Prólogo

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Elizabeth Ludwig

Eu permanecia distraída enquanto nenhum cliente entrava na cafeteria, não estava ansiosa pela noite de hoje. Diferente de todas as outras garotas da minha sala, o baile de formatura era um grande evento, mas eu não conseguia me empolgar, sabia que depois dessa noite tudo seria diferente, muitos iriam embora daquele fim de mundo para fazer faculdade enquanto outros iriam viajar em um ano sabático.

Eu? Eu continuaria ali sendo a boa e gentil garçonete da única cafeteria da cidade. O sonho de cursar literatura e me tornar escritora ficaria para outra vida.

Luke havia me enviando uma mensagem dizendo que me faria uma surpresa e eu já imaginava o que seria, no mínimo ele tinha reservado um quarto no único hotel da cidade para passarmos a noite juntos.

Eu e Luke namorávamos desde quando eu tinha 16 anos e já havia alguns meses que ele tentava me levar para a cama. Sempre trocamos amassos quando saímos juntos, mas nunca me senti à vontade para irmos além daquilo. Tudo que eu sabia sobre sexo aprendi nos livros de romances e em algumas visitas em sites de conteúdo adulto.

Havia prometido para Luke que iríamos transar na noite do baile de formatura. Sim, parece enredo de um filme adolescente dos anos 90, porém, acontece que eu amo filmes adolescentes dos anos 90, posso dizer que sei de cor as falas de Ela é Demais e Dez Coisas Que Eu Odeio Em Você, minha história não se parece nenhum pouco com as das protagonistas, com certeza é bem mais dramática e eu não sou a garota patinho feio que chama a atenção do mais popular do colégio, não que eu seja linda, longe disso, sou uma garota magrela comum com seios avantajados, minha pele branca como papel e meus cabelos negros ondulados compridos fazem com que eu tenha uma aparência um pouco grotesca, a ex-namorada de Luke me apelidou carinhosamente de "noiva cadáver", os meus olhos são a única coisa no meu corpo que eu gosto, não tinham uma cor definida, as vezes tinha um tom de castanho amendoado.

Luke não é nenhum jogador de futebol ou qualquer outro esporte clichê, ele tem uma banda de rock, que para falar a verdade manda muito mal, mas não sou eu que vai dizer isso para ele, acredito que ele logo vai desistir de tocar e ir para a tão sonhada faculdade de medicina que os pais deles fazem questão de esfregar na minha cara toda vez que os encontro, eles acham que sou uma distração para o filho deles.

O sino da porta toca me despertando dos meus devaneios e vejo Hannah vindo em direção ao balcão com os cabelos enrolados em pequenos pedaços de plástico, provavelmente é algo que ela comprou em algum site da China, ela era linda com os cabelos loiros naturais e olhos azuis faiscantes, tem um corpo de parar o trânsito, era a típica patricinha de filme americano, nunca entendi como nos tornamos melhores amigas sendo que não temos quase nada em comum.

— Lizzie, você não vai acreditar! Acabei de encontrar a Megan saindo do salão e ela está horrível, se eu fosse ela, processava o Valentim — disse, jogando uma enorme sacola de papel em cima do balcão — Seu vestido vai ficar perfeito em você.

— Hannah, eu disse que não precisava — disse, tirando a sacola do balcão antes que Lola visse e me desse mais um sermão.

— Você disse que não tinha nada para usar, então eu resolvi. Vai arrasar, Luke vai ficar louco quando ver você.

— Com certeza — falo com o máximo de animação possível.

— Amiga, você vai para o baile de formatura, não em um enterro. Vai ser hoje? — perguntou, esfregando as mãos e mostrando toda sua empolgação com a minha primeira transa, empolgação que eu deveria ter.

— Oh Mortícia! Deixa de papo e vá repor os cookies! — A voz de áspera de fumante de Lola vem de dentro da cozinha.

— Não sei porque ela faz tantos cookies, ninguém compra e são horríveis — Hannah disse, fazendo uma careta tão engraçada que tive que me segurar para não cair na gargalhada.

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