1 - O homem-gigante

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Crocodilos, sim, crocodilos! Ninguém esperava por isso.

Nada supera um homem-gigante feito de crocodilos e outras criaturas vivas. E eu vi. A coisa toda aconteceu no escuro, sob o manto negro da noite. Mas eu vi. Uma estranha fera. Um monstro gigante. Era apavorante e nauseante e... e incrível!

Insanidade, é isso. Isso! Você resumiu bem. Foi isso o que pensei também, quando os vi flutuarem. Os crocodilos. Por muito tempo, não acreditei. Foi... foi um choque. Oh, sim, você me deu uma ótima ideia. Podem me fazer qualquer pergunta, sim! Ficarei feliz em respondê-las!

Como ele pôde? Kurnya. O nosso Feiticeiro. O outrora futuro líder do clã dos Mechas- Claras. Como ele fez isso? Devo ter visto uma vara ou um bastão na mão dele, mas estava escuro demais para ter certeza. De todo o modo, a magia fluiu e ressoou através deste bastão, ou através de seus próprios dedos. Ele estava lutando com um graveto? Não sei. Não importa. Apenas gosto da ideia de sermos salvos por um pedaço de madeira. Mas isso é só uma idealização e não posso garantir que é um fato concreto.

Eu não ouvi direito, mas aparentemente ele dirigiu encantamentos mágicos e conjuros a um besouro que estava sobre uma pequena rocha. Palavras faladas, sussurradas em segredo, quase incompreensíveis. Fiquei impressionado. Logo em seguida, vieram crocodilos, cobras, aranhas, sapos, escorpiões, lagartos, mariposas... Uniram-se ainda mosquitos e morcegos. E vaga-lumes!

Vaga-lumes, sim, vaga-lumes! Essas criaturas ouviram o chamado do mestre, se agruparam à nossa frente e... e subiram. Elevaram-se.

Eles voavam. Todos. Voavam. E passaram a formar aquela... aquela massa. Aquele monstro de perfil humano. Aquele grandalhão. "Alguém está muito bravo", foi o que pensei naquele momento.

Um imenso perfil de homem. Colossal. Era diferente de tudo o que eu já vi. E agora, isso é diferente de tudo o que vocês já ouviram. Não é?

Se essas cobras e ratos e corvos eram de verdade? Todos!

Não. Não havia cola. Não havia cola entre eles. Mas estavam unidos. Pareciam fixos, formando um todo. Todos pertos. Todos juntos. Assim, assim... Assim. Quase tive a impressão de que havia uma rede muito fina ao redor das criaturas, tecida magicamente.

E havia aves e libélulas também. As aves voavam e as cobras deslizavam no ar, entre elas. Todos juntos. Suas diferentes partes de distorciam, pareciam membros gigantes com patas, que se moviam de uma maneira tão espetacular que era difícil acreditar. Aquela coisa incorporou tudo que era vida animal da região de conflito. Onde estavam todos aqueles animais? Escondidos embaixo das pedras e grãos de areia daquele vale? E vinham cada vez mais e mais insetos. Nunca vi nada assim. Era caótico. Assustador.

Continuem assim, não percam o ceticismo. "Isso está ficando cada vez mais estranho", foi o que eu pensei também. "Ninguém nunca vai acreditar nisso." Todos nós estávamos impressionados com uma coisa que nunca vimos. Que nunca ninguém viu. Uma fera colossal da natureza. Forte. Única. Marcante. Não sentia. Não pensava. E logo que esta primeira se formou, veio a segunda... Pra confrontá-la...

Vejo mais pessoas aparecendo. Venham, aproxime-se. Por favor, tomem assento. Bem-vindos ao relato do meu pesadelo. Real. Meu nome é Oguer, o Cara-Furada, dos Mechas-Claras. Podem me chamar do que quiserem, na minha idade já não me importo mais. Algum problema? Vocês dão risada. Mas tudo bem. Vocês não viram o que eu vi.

Que as chamas desta fogueira me queimem se não for verdade!

Deva Sopra CrocodilosWhere stories live. Discover now