e parecia tão sincero que Hannah começou a acreditar nele, por mais que a história fosse mirabolante. Sua irmã e Remus não contestaram detalhe algum, na verdade pareciam já saber de absolutamente tudo.

Inclusive de que ele era um animago ilegal, e que utilizou isso para fugir de Azkaban e ir para Hogwarts em busca de seu afilhado e o verdadeiro traidor. Depois teve de explicar o motivo dele ser um animago, o que deixou Remus constrangido pela suposta irresponsabilidade deles durante a adolescência.