Interlúdio.

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POV GUN

Não é como se eu quisesse matar ele, eu só me sinto tão nojento e sujo, não é o que eu queria, não é o que eu esperava, estava tudo indo tão bem e estava tão gostoso, eu só tenho nojo disso tudo, eu deveria sair daqui logo antes que piore pro meu lado, droga. Vou ter que colocar fogo nesse lugar mais tarde. Talvez New devesse vir aqui e leva-lo para algum lugar, o corpo dele está ferido mais ainda sinto os sinais vitais dele, seu corpo permanece quente. 

— Não, eu não quis te matar, ok? Sorri de uma forma maliciosa e singela assim que arqueei uma de minhas sobrancelhas e encarei aquele jovem rosto pálido dando suaves suspiros diante de mim. Você só excedeu um pouco seus limites, na próxima vez que alguém falar pra você parar, você para, certo? Continuei falando em um tom de sussurro mantendo aquela pose calma e serena apesar de estar com ódio em meus olhos, New sempre elogiava meu jeito sério e ainda conseguir ser de certa forma inexpressivo, não sabia como ele conseguia definir aquilo, mas era o New, não tinha muito bem como entender ele, eu atirei nesse homem e não me arrependo, mas matá-lo agora seria como deixar uma grande digital em todo departamento policial dessa cidade. Não demorou muito para eu voltar a me afastar enquanto deixava o rapaz despido sobre lençóis em meus pés. 

"New, preciso que venha aqui me buscar. Eu não sei que merda eu tinha na cabeça, mas acabei saindo com um garoto ontem a noite e bom, você me conhece. Não preciso ficar falando muita coisa" 

"Alô, pera ai, quem é?"

"New..."

"Sou eu"

"Vem me buscar, caralho, para de se fazer de sonso, porra" 

"Huh?"

"Você tem cinco minutos pra sair da sua casa e vir pro endereço que eu estou te mandando no Line." 

"PERA. GUN? PORRA. POR QUE NÃO FALOU ANTES?" 

"Caralho, você é burro, surdo ou algo do tipo? Eu preciso que venha me buscar. Eu acabei de atirar em um filho da puta que passou dos limites aqui e vou chamar alguém pra olhar ele e meter o pé daqui, porra." 

Não é possível que esse garoto consegue ser tão burro assim, ele tem sorte de estar comigo desde a infância ou eu já teria matado ele ou feito algo pior que isso, New consegue ser insuportável as vezes. Recobri a consciência depois de respirar fundo e deixar o ar quente e cansado exalar pra fora dos pulmões e narina. Com passos rápidos eu me adiantei para ir tomar um banho quente antes que New viesse me buscar, a agua quente caia sobre a pele roseada com algumas pequenas marcas em tons de vermelho que percorriam do contorno do corpo cima a baixo,  era como se o homem da noite anterior tivesse tatuado sua marca em mim, estava enojado. Não sei o que acontecia comigo que sempre me sentia assim, não importava o homem, no final eu sempre pegava nojo deles, ou nojo de mim, é difícil pensar sobre isso. Minha mente estava agitada e perturbada por tudo que havia acontecido até agora, me sentei sobre a banheira enquanto a agua quente da ducha sobre minha cabeça me aquecia. Um silêncio se formou por alguns segundos, a banheira já estava cheia o suficiente para me fazer mergulhar para dentro dela, as costas que estava praticamente sobre a parede deslizava para dentro d'agua enquanto eu prendia a respiração. 

Off, ele se chamava Off. Meus pensamentos voltam para dois dias atrás, naquela noite no bar, ele chegou perto de descobrir meu esquema, ele chegou perto da prender o New, se eu não estivesse ali provavelmente estaria depondo agora. Mas ele tinha um olhar tão... Acolhedor? Eu não sei, deve ser só mais um garoto nojento no qual eu teria que atirar na manhã seguinte. Já são 08:45 da manhã, meu celular começou a vibrar me fazendo emergir daquela água que não mais estaria quente, as gotas mornas escorriam sobre meu corpo enquanto me esticava para alcançar antes que perdesse aquela chamada. New. Chegou rápido demais ou apenas eu fiquei tempo demais naquele banho? De qualquer forma eu tenho que ir. Assim que me sequei e sai do banheiro do apartamento do rapaz eu consegui ver seu semblante mais tranquilo, havia estancado o sangue antes de tomar banho para dar tempo de um dos meu ajudantes chegar e salva-lo, peguei as minhas peças de roupas em silêncio e mantive a boca fechada até estar completamente vestido. 

– Não se preocupe, eu vou mandar alguém vir aqui cuidar de você. E se eu descobrir que você andou falando de mim, você não vai poder falar mais da próxima vez que me ver. Acenei com o mesmo sorriso singelo e malicioso que havia tido minutos depois de atirar. Desci as escadas indo de encontro com o New que acenada de longe pela janela dianteira do carro. 

– Ei, desculpa. Eu estava com sono, bom, mais ou menos. Eu estava ocupado. Gritou em alto e bom tom sobre a rua pouco movimentada, frequentada apenas por alguns idosos que iniciavam suas caminhadas e algumas outras pessoas que estavam indo atrás do seu café da manhã. – Eu te trouxe comida, olha. Sorriu levantando um saco de papel marrom e engordurado. 

– Obrigado, eu não estou com muita fome agora se não se incomoda. 

– Ah, eu me incomodo sim. Minha vó sempre diz que café da manhã é a refeição mais importante. Você não pode sair todo fodido assim, em todos os sentidos né, Gun? Continuou falando com aquele sorriso estupido cheio de malicia.

Apenas entrei no carro e peguei o saco para que ele calasse a porra daquela boca, as pessoas estavam começando a me encarar e olhar para o carro, qualquer coisa que pudesse acontecer ali traria consequências, se o cara do apartamento falasse algo eles poderiam puxar as câmeras ou algo do tipo. Eu só precisava contar com a sorte e com o medo dele agora. Enquanto minha cabeça trabalhava pensando em todas as consequências dos meus atos estupido da noite passada, New só se concentrava em dirigir e cantar com a boca cheia de rosquinha de morango, eu realmente não sei o que tinha achado naquele garoto para mantê-lo por perto diante de todo esse tempo.

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⏰ Last updated: Mar 31, 2022 ⏰

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My criminal.Where stories live. Discover now