Encontrei-me nos teus olhos

4 capítulo: Continuas a ser a minha pessoa preferida

Aqui vai o quarto capítulo da história! Não se esqueçam de votar e passar o vosso feedback :) Espero que gostem bjs. <3

Conto-lhe do acidente e dos meses que o sucederam. Conto-lhe acerca da noite em que tudo mudou.
Quando acabo sei que tenho os olhos em água, mas não sou a única.
Sinto-me instantaneamente culpada pela dor que vejo estampada nos olhos de Isa. A que eu sinto é suficiente pelas duas, não há necessidade de a fazer sofrer também.

-Oh Daph... porquê que não disseste nada antes? Pelo menos assim terias evitado o tira ao alvo que pratiquei com uma foto tua quando simplesmente deixaste de me responder. Pensei que tivesses arranjado um namorado ou assim. Ugh. Agora estou muito mais descansada.

Tem a face molhada, mas não se apressa a limpar as lágrimas. Isa nunca precisou de esconder nada de mim e não começaria agora.
A sua tentativa de me fazer rir rouba-me um sorriso e aquece-me o coração. Sempre foi assim. Não interessa se neva lá fora, quando estou perto de Isa volto aos dias quentes de verão passados a roubar gelado do café dos meus pais. Parece que foi à uma eternidade. Nessa altura o mundo ainda era simples e eu feliz.
Como tanto mudou em tão pouco tempo...

Já não estamos na praça. A meio da conversa procuramos um lugar mais calmo e reservado onde pudéssemos estar livres de olhos curiosos de quem passa nas ruas. Cidades pequenas têm disto. Pessoas demasiado abelhudas e metediças, tão enfadadas pela própria vida que procuram entretenimento na das outras.
O único refugio a salvo de toda esta atenção indesejada fica no parque onde passei toda a minha infância.
O frio não afasta as crianças que brincam perto do rio nem os idosos que alimentam os patos. O vento não faz desaparecer a imagem de sorrisos nem o som das vozes. São destas pequenas coisas que tenho mais saudades. Do sentimento de calma e paz. Da vista para um rio que parece não ter fim.
Mas ele tem, lembro-me. Tudo tem um fim. Quer o consigas ver à distância ou não o vejas de todo a chegar.

O meu lugar preferido sempre foi uma pequena encosta mais a leste do centro do parque.
Ainda me lembro de todas as vezes que, sozinha ou acompanhada, me sentei nesta pequena elevação e sonhei que estava no topo do mundo. Quando és pequena tudo parece maior, mais brilhante, mais desejável e mágico. Quando cresces, percebes que afinal o mundo não é grande, o mundo é enorme. Mas não te sentes esperançosa nem rodeada por magia, pelo contrário, sentes que se desaparecesses ninguém daria pela tua falta. E porque haveriam eles? No meio desta imensidão de gente o que te torna especial? O que te torna digna de recordar? Absolutamente nada.

-Já chega de assuntos tristes! Não te vejo há anos e esta é a primeira conversa quem temos? Inaceitável. O que andaste a fazer? Quatro anos é muito tempo, mereço pelo menos um resumo dos melhores momentos. Quanto mais embaraçosos melhor, não te poupes nesses que eu adoro.

Limpo as lágrimas e dou-lhe um pequeno empurrão. Preciso desesperadamente de alterar o rumo desta conversa ou temo não conseguir parar a água que desde pela minha cara. Tenho tanta coisa que lhe quero perguntar.

Como estão os teus pais e a pequena Bélen?
Onde estás a ficar?
Voltaste para o teu apartamento antigo?
Diz-me que já ultrapassaste a tua obsessão nada saudável pelos "One Direction"? Não, a sério, era assustador.
Tiveste saudades minhas?
Porque eu tive imensas saudades tuas.

Esta vinga-se do meu empurrão atingindo-me com o cotovelo. Depois deita-se de barriga para cima e estuda o céu de fim de tarde.
Eu faço o mesmo.

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Horas mais tarde continuamos no parque, envolvidas na maior conversa que tive em meses. Não, em anos.

-Não acredito! Tu entraste? Tipo, entraste entraste?
-Sim eu entrei entrei. Não pareças tão surpreendida, estás a ofender o meu orgulho. Sempre disseste que adoravas os meus textos.
-E nunca menti a esse respeito, mas tu nunca os mostravas a ninguém! Era preciso subornar-te com comida para ter acesso ao teu trabalho, sempre pensei que os levarias contigo para a cova antes de deixares o mundo ver o teu talento.