V

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Uma decoração típica de cerimônias de casamentos atribuíam um ar austero à igreja. Um tapete ocupava a extensão do corredor e arranjos de flores estavam fixos nos bancos. As pesadas portas da igreja estavam abertas e a música do órgão preenchia o ambiente enquanto as pessoas chegavam.

Stephen e os padrinhos já estavam posicionados no altar, sussurrando entre si em vários momentos.

Em um dos últimos bancos da igreja, Miranda e Andrea estavam sentadas lado a lado, trocando confidências de maneira muito intimista.

— É por isso que as pessoas fazem tanto alarde? — Disse Miranda, com um bico torto de desdém.

— Você nunca foi a um casamento assim antes?

— Sim, é claro. Mas não consigo ver o motivo para tanta euforia. É apenas uma festa entediante e cara, em que a noiva precisa se arrumar muito elegantemente e sorrir para os convidados até as bochechas doerem. Eu já faço isso em todas as festas que sou anfitriã, não preciso me casar para ter essa experiência.

— Eu acho que é diferente. — Disse Andrea. — Quando criança, nós somos cercadas por todos esses contos de fadas e histórias de princesas que foram salvas por um príncipe e acabaram felizes porque se casaram. Crescemos com esse tipo de fantasia sobre ser o centro das atenções como as noivas são, a tiara brilhante, o vestido grande de princesa e todas as bobagens sobre a magia do casamento e o felizes para sempre.

— Então você concorda comigo que tudo isso é uma grande bobagem? Por que assinar um papel tem que ser transformado em uma grande coisa? É muito mais interessante fazer uma viagem a dois para algum lugar novo.

— Eu concordo, é claro. Não quer dizer que eu não me sinta atraída por viver essa experiência. Tenho consciência da raiz desse desejo, ainda assim, não me oporia em celebrar meu amor por alguém realmente importante para mim.

Elas ficaram olhando uma para a outra em silêncio. Miranda parecia intrigada e estranhamente interessada nas coisas que ela tinha a dizer. Era como se Andrea despertasse nela sentimentos que ela não conhecia e não compreendia bem o significado, como um idioma que ela não entende.

Sentiu o celular vibrar na bolsa de mão e pegou-o para conferir, finalmente cortando o contato visual com a jovem. Assim que viu o aparelho, um leve sorriso dançou em seus lábios.

— São as meninas. — Revelou. E para o bem da curiosidade de Andrea, ela inclinou o celular para mostrá-la.

Tratava-se de uma foto em que as gêmeas faziam uma careta divertida para a mãe.

— Elas estão cada vez mais parecidas com você. — Disse Andrea, com um sorriso contemplativo.

— Elas se parecem um pouco com o pai também.

— Acho que nunca o vi. Não saberia dizer.

— Espere um minuto. — Miranda mexeu por um instante no celular e depois mostrou a ela uma foto das filhas em que o pai estava junto. — Este é ele.

— Você foi casada com esse homem? E como você terminou ficando com o Stephen? — Andrea soltou, esquecendo suas reservas. Miranda a encarou com as sobrancelhas arqueadas e ela se deu conta de que talvez tenha se excedido. — Desculpe.

— Tudo bem. — Miranda sorriu. — Aparência não costuma ser um parâmetro para mim.

— Isso quer dizer que tenho chances? — disse em tom de brincadeira. Miranda riu brilhantemente.

— Quando Stephen e eu começamos, ele não era tão ruim, na verdade, ele era uma pessoa completamente diferente. Eles sempre são no começo. Mas só conhecemos alguém realmente no fim. É quando nos deparamos com o pior lado da pessoa com quem compartilhamos nossos segredos, nossa intimidade, nossa vida.

Muito Bem Acompanhada (Mirandy)Where stories live. Discover now