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Era um fim de tarde com um clima suave na fazenda Cavalcanti. O lugar estava devidamente organizado para comemorar o aniversário de Miguel. Enfim, completaria seus 32 anos e seu melhor presente para aquele tempo era ter Maria.

Havia se passado um mês desde aquela conversa no casamento de Bento e os dois começaram a compartilhar mais da vida um do outro. Poderia se dizer que os pais de Maria ficaram um tanto surpresos com a conversa sobre o interesse de um pelo outro, mas não se opuseram, antes ficaram felizes pela filha. Joaquim demonstrou seu breve ciúme pela irmã, mas assim que viu como o cunhado poderia lhe dar um vídeo-game super tecnológico deu seu "aval". Antônio e Laura, pais de Miguel, no início não quiseram aprovar, pois ainda carregavam consigo aquela ideia antiga de se ter uma pessoa para ser boa nos negócios. Porém, depois de entenderem o real valor das coisas para o filho, e isso depois de longas conversas, deram sua benção. Nem se pode descrever a alegria de Linda ao saber que Maria estava num relacionamento com seu irmão. Era a realização de um sonho. Ela afirmou, com todas as letras, que seriam como irmãs e assim era. 

Não se poderia negar que as meninas do batalhão se espantaram ao saber da notícia de Maria e Miguel juntos, contudo, logo reconheceram que isso era o melhor para os dois. Marta ficou muito feliz apesar de admitir que tinha esperança dela com o sobrinho. Vicente parabenizou o casal e desejou imensas alegrias para Maria, afirmando que sempre soube que o coração dela estava com outro homem. Ele nunca teve pretensões românticas. Maria ficou muito grata e sabia o quanto tinha sido abençoada por Deus através da vida de Vicente. Miguel tratava o ciúmes a respeito dele, confiando sempre na fidelidade de sua amada.

Naquela noite, Maria se encontrava na cozinha junto com a empregada terminando de preparar uns doces. Ela vestia um macacão e seu cabelo estava ondulado e bastante bonito aos olhos de Miguel, que de braços cruzados a contemplava de longe. Havia mesmo uma beleza que só o amor podia fazer ressaltar nos olhos de alguém.

— Acho que finalizamos isso aqui — Maria disse para a mulher, que assentiu e retirou a forma com docinhos.

Maria esticava as costas e os braços quando foi abraçada por trás por Miguel.

— Eu acho que você trabalha demais — ele alegou perto do ouvido dela.

— Eu gosto de ser ativa. — Ela sorriu e recebeu um beijo nas bochechas.

— Vamos sair daqui um pouco? — Miguel a convidou e Maria assentiu. Ela limpou as mãos e partiram de mãos dadas até a varanda da fazenda e se sentaram no sofá que ficava do lado de fora.

— Daqui a pouco os convidados chegam. — Ela lembrou. — Temos que nos arrumar.

— Ainda temos um pouco de tempo. — Miguel sorriu e olhou para ela. — Eu amo você, sabia? Amo mais que todos aqui, só não mais que o Senhor.

Maria sentiu o rosto criar um rubor. Ela não podia negar que Miguel era um homem reservado, mas com ela sempre muito carinhoso, fazendo sempre questão de demonstrar os seus sentimentos. Aquela intimidade que só ambos tinham e compartilhavam, que ainda assim, às vezes, parecia ser tudo um sonho.

— Ainda bem, porque se você me amasse mais do que a Deus não seria bom. Já que é por causa dEle que podemos fazer isso dar certo. — Ela o abraçou de lado. Maria olhou o horizonte e lembrou do dia do encontro dos dois. — Quem diria que você jogar água em mim na rua daria nisso que estamos vivendo agora. O Senhor as vezes tem umas maneiras meio esquisitas de contar uma história de amor.

— Ah! Se fosse muito tradicional não teria graça. A beleza está no sofrer, no sentir os pés sangrarem no caminho e em se perder para depois se encontrar — Miguel declarou e Maria o olhou com o cenho franzido, o que o fez rir. — De certa forma, foi assim mesmo. Porém, o sabor da alegria final parece que tem mais gosto.

Tudo Outra VezWhere stories live. Discover now