Seu BURRO!

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Somente o tic e tac do relógio que ficava em cima do quadro-negro da sala podia ser ouvido por todos os dezessete alunos presentes ali, dando até uma certa agonia pela sala tão silenciosa como aquela. Ninguém ousava dizer um "a" sequer, e a professora de filosofia Kang encarava cada um de seus alunos que insistiam em manter a cabeça baixa.

A mulher estava cansada, aquela sala parecia tão distante dela em comparação às outras, logo ela que amava a companhia de seus alunos e seus assuntos. Frustrada, Seulgi se levantou de seu assento, caminhando com as mãos para trás de suas costas com uma expressão pensativa. De longe Jaemin e Chenle mais o resto da turma toda encarava a senhora, essa que logo se virou para poder encará-los de volta, sem esquecer o sorriso meigo que só a Sra. Kang conseguia ter.

— Eu estava pensando comigo mesma — ela começou, andando até a mesa de madeira escura e se encostando ali. — Que tal uma dinâmica em turma? Sei que vocês voltaram agora das férias e não estão acostumados com meu rostinho lindo andando por aqui.. — Riu, conseguindo arrancar algumas risadinhas dos alunos. Isso a deixou mais relaxada. — Então.. como maneira de nos conhecermos melhor, que tal uma brincadeira? Fiquem à vontade para escolherem, sim?

Os cochichos começaram, Na e Zhong se entreolharam, não sabendo ao certo o que oferecer para a professora naquele momento.

— Você vai participar, não é? — perguntou o chinês ao de cabelos castanhos.

— E eu tenho outra escolha? — respondeu Na sem paciência. Ele estava torcendo para que os alunos escolhessem algo que não o tirasse de sua zona de conforto: Cadeira. A última coisa que desejava agora era ter quer ir na frente da sala toda ter que imitar um pato ou coisa assim, igual da última vez. Ele era todo travado, era tímido e se irritava com facilidade caso alguém o fizesse perguntas demais. Odiava ter que responder questões em voz alta, não suportava educação física e derivados, queria distância das interclasses que ocorriam todo final de ano. Mal sabia jogar dar saque em uma bola de vôlei coitado. — só espero que eu não tenha que-

— Que tal correio elegante, professora? — perguntou Shotaro com seu coreano meio enrolado.

— Seria mais legal se fosse anônimo! — gritou Choerry do outro canto da sala.

—  Mas, se for anônimo, não vai quebrar toda a dinâmica de fazer amizade? — retrucou Renjun de um outro canto da sala.

— Mas aí é que 'tá, cara! Assim o pessoal vai ficar curioso e sair perguntando pra todo mundo da sala, então todo mundo vai se falar, nem que seja um pouco. — falou Han se virando na carteira para poder ver todos os colegas de turma.

E foi aí que a bagunça começou.

De um lado, pessoas falando que o anonimato nas cartas iria estragar toda a brincadeira. Enquando do outro, os outros diziam que o jogo iria ficar mais interessante, incluindo Chenle que estava prestes a pular no pescoço de Heeseung. E no meio daquela gritaria toda, Sra. Kang que olhou para Jaemin já que o mesmo era o único que estava quieto em meio aquela situação, vendo que o mesmo olhou para si de volta e apenas elevou os ombros sem saber o que fazer. Ela pensou, pensou, até ter uma idéia, essa que não sabia se funcionaria.

— Okay, okay, pessoal! — bateu palmas para o pessoal voltar a prestar atenção nela. — Vai ser anônimo, okay? — ouviu-se resmungos de desaprovação de alguns e comemoração de outros. — Eu achei a idéia inteligente, assim vocês podem conversar um pouco para tentar encontrar os donos das cartas, tudo bem? Da próxima vez eu faço algo para os estressadinhos ali.

{...}

Depois de alguns minutos escrevendo todos finalizaram suas cartinhas, essas que não passavam de cinco linhas. Jaemin nem fez questão de escrever muita coisa, diferente de Zhong que escreveu quase que uma redação. O chinês colocou sua cartinha em um envelope rosa pastel - Na nem sabia da onde aquilo tinha saído - e o fechou com certa delicadeza. O mais novo se virou para poder falar com Na que desenhava coisas aleatórias na carteira e cantarolava algo. Chenle reconheceu como Enemy do Imagine Dragons e então revirou os olhos.

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