Capítulo 41

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Semanas depois...

Campos Verdes era sempre a mesma de toda vez que eu vinha até aqui.
Parei o carro em frente a porteira que estava aberta tiro o óculos escuro para ler a placa, Triângulo. Vir a esse lugar sempre me causou dor e felicidade na mesma proporção.

Não precisava que ninguém dissesse que isso não era necessário. Eu sabia disso, mas queria colocar um ponto final nessa história. Nessa manhã, quando havia acordado com um imenso alívio depois daquela conversa com Cooper dias atrás.

Depois de uma longa conversa com meus pais, e com minha irmã que ainda estava magoada, ela me mostrou que precisava encontrar-lo. Precisava superar aquilo que passamos e seguir em frente.

Meu objetivo era encontrar Matteo, colocar um fim nessa história e desaparecer do Brasil. Quanto mais tempo eu ficasse , mais difícil. Tudo me fazia lembrar dele. Não eram apenas lembranças ruins. Eram as boas. Numa mistura bagunçada de flashbacks que me tiravam o sono.

Coisas que uma versão minha queria e que não poderia ter. Bom, talvez pudesse, mas o fato de ele ter uma esposa grávida meio que diminuiu as chances.

Sim, Matteo se casou no civil com Ana dias após ela ter conversado comigo. Por outro lado, era óbvio que ele não a amava, mais as pessoas ainda se casam por amor ?

Balanço a cabeça para afastar pensamentos desse tipo, pego a garrafa de água dando um gole e sigo caminho até a casa grande. Dirigir longas distâncias me deixava desidratada.

- Isso era loucura. - Repetia para mim mesma enquanto passava pelos grandes eucaliptos. Eu estava louca. Por outro lado  havia sido por isso que vim para cá.

De longe vi Ana com uma barriga enorme nem parecia que tinha apenas seis meses de gestação, ela sorria enquanto Matteo dizia alguma coisa. Sorri, isso me deu forças descer do carro. Estava confiante e determinada.

- Melinda! - Matteo murmurou quando saí do carro, lá estava ele com olhos em mim. Quase como se soubesse que eu viria.

- Mel - Falou Ana, com um sorriso simpático. Ela parecia satisfeita em me ver, mas havia insegurança naquele olhar.

Meu coração recuperou o ritmo.

- Sullivans! - respondi, quase sem saber como reagir.

- Que bom que veio. - Sua simpatia ainda me causava ânsia, mas com os esclarecimentos passei a ter mais empatia pela gravida que no final das contas tinha cometido erros parecidos com os meus. Amar o homem errados. - Não repara a bagunça estamos em reforma.

- Precisava conversa com seu marido. - Disparei, no tom mais amigável que consegui.

- Ah, bem. Vou deixar vocês a sós. - disse ela retirando-se.

Fiquei sem saber o que dizer. O problema estava bem ali, sentado numa cadeira de balanço com os braços cruzados, eu não havia preparado o que ia dizer. Tinha apenas acordado, e percebido que merecíamos isso. Uma conversa, para que não fique pontas soltas como no passado. Apenas entrei no carro dirigindo por cinco horas até ali.

- Parabéns pelo casamento. - foi o que saiu dos meus lábios. Ele apenas assentiu com uma expressão que parecia ser de remorso talvez.

- Então você dirigiu 300km só para me parabenizar? - Questionou franzindo a testa. - Poderia ter mandado um e-mail.

- Hã... é, eu bom. - que porra eu tô fazendo. - Não, vim porque queria dar um encerramento pra gente.

- Ótimo. Eu detestaria ver você entrar num avião com assuntos inacabados. - A frieza se mistura com a mágoa faz seu tom de voz sair áspero, meus olhos arderem. - A final para a vida perfeita, da mulher perfeita não poderia ter pontas soltas. - Matteo era assim, o rei do sarcasmo.

Lembranças de um verão Where stories live. Discover now