Parecer mais nova do que realmente é nunca foi exatamente um problema para Laura. Por isso ela nem imaginou os possíveis desdobramentos que aconteceriam quando um segurança decidiu barrar sua entrada em uma balada.
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Laura trocou o peso do corpo de uma perna para a outra pelo que parecia ser a milésima vez. Encarou a fachada do prédio pensando novamente que se o Uber tivesse virado na rua que disseram que deveria virar, isso teria poupado uns dez minutos de trajeto e teria feito com que elas entrassem na fila cinco pessoas antes. Teria sido o suficiente para garantir que a essa hora elas estivessem dentro da boate mal iluminada, com todos aqueles neons azuis. No meio da multidão amontoada na pista de dança cercada pelos telões onde era possível assistir aos videoclipes das canções que vibravam no sistema de som.
Muito melhor do que estar do lado de fora, no sereno, assistindo os carros passarem com homens que desaceleravam analisando a fila, como se as mulheres estivessem ali feito uma exposição.
Laura revirou os olhos e deu as costas para um veículo conversível onde quatro rapazes assobiavam e mandavam beijos para ela e sua melhor amiga. Samantha continuou olhando para a frente como se nem percebesse o que estava acontecendo.
Elas já colocaram todas as fofocas em dia e comentaram sobre as notícias mais importantes, restando o silêncio tedioso enquanto esperavam.
O trio parado logo em frente começou a andar, dando uma fagulha de esperança para a dupla de amigas, mas as garotas com saltos majestosos e vestidos curtos demais atravessaram a rua desistindo da espera.
Os ombros de Laura despencaram uns poucos centímetros, mesmo que isso a forçasse a caminhar em direção a porta e ser a próxima a entrar na boate.
— Talvez a gente devesse desistir também, bora pra outro lugar? — Samantha sugeriu já pegando o celular de dentro da bolsa e procurando no Instagram a programação das festas nos lugares mais próximos.
Laura negou com a cabeça veemente.
— Mas hoje é noite da Nostalgia Pop! — choramingou. — Em nenhum outro lugar eu vou conseguir fazer a coreografia de "Don't cha" das Pussycat Dolls.
Samantha ergueu as sobrancelhas de um jeito a concordar com a amiga e guardou o celular de volta na bolsa.
Laura se inclinou na direção da porta tentando ouvir o que tocava lá dentro e o segurança ergueu a palma de sua mão imensa a impedindo de ir adiante. Ela olhou para ele com uma sobrancelha erguida e ele enrugou o cenho para ela.
O homem alto a encarou de cima a baixo, cruzou os braços e expandiu o peito, ficando muitos centímetros maior. Era intimidante, mas Laura sabia que ele não agia como se ela fosse uma ameaça, mas sim como se fosse menor de idade.
Revirou os olhos novamente, já estava cansada disso. E deu as costas para o brutamontes, ficando de frente para amiga.
— Se em meia hora a gente não entrar, vamos embora.
Samantha arregalou os olhos, impressionada com a determinação de Laura para entrar no lugar. Mas concordou com a cabeça, afinal era para isso que estavam ali.
