Capítulo 18:

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Eu podia dizer que estava bem, não estava nem um pouco nervosa ou algo assim, mas na realidade eu estava uma pilha de nervos. Quint tinha notado, pela forma que seu lábio tinha se inclinado pra cima.

— Você está nervosa. — Ela concluiu tirando os olhos do celular.

— Eu? Nunca, Quint. — Revirei os olhos e ela apenas negou com a cabeça, observando as ruas de sua cidade passando sem ao menos piscar.

Claro, eu estava surtando por dentro. Eu ia conhecer o pai, a madrasta e o irmão dela. O irmão de quatro anos dela, eu sei lidar com crianças, passei a vida indo em hospitais pediátricos ou em orfanatos, mas parecia diferente dessa vez. Essa criança de quatro anos era ninguém menos que meu cunhado.

E se aquela criatura não gostar de mim? O que eu faço?

— Pare de pensar tanto, eles são pessoas normais. E quando eu digo pessoas normais são pessoas normais mesmo, não a sua concepção de pessoas normais.

Revirei os olhos com suas palavras e a observei pelo canto do olho.

Quint tinha prendido o cabelo em um coque no alto da cabeça e usava as argolas que ela gostava tanto, além de uma das várias blusas com trocadilhos de geologia que ela parecia colecionar.

Quando chegamos na casa dela, Quint praticamente pulou para o lado de fora do carro, sem ao menos esperar que Andrew abrisse a porta.

— Meu Deus. — Murmurei quando uma lufada do ar quente e abafado do Texas me atingiu com tudo assim que saí do carro. Muito diferente da Escócia, com certeza. Eu estava até com saudade da chuva interminável.

— Qual é, nem está tão quente hoje. — Quint comentou segurando na minha mão.

— Se agora não está tão quente eu nem quero ver a sua concepção de um dia quente. — Falei e ela deu risada, Andrew e Ralph circulavam o terreno da casa, o que era meio estranho, porém fazia parte do protocolo.

Quint subiu as escadas que levavam até a casa correndo e me arrastou junto, batendo na porta animadamente logo depois.

Eu vou vomitar.

— MILLIE! — Uma mulher disse assim que abriu a porta, puxando minha namorada para um abraço antes mesmo que ela pudesse se manifestar.

— Tia Vi! — Quint conseguiu soltar presa no abraço da mais velha.

— Ai meu Deus você está ótima! — Ela disse segurando-a pelos ombros. — Nós temos que conversar, parece até que esqueceu que tem tia!

— Desculpa, tia Vi. — Quint abriu um sorriso amarelo e me puxou para perto pela cintura. — Essa é a Flora, minha namorada. Flo, essa é a minha tia Vi.

— Prazer em te conhecer. — Sorri oferecendo a mão para que ela apertasse. Vi era uma mulher com cabelos cacheados parecidos com os de Quint, e era óbvio de quem minha namorada tinha puxado o gosto por brincos de argola, sua pele era um pouco mais escura que a de Quint e ela me encarou com o cenho franzido.

Pensei que ela não ia apertar a minha mão e Quint soltou a minha cintura, o que me fez a encarar indignada. Nesse milésimo de segundo de distração Vi me puxou para um abraço tão apertado quanto o que tinha dado em Quint.

— Então essa é a famosa Flora! Meu irmão está louco para te conhecer, querida. Disse que a Mills não para de falar sobre você.

— Tia. — Quint murmurou exasperada.

— O quê? É verdade! — Ela finalmente me soltou e eu pude respirar normalmente. — Você só tem que parar de ser tão palmiteira, mas como é a Flora a gente passa pano. — Comentou para Quint que apenas abriu outro sorriso amarelo.

Famous - RocksaltOnde histórias criam vida. Descubra agora