6. A FLORESTA AZUL E OLHOS DE VIDRO

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Nas entranhas daquela floresta a atmosfera era completamente distinta do lado de fora. Tudo parecia mais vivo, com pequenos insetos e animais perambulando entre a vegetação, destacando sua presença com melodias e sons diversos; a escuridão mórbida da noite e em Amphibia não afetava aquele lugar iluminado por luzes fluorescentes em tons de azuis e roxos vindo de fungos e plantas.

As garotas caminhavam naquele solo azulado e árvores tortas, Sasha ia na frente enquanto Anne era a retaguarda, ambas com espadas em mãos e atentas, mas aquele lugar definitivamente causou interesse em ambas.

— Nossa, isso parece até conto de fadas — indagou Anne, que segurava sua arma com dificuldade na mão esquerda.

— Amphibia tá parecendo tanto com a Terra que ver algo assim é surpreendente. — Sasha soltou baixas risadas enquanto abria o caminho lentamente.

— Sasha’s críticas cirúrgicas.

— Depois de conviver tanto com o Grimmer, reclamar da sociedade ficou normal.

— Pelo menos não teve que aprender sobre legumes — Anne sorriu — , mas sabia que brócolis tem mais proteínas que um bife?

— Ok ok garota da fazenda, depois faço um jantar com bastante brócolis pra nós duas — respondeu Sasha com certo sarcasmo.

— Aham, claro que vai…

Elas foram progredindo apenas pela intuição, visto que o rastro de óleo havia se desfeito, e o pouco que havia era quase invisível na luz azul do local. Vez ou outra paravam quando viam algum animal interessante ou cogumelos diferentes, porém nenhum parecia o cogumelo do crepúsculo.

Minutos e minutos se passaram, e nada de diferente aparecia, o que começou a frustrar as meninas.

— Estamos indo muito fundo, podemos nos perder — observou Sasha, parando e se sentando numa pedra. — Que saco! Aquele sapo era muito sortudo por ter achado os cogumelos de primeira.

— Tava fácil demais pra ser verdade… — Anne suspirou e deu um chute numa pedrinha, que acabou fazendo um som de vidro rachando. — Eita!

Anne se agachou, e quando pegou a suposta pedra, viu que na verdade era um componente robótico.

— Sasha, parece que estamos no caminho certo!

— O pé abençoado esse seu…

A outra se levantou e começou a fuçar por todo o chão, pedra sobre pedra, e arbusto sobre arbusto em busca de alguma outra dica, Anne fez o mesmo. Pecinhas foram achadas em todo canto, só que nada de avanço, estavam todas reunidas dentro daquela área.

— Beleza né, ele evaporou… — reclamou Anne, que se virou para Sasha a qual havia se enfiado em meio ao mato. — Achou algo?

— Shii. — Respondeu a outra.

— “Shii” o que? Endoidou?

— Shiiii… — se intensificou.

— Não faz “shi” pra mim não… — Anne que ia se aproximando, mas foi puxada por sua amiga. — O que você?!... Ah…

E lá ela pode ver: numa clareira iluminada pela lua, uma pequena casa era cercada pela floresta, uma casa pequena com um estranho formato de sapato, de duas portas - uma maior no que seria o cano do sapato e outra menor na ponta -, com paredes de barro batido coberto pelas mais diversas folhagens, revelando janelas de madeira em alguns pontos; ao redor de toda fundação existia um jardim de cogumelos verdes e azuis.

O que mais chamou a atenção das garotas foi o caminho de peças no chão, que levava até até a porta maior, a qual estava semi aberta.

— Não vou fazer esse trocadilho, a vida é incrível… — disse Sasha baixinho segurando o riso.

CRÔNICAS DA REVOLUÇÃOWhere stories live. Discover now