Episódio 03

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Ao andar pelas as ruas da cidade, reparou nos olhares dos homens a sua direção. Eram olhares que adentravam dentro de si. Sentia-se incomodado. Discretamente olhava para si, mas, mesmo assim, não enxergou o que era.

Decidiu por ignorar os olhares vindos em sua direção e assim foi até a loja. Chegando, a mesma vendedora que o atendeu, na hora o reconheceu.

― Sabia que seria você! Parabéns! ― o abraçou deixando-o meio desconcertado. ― Ah, deixei o seu kit separado! Vem cá. ― o puxou até o balcão e deu a caixa já fechada e embrulhada num papel presente com estampa de rosas vermelhas. Encarou-a por alguns segundos. Pareceu estar num transe.

― Podemos tirar foto com você e a caixa? ― a mesma vendedora o perguntou.

― Si... Sim.

*****

Voltando para sua casa, Gabriel tem uma ingrata e assustadora surpresa.

O jovem estava voltando para sua casa, quando, de repente, é surpreendido por Hugo, seu ex-namorado, o puxa para dentro de uma viela sem saída e tampa sua boca, imobilizando-o com seu corpo contra a parede.

― Por favor... só me dê uma chance. Tô mó excitado em você... ― beijou seu pescoço, mordiscou a orelha dele. O jovem tentou a todo custo desvencilhar-se dele, porém, foi falho. ―... Me perdoa. Não queria falar aquilo. Eu penso o tempo todo em você. Fica comigo. ― sua mão direita apertava as nádegas, enquanto a outra apertava a coxa esquerda.

Gabriel sentiu-se sujo, desprotegido. Rezava a todos os santos para lhe salvar.

Hugo foi arrastando-o para os fundos da viela, onde tinha uma porta aberta.

Ele o empurrou para lá, fazendo o jovem cair sobre um sofá velho. Ao tentar fugir, sentiu um tapa desferido contra seu rosto e jogado novamente contra o sofá.

Encarou Hugo que estava tirando a cinta, arriando suas calças, quando, de repente, uma bengala o acerta na cabeça.

O homem caiu ao chão desmaiado.

Gabriel encarou de onde veio o que o salvou. Logo espantou-se, se apavorou e tentou fugir. Mas, o homem conseguiu segurá-lo. Era o mesmo que o acompanhou até a entrada do terreiro. Era Zé Pilintra.

― Eu nunca vou deixa-la só, Carmem. ― falou enquanto encarava-o nos olhos.

O jovem sentiu-se atraído por aquele malandro numa intensidade nunca antes vista.

Sentia-se vivo, protegido e atraído por aquela intensidade masculina que emanava por cada poro em seus músculos rijos. Pelo o seu sorriso magnético, misterioso, sedutor. Pela a voz grossa e, também, pelo o cortejo.

― Nunca mais, seu Zé. ― o jovem parecia estar incorporado. Até o tom de voz medroso desapareceu, dando lugar a uma mulher de personalidade forte, decidida e sensual.

Os olhos castanhos de cada um encararam-se por segundos. O homem acariciou seu rosto, logo depois, ele deu um beijo cálido em sua testa.

― Se cuide, Carmem. Estarei presente. Porque Seu Zé sempre será o seu "mestre-sala das madrugadas" (1). ― enquanto ele ouvia aquilo, fechou os olhos, e, ao abri-los novamente, Seu Zé havia desaparecido.

Pegou sua caixa e fugiu dali o mais rápido possível.

A volta para sua casa foi com pressa e ele preferiu não encarar ninguém, nem mesmo reparar se os homens o olhavam "diferente". Só queria sua casa, sua cama e sua vida "voltando ao normal". Chegando lá, entrou rapidamente e correu para seu quarto. Trancou-se lá dentro e foi logo tomar um banho.

CarmemWhere stories live. Discover now