5. De olho no prêmio

3.9K 385 98
                                    

• Hanna •

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Hanna

Elizabeth estava vomitando no banheiro pela segunda vez essa manhã. Era de se esperar depois de exagerar na cerveja ontem e cambalear até o quarto apoiada em mim depois que o carro de Bruna nos deixou de volta no colégio. Ela está resmungando algo agora, mas é impossível de entender. Então a porta se abre num estrondo, revelando uma versão menos glamurosa de Elizabeth Taylor.

Dou um pulo com o susto e largo o caderninho de poemas na cama dela. Quero tentar ser gentil hoje, já que ela já deve estar mal o suficiente por causa de ontem. Não sei o que a fez beber daquele jeito, mas desconfio da minha teoria de que tenha alguém em casa e as coisas não acabaram muito bem.

– Poema legal – Disse, apontando para o livro. Ela se deita na cama de barriga para cima e fica encarando o teto – De quem é?

– William Blake. Mas isso é o que as pessoas sempre dizem quando não entendem um poema. Você entendeu o poema? Acho que não, parece ter o cérebro de uma lagosta – Desdenhou. Ok, ela não está tão mal assim, já que os insultos estão a todo vapor. Na verdade, eu amaria se ela colocasse as tripas para fora agora.

– Caramba, Elizabeth, você é, obviamente, o diabo disfarçado – Comento procurando pelo meu computador, normalmente eu iria para a sala de TV, mas esse quarto também é meu, e não vou ficar me esquivando dessa louca.

– Por que disfarçado? – Ela se interessa – Achei que eu já mostrava isso de cara.

– Porque você parece perfeita e linda por fora, e então...

Elizabeth se levanta e se senta. Ah droga. Eu realmente disse isso? Acho que disse. Que merda, acabei de dizer à pessoa com o maior ego da terra o quanto a acho bonita. É um desastre.

– Perfeita e linda?

– Isso não foi um elogio – Tento consertar fingindo desinteresse – Isso significa apenas que na verdade, por dentro, você não é nem um pouco perfeita e nem um pouco linda.

– Ainda assim – Ela abre um sorriso cínico – Você me acha perfeita e linda. Não tem problema, Hanna, eu sou mesmo – Então volta a se deitar.

Daria tudo para que ela passasse mal de novo, os gemidos e lamentos seriam músicas para os meus ouvidos, mas ela já parece melhor e pronta pra outra. De jeito nenhum vou aguentar todo o ano letivo com essa garota. Preciso tentar mudar de quarto.

– Eu posso sentir você olhando, caipira – Elizabeth diz ainda observando o teto – Será que dá pra disfarçar?

– Estranho, porque eu definitivamente não estava te olhando, na verdade estou tentando me concentrar no meu programa, mas imagens em que eu te estrangulo até a morte não me deixam prestar atenção.

– Tente o quanto quiser, você me acha perfeita e linda. E por favor, use um fone se for assistir aquele horror de série.

– Você está se esforçando demais, Elizabeth – Coloco apenas um lado do fone de ouvido antes me deitar também – Pelo pouco tempo que te conheço, tenho certeza de que não precise de ninguém acariciando seu ego.

Até que te encontrei (Romance Sáfico)Where stories live. Discover now