suas primeiras impressões

739 56 16
                                    

Los Angeles,

Odeio festa. Honestamente, é um bando de adolescentes sem ter mais é o que fazer. O que mais esperaria eu de um ambiente como aquele? Não há muito esforço pra se notar que boa parte dos indivíduos ali presentes tem os pais como políticos, médicos, e até mesmo grandes empresários.

Mas afinal, quem sou eu pra julgá-los? Filho caçula de um dos acionistas mais importantes da atualidade, é o cara que praticamente sozinho tem condições suficientes para movimentar a bolsa de valores. E eu? O tipíco playboyzinho, rico e mimado, capa das mais famosas, revistas de fofoca.

ー Fala sério que não vai mesmo querer nada? ー Jean me cutucou mais uma vez no ombro, meu melhor amigo. Nos conhecemos no colegial, foi quando brigamos pela mesma garota, mas isso é passado e o considero como meu braço esquerdo para tudo. Ele é insuportável, mas sabe o seu valor. ーAh que massa isso, vamos todos brincar de ignorar o Kirschtein.

Fechou sua cara pra mim, bebendo enraivado mais um gole do drink em suas mãos. Arrancando-me uma risada anasalada só por seu engraçado tom deboche. ー Desculpe, não foi por querer, pelo menos não essa vez.

ー Hm, tanto faz. ー Cuspiu as palavras e eu confesso que demorou dele voltar a falar. ー Se soubese que seria assim, nem te chamava pra vir. ー Me encarou sério. Tinha razão. Seria chato se divertir só....Já está sendo.

O silêncio se instalou novamente, então, passei a observar as diferentes classes de seres humanos ali, enquanto ele se contentava com a bebida, percebia as suas olhadas de desgosto dirigidas á mim para que tomasse uma atitude. Decedi beber apenas para quebrar o climão. ー Um Martini por favor. ーPediu ao barman por mim, assim que assenti com a cabeça.

ー Como vai Mikasa? ー Ele perguntou assim que o moço deixou a mesa.

ー Minha irmã trabalha demais. Não é novidade. Levei ela na casa da tal ficante antes de vir pra cá. Annie é ranzinza igual a ela, até pior. As duas se merecem e muito. ー Comentei lembrando do rosto da loira, irritado.

ー Enfim, como anda sua situação com os seus pais em relação ao hotel fazenda? Deram alguma resposta? ー Questionei, mudando de assunto.

Apenas negou com a cabeça sem dizer mais nada, e então contínuamos a jogar conversa fora. Botar o papo em dia, até ele me perguntar. ー Por falar em pais, os seus sabem que está aqui? Você não podia nem vir pro lado Oeste? ー Devo ter quebrado essa regra idiota um monte de vezes.

ー Tenho quase vinte e dois anos nas costas. Não tenho a obrigação de ficar dizendo pro papai aonde vou ir, com quem e que horas vou voltar. 

O outro riu de forma amargurada, presenciando tanta rebeldia. Não era nada de novo pra ele. Mais do que ninguém ele sabia o quão rebelde eu sempre fui. Fugia dos almoços de família e repetia as mesmas besteiras.

Eu odiei. E continuou odiando. Vou sempre odiar. O fato de ter crescido numa família onde tudo é voltado ao dinheiro. Presentes e lembranças nunca irão saciar o desejo que uma criança tem de ter um pai presente.

Quando o assunto sobre minha trágica vida familiar encerrou, pedimos mais drinks e finalmente um bom assunto. ー Temos um novo recorde, está sentado aqui até agora e não sumiu de vista com nenhuma mulher.

ー Você já chega mostrando suas garras. O que foi garanhão? ー Ironizei.

ー Só não quero hoje. ー Respondeu com tanta atitude e certeza que se arrependeu de ver tudo o que viu, menos de um minuto após a sua fala.

E lá estava ele. Encantador como sempre. Os fios loiros, recém-cortados, cintilavam ao serem refletidos pelas luzes, o azul da cor do mar nos teus olhos, eram a única coisa se destacava na multidão e deixava atordoado aquele que não resistisse a olhá-lo.  Esse garoto foi o meu (melhor) erro. 

west coast.Where stories live. Discover now